Meditações |
Qua, 30 de Junho de 2010 21:00 |
O Eclesiástico, falando da relação do Senhor Deus com Moisés, diz assim: “Na fidelidade e doçura ele o santificou, Escolheu-o entre todos os viventes; Fez-lhe ouvir a sua voz E o introduziu nas trevas” (Eclo 45,4-5). Estranha e bela, estas palavras... Elas exprimem muito bem o modo de agir de Deus com os seus amigos, com os místicos de todos os tempos... Por um lado, o Senhor educa seus amigos; vai, pouco a pouco, conduzindo-os com fidelidade e doçura, atraindo-os a si, santificando-os (isto é, fazendo-os entrar na sua vida bendita, na sua santidade bem-aventurada). Interiormente, de modos inexplicáveis, o Senhor vai falando aos seus, vai educando-os, vai entabulando com eles um verdadeiro diálogo de amizade e amor... Mas, por outro lado, vai introduzindo-os nas trevas. Isto mesmo! Quando mais Deus se aproxima de alguém, mas faz o fiel perceber o quanto Ele está para além de tudo, o quanto não pode ser abarcado, compreendido, domesticado! E, então, cresce a saudade medonha daquele que foi conquistado pelos carinhos do Senhor e, por outro lado, aumenta mais e mais a consciência da distância: Deus é Grande demais, Santo demais, Incompreensível demais, Luminoso demais para caber nas nossas pobres medidas! Que resta ao fiel? Abandonar-se, entregar-se, com total pobreza interior, com doce confiança naquele misterioso Amigo que se revela escondendo-se. Ele é uma Luz tão intensa que nos cega! Por isso dizia São João da Cruz: “Deus, para nós, nesta vida, é nem mais nem menos que noite escura!” De noite, mesmo de noite, não nos cansemos de buscar a Fonte! Deixemo-nos guiar por nossa sede, como a corça que procura o riacho... Que assim nossa alma procure o Senhor! Ó Senhor, preenche meu desejo com tua luz, tua doçura e tua paz! Recolhe em ti todas as minhas sedes! Dom Henrique |
Não somos absolutamente de perder o ânimo para nossa ruína; somos de manter a fé para nossa salvação!” (Hb 10, 36-39).
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