OS REPRESENTANTES DA CORRUPÇÃO
É triste escrever um artigo com este título, mas não seria verdade se não fosse assim. É desse modo que estamos vendo o centro do poder em Brasília. É lá que estão concentrados os representantes legais da corrupção do país. O resto são apenas reflexos externos do que acontece nas sombras dos gabinetes palacianos de Brasília.
É com vergonha e tristeza que eu, como cidadão brasileiro, escrevo um artigo como este. Bem que eu queria expressar minhas ideias somente com realidades dignas de aplausos para o Brasil, mas isto ainda não é possível e de acordo com o que estamos vendo todos os dias é bem provável que ainda demore bastante.
É doído para o trabalhador que labuta todos os dias para poder sustentar sua família, dá duro para construir uma nação, tenta ser correto para não contrariar as leis do país e por outro lado ver um bando de sangue sugas destruindo os sonhos de um povo que acredita que dias melhores possam surgir. Como é que você acha que se sente um trabalhador honesto diante de todos estes desmandos cometidos exatamente por quem deveria preservar os bens da nação? Bens estes que não são poucos. Somos hoje a sexta economia do mundo, mas estamos entre os primeiros em corrupção, pobreza, analfabetismo, miséria... Pior de tudo é saber que, de fato, poderíamos ser um país decente se tivéssemos representantes decentes. Pelo contrário, temos vergonha, repúdio e desprezo pelos nossos políticos. A maioria deles bem que poderia ser chamados de lixo da sociedade, pois o que eles fazem à surdina da noite é sujo, nojento...
Vejo tudo isso como uma afronta aos mais de 190 milhões de brasileiros que com seu trabalho e suor tem inchado os cofres públicos de recursos e que ao mesmo tempo ver seus esforços indo parar nas contas dos ladrões chamados de representantes do povo. Para ser mais claro, todos esses recursos sendo bem aplicados, em bem pouco tempo nos colocaria entre os primeiros países do mundo, no que diz respeito a riqueza e bem estar social do povo.
Mas, mesmo assim, ainda cremos em dias melhores. Do contrario, estaríamos dando todas as cartas para que estes infelizes e criminosos nos destruam por completo.
Mas, saibam eles, estaremos nós, em qualquer lugar, fazendo nossa parte e, mais cedo ou mais tarde havemos de ver o castigo sendo aplicado a estes malditos que se dizem nossos representantes.
Professor Valdeni Cruz
Mais uma pérola de nossa Câmara de vereadores de Pentecoste
Os Vereadores de Pentecoste mais uma vez tentam fazer as coisas na surdina da noite. Como todos sabem, no passado foram feitas algumas reuniões para se reformular a Nova Lei Orgânica do Município de pentecoste, visto a que está em vigor, já tem mais de 20 anos. E, como todos sabem, foram feitas diversas intervenções por parte da sociedade civil que, juntamente com sindicatos e advogados, tentaram melhorar ou retirar os artigos, que de cara, retirariam os direitos adquiridos pelos servidores ao longo dos anos. Tendo sido discutidos pontos polêmicos da lei, ficou para se mostrar uma nova proposta para a sociedade por parte do executivo. Para tanto, depois dessas discussões, é do conhecimento de todos que nunca mais se havia falado nessa lei. De repente, hoje, numa sessão da Câmara, foi apresentado o projeto onde, segundo a Vereadora Dr. Valéria, recebeu um telefonema do Presidente da Câmara, dizendo que não haveria sessão. Para surpresa da vereadora, não só houve, como votaram uma lei que cria o conselho anti-drogas, embora o projeto não tenha sido discutido na Câmara. Mas o pior, foi apresentado na Câmara, sem o conhecimento de ninguém, Projeto que modifica a Lei Orgânica. É muita safadeza de um povo desse. É querer fazer hora com o povo; fazer o povo de besta, como que dizendo: vamos fazer o que nós quisermos, só para mostrar quem é que manda.
Gente isso é uma falta de respeito no mais alto grau. O que havia ficado combinado com os representantes da sociedade era que, após haverem feito as modificações, se marcaria uma Audiência Pública para que todos pudessem tomar conhecimento de como tinha ficado a Nova Lei. E olha só o que fazem. Gente isso é maldade para com o povo. Não há outra forma de expressar nossos sentimentos. Primeiro em relação ao executivo, que desrespeita as instituições que representa o povo. A gente sabe que isso é o que sempre fazem, mas achávamos que pelo fato de haver ocorrido todo aquele processo de discussões em torno do projeto, levassem em consideração. Não. Nada é respeitado nesse município. Por outro lado, é o papel vergonhoso de nossos parlamentares. Estes que só tem o nome de representantes do povo, pois na realidade defende ao executivo. Estes, mesmo antes, nem sabia do que se tratava Uma Lei Orgânica. Se não fosse a posição das instituições e da sociedade, eles teriam votado a Lei naquela época lascando os trabalhadores num monte de artigos, prejudicando aqueles que trabalham a vida toda por este município.
Falo com sinceridade: é muita desprezo pelo povo. É muita raiva por estes que os colocou a todos no poder. Será que o povo merece é isso? Será que os nossos representantes sentem prazer em massacrar a sociedade? Não pensem os leitores que estou aqui ferido por algum motivo pessoal. Nada disso. Estou aqui é envergonhado por atitudes como estas que em nada engrandece esta cidade tão querida. Terra de milhares de pessoas que dão duro para adquirirem o necessário à sua sobrevivência.
Particularmente, fico indignado com a posição de nossa classe política, que em vez de estarem promovendo o bem ao povo, por meio de seus mandatos, tentam descaradamente destruir os sonhos de trabalhadores e trabalhadoras.
Assuntos como Concurso Público, o Pagamento do quinquênio, que são direitos dos servidores e que foram retirados, não fazem parte das discussões dos parlamentares. Isso sim, deveria acalorar os debates da Câmara. Outro assunto de alta relevância, que deveriam esquentar os debates de nossa Câmara de vereadores, deveria ser a transparência dos gastos de todos os recursos que entram no nosso município. Nada. Este tipo de assunto não faz parte; não entra em pauta. O que faz parte é um ou outro vereador que sobe na tribuna para tentar defender o que não há defesa. Como por exemplo, tentar justificar contas desaprovadas pelo TCM, justificar os gastos astronômicos com transportes para parlamentares da Câmara... O que é que o povo tira de proveito de discussões como essas? Me respondam os mais críticos e céticos. Eu estou certo ou estou errado? Gente eu queria que alguém pudesse discordar disso. Acho difícil, pois é o que acompanhamos durante esses anos todos.
É difícil. A mudança pode está ocorrendo mais muito lenta. Parece que todos continuam cegos e incapazes de promover a mudança. Parece que somos anestesiados diante da realidade. Que é isso?
Foto: Valdeni Cruz. Ocasião em que houve a audiência sobre a Lei Orgânica |
Professor Valdeni Cruz
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Orliene Almeida
As vezes eu falo para meu filho ter uma visão de futuro, uma visão de comunhão e não só o futuro dele, mas depois dessa , que futuro é esse ? O futuro da mesmice? Onde uma Câmera que representa o povo , com pessoas que nós cofiamos em nos representar e quando chegam no poder esquecem do povo e só pensam neles.Senhores vereadores 4 anos no instate passa, e o futuro dos seus filhos e dos seus netos? São só 4 anos? O que vocês vão falar pra eles? Olhe meus filhos estão vendo a Educação do nosso município como é péssima, foi o papai que quis assim!... Chega. Eu estou sabendo disso tudo porque tenho um computador e quem não tem? como a maioria? Isso precisa ser divulgado nas rádios, nas escolas, nas comunidades principalmente. É só através da conscientização é que um dia o povo vai despertar. Minha indignação Senhores vereadores.
Francisco Eduardo Silva Está na hora do povo da a resposta, os atuais parlamentares de Pentecoste , excertos alguns poucos merecem uma nova oportunidade. Apesar de pouco tempo que estou morando em Pentecoste , cada dia me decepciono com o poder legislativo de nossa cidade. Este ano teremos a oportunidade de efetuar alguma mudança, depende somente do povo.
Artigo sobre a política em 2012
Eleições em 2012
Estamos no ano de 2012 quando em todo país teremos eleições para eleger novos prefeitos e novos vereadores. Como todos sabem em ano de política e, principalmente em eleições municipais, parece que o clima da cidade muda. Aqueles que estão no poder querem continuar nele ou em volta. Não precisa ser muito inteligente para saber os motivos. A política de nosso país é uma política voltada para interesses de grupos e de oligarquias. A todo um jogo de interesse desses grupos que se perpetuam e ai tem dado um trabalho danado mudar realidades como estas para se trabalhar uma política saudável onde reine o interesse do bem comum. Ora, bem comum? O que é isso? A maioria dos políticos que se lançam a cargos eletivos para vereadores ou para prefeitos em nossos municípios cearenses, não tem ou quase não tem nenhum estudo. O que esperar de alguém que não estudou ou se preparou para algo tão nobre como é o cargo de vereador ou de prefeito? Este, por sua vez, deveria ter um alto grau de qualificação para poder exercer bem o seu mandato que é o de representar bem o povo. Mas não é o que acontece. O que podemos perceber desde sempre são pessoas voltadas à politicagem barata, onde reina os interesses pessoais, a barganha, a maldita compra de votos... É algo tão nojento que aqueles que poderiam fazer a diferença, porque são pessoas dignas para tal, sentem nojo da sujeira que reina nesse meio. Existem aqueles que não têm a menor capacidade ética e moral para estar nesse meio político, mas está lá para corromper os que a eles se aliam. Pior, existe o jogo sujo das trocas, dos favorecimentos. Essas características vão minando o verdadeiro sentido da política que é a transformar uma cidade fracassada numa cidade que ofereça capacidade de crescimento para os seus cidadãos. Sendo assim o povo fica acostumado e viciado a sempre querer vender o seu voto. Isso acontece, entre tantos outros motivos, pela cultura do povo que já está acostumado com esta parte mesquinha da política herdada desde antigamente e por outro lado que existe mesmo quem compre os votos. Oferecem desde uma promessa de emprego a objetos como cimento, caixa de remédio, consultas e tantas outras supostas bondades. Deste modo o verdadeiro significado da política vai pros ares e a oportunidade de se fazer algo que de fato mude a vida do povo continua em segundo plano.
Existe outro fato muito curioso que é as pendências que aquele que se candidata tem para com os que custeiam suas campanhas. São os empresários que investem seu dinheiro com as despesas de campanha, que para sermos bem sinceros, a maior parte do dinheiro é para compra de votos, pois segundo o pensamento que reina entre a maioria, quem não tem muito dinheiro não ganha eleição. Este dinheiro investido tem seu preço e será cobrado logo após o político assuma o cargo. Quando este assume terá a obrigação de corresponder com a promessa que fez que é montar um esquema de falcatruas para pagar as dívidas contraídas durante a campanha. É um verdadeiro saco de gato. Na verdade tudo isso é crime, mas quem vai poder provar? Quando sabemos destas sacanagens entendemos direitinho porque que há tanto interesse em pleitear cargos eletivos. Muitos vendem a casa, fazem empréstimos altos para se candidatarem a vereador. Se vereador ganha tão pouco o que justificaria gastar tanto dinheiro, se às vezes o que vai ganhar durante todo mandato não cobrira as despesas que teve com a campanha? É ai que está à safadeza. Fazem pensando em se apoderar do dinheiro público, através do jogo sujo entre o poder executivo e legislativo. Há também as chamadas notas frias, fraudes em licitações, super faturamento e outros tantos meios ilegais para se desviar o dinheiro destinado ao bem da população que o elegeu. Viu como tem coisa suja pelo meio? Pois é e olhe que isso é apenas o começo da lista das inúmeras formas desses desgraçados torrarem o dinheiro público.
Sabendo de situações como estas é que precisamos ter mais consciência. Mudar nosso perfil de eleitor. Não nos deixar levar por esta patifaria bem em frente aos nossos olhos. Precisamos nos dar valor e nos dar valor é não vender o voto, como muitos acham que devem realmente fazer, pois segundo estas pessoas são quando se sentem valorizados. Dar-se valor é entender que estes que compram voto têm como intenção apoderar-se do que é seu, principalmente de sua consciência. Quando isso acontece sai rindo de você e debochando daqueles que tem honra e caráter. Mude sua postura e dê um basta nesta sina tão maldita que nos acompanha desde sempre. Isto é possível desde que você não aceite mais estes insultos a democracia e a cidadania.
Não sei se escrever um assunto como este influencia em alguma coisa, mas estamos tentando. Quem sabe numa hora dessas não haja um verdadeiro despertar de consciências. Tudo é possível, só é preciso querermos...
Professor Valdeni Cruz
ALIENAÇÃO POLÍTICA
Inez Geralda da Silva
Aborda a questão da alienação política como prática, principalmente na sociedade brasileira, voltada ao consumismo, ao futebol, ao carnaval e à despreocupação com relação aos problemas sociais, que flagelam a nossa nação.
No presente trabalho procuraremos abordar a questão da alienação política como prática, principalmente na sociedade brasileira, voltada ao consumismo, ao futebol, ao carnaval e à despreocupação com relação aos problemas sociais, que flagelam a nossa nação. Resgataremos os pensamentos dos filósofos Platão, Aristóteles, Jean-Jacques Rousseau e Karl Marx sobre o referido tema, procurando fazer analogias dos ideais pregados por estes, situando-os com o comportamento da população brasileira.
Apontaremos a concepção de cidadania e sua interação com a política, mostrando a importância da participação popular nos rumos da democracia. A alienação como um fenômeno nos leva à não percepção dos acontecimentos, nos quais estamos inseridos. A superação deste estado depende da aceitação desta condição e conseqüentemente, da vontade de sair e mudar, sendo sujeito da situação, respondendo, assim, pelas ações referentes à sociedade, ao meio no qual estamos inseridos, nos sentindo parte integrante e de grande responsabilidade no processo político.
A mudança do estado alienante para o de participação responsável, ativa e consciente dá-se na coletividade e na educação voltada a atender a estes anseios. Trata-se de um processo longo, mas de grande valia, se realmente queremos uma sociedade democrática, formada portanto, de cidadãos capacitados em desempenhar suas funções como bons eleitores.
A alienação é um fenômeno inerente ao ser humano, uma vez que o mesmo influencia e é influenciado pelo meio. Há quem a defina como a perda da própria identidade, dependência, falta de autonomia, ocasionando a apatia, a indiferença, a passividade, a falta de interesse. O homem cria instituições, leis, direitos etc., porém, não se sente criador e sim, criatura. Tomamos como exemplo a questão política.
De acordo com os pensadores Platão e Aristóteles, o homem é um animal político e esta concepção parte do pressuposto de que o verdadeiro cidadão é aquele que efetivamente participa da vida em sociedade; um ser social é um ser político, pois a política nada mais é que condição do bem comum. Para estes, quem não vive em sociedade, ou é um Deus, ou é uma besta. Desta maneira, nos deixam evidente a necessidade do homem atuar como sujeito ativo no processo de formação da polis.
Portanto, alienação política vem a ser a não interação do ser humano nas ações que norteiam o contexto político e social, sendo que, muitos não se reconhecem como alienados, por fazerem parte de uma sociedade dogmática. A condição de superação deste fenômeno, segundo estes filósofos, seria a educação, visando despertar nos cidadãos o senso de responsabilidade e justiça, estritamente ligadas a ciência política da época. A busca pela reflexão na construção de uma sociedade justa era o objetivo principal, criando um Estado ideal.
A idéia de governante era questão essencial, sendo a sabedoria deste, considerada a maior das virtudes. Um governante deveria ser um filósofo. Acreditavam na idéia de eqüidade, uma vez que os mais fortes seriam unidos aos mais fracos, como na tecelagem, onde os fios mais fortes se entrelaçariam aos mais fracos e, desta maneira, cada um contribuiria com o coletivo, de acordo com suas aptidões, regidos pela ética.
Em outro momento histórico, o filósofo Jean-Jacques Rousseau admite a idéia de alienação, contudo, de outra maneira. Em sua obra “Do Contrato Social”, este escreve que “O homem nasce livre, e por toda parte encontra-se a ferros.”
Para se libertar desses ferros, surge a idéia de um pacto social, no qual a condição de liberdade seria legitimada através da alienação total dos bens e da liberdade em prol da comunidade. Esta alienação não seria subordinada a um rei (idéia não concebida), mas a cada um, preservando-se a igualdade e a liberdade, formando um corpo político, de homens considerados coletivamente, participativos, onde a vontade geral seria indestrutível.
O pacto idealizado por Rousseau encontra semelhança com as idéias de Karl Marx, filósofo esse considerado radical por seus pensamentos revolucionários. Sabe-se que há um intervalo de um século dos ideais de um para outro. Para o último, a alienação era fruto do sistema capitalista de produção. A liberdade e a igualdade prometida a todos os homens revelam-se uma ilusão da “emancipação política”, na época em que a questão do proletariado surge em toda a sua força. A seu ver, a verdadeira emancipação política só poderia se realizar no âmbito da emancipação social, isto é, na revolução do proletariado. Haveria um período de transição, onde o Estado ainda existiria (o Socialismo), no qual o proletariado seria o ditador. Após esse período, o Estado despótico desapareceria, dando lugar a uma sociedade sem classes (o Comunismo), onde não mais existiria alienação.
Diante disso, na atualidade nos deparamos com a idéia de política totalmente divergente daquela idealizada pelos grandes pensadores mencionados acima. Principalmente no caso brasileiro, onde esta é vista atrelada à corrupção, beneficiando apenas uma minoria, em seu individualismo, nepotismo, falta de ética e de moral, sem compromisso com a sociedade e outros fatores que fazem com que as pessoas se afastem, gerando um círculo vicioso e a perpetuação do poder nas mãos da mesma minoria em detrimento de uma maioria marginalizada.
O país já vivenciou momentos de luta pelas liberdades civis, tendo seu auge na década de 80, todavia, a participação popular seria essencial para a garantia dessas liberdades e para a construção da tão sonhada democracia. No entanto, esta participação foi irrisória, mostrando que o povo continuava omisso, deixando as decisões ao arbítrio de alguns, escolhidos pela própria sociedade, centralizando o poder executivo.
O Estado repressor do período militar contrasta com o novo Estado, o paternalista, criador do bolsa-escola, bolsa-família e outros “benefícios”, caracterizando-se como assistencialista ao extremo, quando se deveria atender a necessidades primordiais, como as sociais. Enquanto isto, o brasileiro se aliena com o futebol, cerveja, carnaval, Big Brother Brasil etc., fazendo com que a cultura se tornasse mais orientada para o Estado do que para a representação.
Persistem e agravam-se os problemas sociais; as desigualdades aumentam, o desprestígio dos políticos perante a população cresce. Com isto, o cidadão eleitor passa a buscar um líder carismático e salvador da pátria, fazendo com que esta omissão retarde o processo democrático, que caminha em marcha lenta.
Diante deste quadro, o período eleitoral deixa de ser um momento de reflexão e discussão para tornar-se um espetacular leilão de votos (quem dá mais?) em troca de cestas básicas e promessas de favores. Como bem lembra Carvalho (2004, p.224), “eleitores desprezam políticos, mas continuam votando neles na esperança de benefícios pessoais”.
Como reflexo destas questões, o cidadão politicamente alienado age instintivamente, pois está envolto em um sistema comprometido em corroborar a conjuntura existente. A passividade diante dos acontecimentos histórico-políticos nos faz perceber o quanto a alienação política condiciona o indivíduo à não participação, pela falta de informação, de leitura, de vontade, de interesse, pela decepção com os políticos, aliado ao consumismo, afastado de preocupações com a política e com os problemas coletivos.
Diante do exposto acima nos perguntamos se somos cúmplices ou vítimas dos fatos abordados. Analisando-os, percebemos que a ação coletiva seria um importante caminho para superar esta condição. Sabemos que não encontraremos fórmulas mágicas capazes de solucionar nossos problemas, porém, como os filósofos Platão e Aristóteles, depositamos na educação a nossa maior esperança para superar esses desafios e então, buscarmos construir uma sociedade democrática, capaz de dissolver as mazelas sustentadas pela alienação.
Para tanto, sabemos que necessário seria rever a nossa educação em todos os segmentos, ou seja, que esta contribua para que a condição de alienação seja superada, através de ações que venham a politizar os cidadãos, onde os fatos não seriam somente relatados e rechaçados, mas também, discutidos com compromisso e, principalmente, com a realidade, delineando assim, um caráter de maior integração e de responsabilidade de todos.
No ano de Copa do Mundo, antecedida pelo espetáculo carnavalesco brasileiro, como abordar a questão política, em meio a questão “bolística”? Como discutir eleição para governadores, senadores e deputados estaduais e federais? A resposta não é fácil, pois o brasileiro é apaixonado pelo futebol. Não se trata de sucumbir uma em detrimento de outra, porém, não esquecer que o amor pelo Brasil deve ser maior que pelo futebol. A Copa do Mundo é um momento esperado durante quatro anos, principalmente devido ao favoritismo da seleção brasileira; cada brasileiro se sente mais patriota, sente orgulho em mostrar a bandeira, vestir verde e amarelo e demonstrar seu amor pela pátria. Isso é reflexo de um povo que tem poucos motivos para comemorar e nesse momento, consegue sentir o gosto do valor e da vitória, desde que a seleção traga a taça para casa.
Por que não demonstrar um pouco deste amor no momento da escolha de seus candidatos no período eleitoral? Estes são os jogadores que decidirão os rumos da nação durante os próximos quatro anos e suas decisões refletirão diretamente sobre nós e serão de grande importância. Acabada a euforia da Copa, o brasileiro tende a voltar para seu anonimato, esperando a próxima; essa condição é muito desoladora, pois a felicidade talvez venha de quatro em quatro anos, durante apenas um mês.
É necessário resgatar o valor do voto como mecanismo de manifestação política e o momento eleitoral deve ser encarado com seriedade por todos, nos mais variados ambientes. Ser alienado não é condição permanente. Com um pouco de boa vontade e coragem para sair do comodismo, é possível reverter esse quadro. Ser cidadão é antes de tudo estar sujeito a aprender a mudar, não desistir e não esperar vantagens individuais no final, mas acima de tudo, acreditar e persistir sempre.
Nesse intuito caberia a população fiscalizar, pressionar conscientemente, pois nós somos parte do todo e os maiores interessados, acreditamos que ser cidadão antes de tudo é ser político e ser político não significa fazer discursos no palanque, mas ser atuante e consciente, não apenas exercendo um direito, mas, sobretudo um dever para com a pátria. Com isso, buscar atingir a tão almejada mudança e o fim da alienação. Ser um verdadeiro brasileiro é muito mais que vibrar pelo futebol, pular carnaval, sobreviver com trezentos reais mensais. Devemos acreditar que, lançando as primeiras sementes, cultivando-as com responsabilidade, mesmo que em meio a tantos dissabores, podemos um dia colher bons frutos. Sabemos que isso pode levar muito tempo, porém é necessário descruzar os braços e fazer algo pela emancipação e pelo amadurecimento da democracia.
Fonte: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2442/Alienacao-politica
COMENTÁRIOS DE VALDENI CRUZ
O CONCEITO DE POLÍTICA EM ARISTÓTELES
Aristóteles começou a escrever suas teorias políticas quando foi preceptor de Alexandre, “O Grande”. Para Aristóteles a Política é a ciência mais suprema, a qual as outras ciências estão subordinadas e da qual todas as demais se servem numa cidade. A tarefa da Política é investigar qual a melhor forma de governo e instituições capazes de garantir a felicidade coletiva. Segundo Aristóteles, a pouca experiência da vida torna o estudo da Política supérfluo para os jovens, por regras imprudentes, que só seguem suas paixões. Embora não tenha proposto um modelo de Estado como seu mestre Platão, Aristóteles foi o primeiro grande sistematizador das coisas públicas. Diferentemente de Platão, Aristóteles faz uma filosofia prática e não ideal e de especulação como seu mestre. O Estado, para Aristóteles, constitui a expressão mais feliz da comunidade em seu vínculo com a natureza. Segundo Aristóteles, assim como é impossível conceber a mão sem o corpo, é impossível conceber o indivíduo sem o Estado. O homem é um animal social e político por natureza. E, se o homem é um animal político, significa que tem necessidade natural de conviver em sociedade, de promover o bem comum e a felicidade. A pólis grega encarnada na figura do Estado é uma necessidade humana. O homem que não necessita de viver em sociedade, ou é um Deus ou uma Besta. Para Aristóteles, toda cidade é uma forma de associação e toda associação se estabelece tendo como finalidade algum bem. A comunidade política forma-se de forma natural pela própria tendência que as pessoas têm de se agruparem. E ninguém pode ter garantido seu próprio bem sem a família e sem alguma forma de governo. Para Aristóteles os indivíduos não se associam somente para viver, mas para viver bem. Dos agrupamentos das famílias formam-se as aldeias, do agrupamento das aldeias forma a cidade, cuja finalidade é a virtude dos seus cidadãos para o bem comum. A cidade aristotélica deve ser composta por diversas classes, mas quem entrará na categoria de cidadãos livres que podem ser virtuosos são somente três classes superiores: os guerreiros, os magistrados e os sacerdotes. Aristóteles aceita a escravidão e considera a mesma desejável para os que são escravos por natureza. Estes são os incapazes de governar a si mesmo, e, portanto, devem ser governados. Segundo Aristóteles, um cidadão é alguém politicamente ativo e participante da coisa pública. Segundo Aristóteles, sem um mínimo de ócio não se pode ser cidadão. Assim, o escravo ou um artesão não se encontra suficientemente livre e com tempo para exercer a cidadania e alcançar a virtude, a qual é incompatível com uma vida mecânica. E os escravos devem trabalhar para o sustento dos cidadãos livres e virtuosos. Aristóteles contesta o comunismo de bens, mulheres e crianças proposto por Platão. Segundo ele, quanto mais comum for uma coisa menos se cuida dela.
Analisando esse conceito de política, segundo a visão de Aristóteles, se torna uma utopia, quando percebemos o qual é a política da nossa realidade. Nossos políticos se comportam completamente ao contrário desse conceito aristotélico.
O que estamos vendo a gora e pelo que sabemos da história, recente e antiga, é que dos que se decidem a seguir a carreira política, poucos foram os que realmente foram exemplos honrados de homens públicos. A maioria deles permanecia no poder a vida toda mantendo seus súditos sob seus domínios, o que para isso usavam da força para forçá-los a obediência.Geralmente esses governantes se aproveitavam do poder a eles conferidos para explorarem os trabalhadores em benefícios próprio, através da corrupção e aberração de toda desordem.
Voltando-nos para uma realidade mais próxima de nós, o próprio Brasil, é um exemplo claro das atrocidades políticas cometidas no decorrer de sua história, seja ela do Período Imperial ou no Período Republicano.
É triste lermos na história relatos de pessoas que eram enforcadas, esquartejadas e jogadas nas praças públicas para amedrontar a toda população de uma cidade, província ou no país como um todo, só para que fosse demonstrada a força de um determinado governante.
Sem me estender muito nesses fatos que estão registrados na história de nosso país, quero dizer que essa realidade continua nos nossos dias atuais. Todos os dias nós assistimos a noticiários de casos que nos causam repugnância. São escândalos de toda ordem. Homens públicos que deveriam preservar a ordem publica, o bem comum, que é a máxima, digamos assim, da política, aproveitando – se daquilo que é gerado pelo próprio povo, que são os impostos, para fins pessoais em detrimentos de uma maioria que fica jogada a própria sorte.
Conversando com um amigo meu, ele disse que mesmo aqueles que agente pensa que tem boas intenções, estão sempre com segundas intenções, tentando aproveitar-se de alguma situação para beneficiar-se.
Isso fica provado quando percebemos que governadores, prefeitos, deputados, entre outros, fazem desvios de verbas utilizando-se de falcatruas, através de licitações fraudulentas, onde se juntam a cambada de espertalhões e aproveitadores dos benefícios públicos para construírem seu patrimônio individual.
Por trás de toda essa safadeza tem sempre os que fazem papel de trouxa. São os chamados laranja, que se oferecem para prestar esse papel deplorável. O mais incrível de tudo isso é que querem causar sempre a impressão de que estão sim fazendo o melhor pela Cidade, Estado, ou outras instâncias.
É vergonhoso termos que conviver com essa realidade constantemente de desvios de verbas publicas, que seriam usadas para educação, construção de casas para quem não tem moradia, gerar empregos, matar a fome das pessoas, irem para as contas de alguns charlatães, que estando assumindo um cargo que foi conferido pelo povo, não dão minha para essa realidade. É revoltante e o mais doloroso é ver que existem pessoas com sã consciência concordando com tal realidade sem nenhum constrangimento.
Essa é de fato uma realidade amarga que nos faz pensar seriamente sobre...
Fico particularmente inquieto com tudo isso. Ver esses nossos representantes políticos contra o seu próprio povo. Mas ao mesmo tempo consigo detectar a terrível idéia e que isso é na verdade características do homem. É o desejo de ser, poder. Não importa o que eu tenha que fazer para chegar aonde quer. O que importa são os objetivos que quero alcançar. Embora que para isso tenha que perder a vergonha, o senso da ética. Mando tudo embora para poder corresponder com minha ansiedade de ter. Se não consigo sendo uma pessoa normal, usando os meus dons naturais do trabalho da honestidade, que mesmo eu sabendo que é um caminho seguro, prefiro ir por vias intermediárias para chegar mais rápido. Isso requer de mim uma capacidade de sufocar meus princípios em nome do poder, da fama, da glória... Pergunto, será que tudo isso é valido?
É dentro desse chiqueiro de porcos que vejo que anda a política brasileira. As reportagens de televisão nos são a dimensão do descaramento desses nossos políticos. Devoram o dinheiro publico em benefícios próprios, usando de uma safadeza chamada marketing para despistar a opinião pública da realidade em que se encontram. Desprovidas de uma capacidade de discernimento, a própria população continua sendo refém desse sistema de coronelismo disfarçado.
Hoje não se usa mais o chamado voto de cabresto como antigamente, mas talvez hoje seja pior, pois são enganadas de uma só vez através da mídia. É de doer, mas é essa a nossa verdade. Talvez levem anos, décadas ou até mais para aprendermos em que mundo estamos vivendo.
Quando me perguntam se serei candidato em 2012, fico meio perturbado com a idéia. Não tenho como meta ser político de partido, exatamente por estar cercado por essa realidade negativa. Mas ao mesmo tempo penso: será que todo mundo que entra na política tem que ser mesmo corrupto? E o que não faltam são pessoas que me digam que não é. Fico pensando: será que todo político tem realmente perder o caráter, se submetendo a corrupção e a desonestidade para se dar bem na vida? Não acredito nessa realidade, mas a coisa e tão cruel que ficamos na dúvida se o que dizem não é realmente verdade. Alguns dizem: Bobagem todo mundo que entra pra política só entra pra roubar; só pensa em se dar bem, o resto que se lasque. Isso é uma prova E, se pensam dessa forma, como é que pensam que essa realidade vai mudar?
Professor VALDENI CRUZ
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