O MISTÉRIO DA GRANDE PIRÂMIDE
A Grande Pirâmide foi usada como túmulo do Faraó Quéops, da Quarta Dinastia? Os arqueólogos estão convencidos que sim. Os místicos e os românticos dizem que não. Naturalmente, há muita coisa em favor das afirmações dos homens de ciência. A Grande Pirâmide era a maior construção erigida pelo homem, até a construção da Torre Eiffel em 1889. E continua sendo um dos maiores, devendo, sem dúvida, permanecer de pé por mais cinco mil anos.
Sem vê-la, o tamanho da pirâmide é quase incompreensível. Ela cobre uma área de 52.611 m² e cada lado mede, na base, 228 m. Tem 148 m de altura e contém dois milhões e trezentos mil blocos de granito, pesando, em média, duas toneladas e meia cada um. Alguns desses blocos são maiores e chegam a pesar quinze toneladas. Do outro lado do rio Nilo e a apenas treze quilômetros a oeste da atual cidade do Cairo, a Pirâmide de Quéops ergue-se sobre o relativamente alto platô de Gizé, juntamente com as pirâmides de Quéfren e Miquerinos. Elas dominam uma área que se estende por quilômetros, em todas as direções.
A Grande Pirâmide é uma das muitas que se estendem para o sul, em linha irregular, numa extensão de cerca de 100 km a oeste do Nilo. O Faraó Zóser, da Terceira Dinastia, construiu a primeira pirâmide em Sakkara, a pouca distância ao sul de Gizé. A pirâmide de Zóser era escalonada, ou em terraços. Antes do tempo de Zóser, os faraós eram sepultados em mastabas, que são estruturas retangulares, feitas de tijolos. A Zóser seguiram-se cerca de oito faraós. Alguns dos quais tentaram construir pequenas pirâmides.
Snefru subiu ao trono, como faraó, no começo da Quarta Dinastia. A ele atribui-se a construção de pelo menos duas, senão três, pirâmides. Uma destas está situada em Medum. É bem possível que a edificação desta, uma pirâmide escalonada, tenha sido iniciada em fins da Terceira Dinastia, sendo completada por Snefru. A nove quilômetros ao sul de Sakkara, num terreno relativamente alto, conhecido como Dashur, Snefru construiu duas pirâmides. Embora uma destas estruturas seja conhecida como a Pirâmide Inclinada, ambas obedecem, na aparência e na forma, ao estilo das pirâmides que os faraós seguintes viriam a construir, todas, presume-se, usadas como seus túmulos. Parece que Snefru foi sepultado na Pirâmide Inclinada de Dashur. A ele sucedeu o filho Quéops, começando assim a ilustre Quarta Dinastia dos construtores das grandes pirâmides.
> A Grande Pirâmide de Quéops (Khufu).
Em Gizé, no elevado platô, Quéops construiu sua Grande Pirâmide, num período de muitos anos. Como resultado das conclusões dos arqueólogos da atualidade, sabe-se que Quéops foi um dos grandes faraós do Egito antigo, que era um homem digno e que estabilizou a economia e todos os negócios do país. É natural que se admita que Quéops tenha construído sua pirâmide para lhe servir de eterna morada, segundo o costume de seus predecessores, que dentro da própria pirâmide existia uma câmara contendo o sarcófago em que repousa o corpo do faraó. Naquela época, a margem oeste do Nilo ficava bem mais perto de Gizé do que agora. Como era habitual, uma estrada elevada foi construída desde o lado leste da pirâmide até a margem oeste do Nilo e, segundo o costume, um edifício conhecido como Templo do Vale foi erguido ali; e ao pé da pirâmide, no seu lado leste, construiu-se o Templo Mortuário. Contudo, os arqueólogos afirmam que o plano do Templo Mortuário da pirâmide de Quéops difere inteiramente dos que os precederam e sucederam.
Imediatamente a leste da Grande Pirâmide erguem-se três pirâmides menores. Vistas hoje em condições relativamente boas. Elas foram construídas de acordo com o costume da época. Os historiadores acreditam que a mais meridional foi destinada à Grande Esposa de Quéops, cujo nome era Henutsen, e que as duas outras pequenas pirâmides provavelmente foram erguidas ou para outras mulheres de Quéops, ou para as princesas, suas filhas. Também de acordo com o costume da época, barcas "solares" foram colocadas em poços, nos vários lados da Grande Pirâmide.
A entrada da Grande Pirâmide, naturalmente fechada há muito tempo, situa-se no centro da face norte, e conduz a um corredor ascendente, comprido e íngreme. A entrada usada hoje foi aberta na face norte pelo Califa Al Mamoun e seus homens, em 820 da nossa era.
Nesta pirâmide não há hieróglifos ou murais. A única marca existente em toda a pirâmide, e que a associa a Quéops, encontra-se na área de tensão estrutural acima da Câmara do Rei. Ali acha-se a marca do trabalhador da pedreira que está identificada com Quéops.
> Câmara da Rainha. No centro exato da pirâmide, e abaixo da Câmara do Rei...
Voltemos agora a atenção para as afirmações dos místicos e dos românticos, de que a Grande Pirâmide não seria a morada eterna do Faraó Quéops. Não existem provas de que o enorme sarcófago de granito vermelho encontrado na Câmara do Rei, situada num ponto bem alto da pirâmide, foi algum dia usado para sepultamento. Um especialista americano disse que Quéops providenciou em segredo um funeral falso em sua pirâmide e ordenou que seu corpo fosse sepultado em outro lugar. O corpo de Quéops jamais foi encontrado. Entra-se na câmara por uma porta quadrada, de quase um metro. Existem provas de que a construção da pirâmide foi alterada por duas vezes, durante a obra. No centro exato da pirâmide, e abaixo da Câmara do Rei, encontra-se uma sala conhecida como Câmara da Rainha, que nunca foi terminada, nem, portanto, usada. Na base da pirâmide, ao pé de um corredor descendente, encontra-se o chamado poço. É uma câmara que alguns arqueólogos acreditam ter sido destinada originariamente ao sepultamento do faraó. Todavia, não há provas de que foi usada. Talvez no começo Quéops pretendesse fazer da pirâmide a sua morada eterna e, depois, mudou de idéia, sendo sepultado em outro local, talvez numa das pirâmides existentes em Dashur, atribuída a seu pai.
Em todas as pirâmides pequenas situadas na base da Grande Pirâmide podem, ou não, ter sido destinadas à sua rainha, às duas outras mulheres ou às filhas. Estas, as barcas "solares", os Templos do Vale e Mortuário podem ter sido usados apenas como fachada para evitar a eventual entrada de ladrões de túmulos. Com a excepcional opulência do país, isto não teria sido problema, no tocante aos custos. Acredita-se que a mãe de Quéops, Hetéferes, foi sepultada em Dashur e depois transladada. Mas seu corpo jamais foi encontrado. A pergunta que se faz naturalmente, então, é: não poderia ter sido Quéops sepultado numa das duas ou três pirâmides atribuídas a seu pai, Snefru, ou talvez numa mastaba ou em outra pirâmide ainda não encontrada? Parece pouco provável que Snefru tivesse desejado, ou necessitado, duas ou mesmo três pirâmides para si.
Se Quéops pretendia fazer da Grande Pirâmide um templo de aprendizado e de iniciações, como muitos acreditam, não teria sido sepultado nela. Quéops certamente angariou a veneração e o louvor do seu povo, e em que melhor lugar poderiam estes ser prestados do que no seu monumento, a Grande Pirâmide, sua estrada elevada, no Templo do Vale e mesmo no Templo Mortuário, que, segundo os arqueólogos, era totalmente diferente de qualquer outro já construído? É possível que ele tenha construído a pirâmide como cenotáfio, um monumento a si próprio.
> A estreita Passagem Ascendente (aprox. 1 m²), que dá acesso à Grande Galeria.
Os arqueólogos afirmam que após o término da Grande Pirâmide, deixou-se um corredor de fuga, que descia até a base, para os trabalhadores. Depois que o faraó fosse sepultado, se realmente o foi, não haveria saída para os operários que estivessem dentro da pirâmide, porque a estrutura teria sido vedada. Não seria possível que a suposta passagem de fuga fosse também usada como entrada para os que, naquela época, utilizavam a estrutura como templo de aprendizado e de iniciação?
Em seu livro "A Profecia Simbólica da Grande Pirâmide" o Dr. Harvey Spencer Lewis cita uma autoridade fidedigna, o Dr. Selim Hassan, que disse num artigo escrito em 1935: "Descobrimos uma passagem subterrânea usada pelos egípcios há cinco mil anos. Ela passa (em ângulo reto) sob a estrada elevada que liga a Segunda Pirâmide à Esfinge. Ela permite que se passe, sob a estrada elevada, do cemitério de Quéops (Khufu), que construiu a primeira ou Grande Pirâmide de Gizé, para o cemitério de Quéfren (Khafra), que construiu a segunda Pirâmide. Dessa passagem subterrânea desenterramos uma série de túneis que descem mais de quarenta metros, com salas amplas e câmaras laterais". Isto significa que essa passagem subterrânea começava na Grande Pirâmide, ou próximo dela, dirigia-se para o sul, passando pela Esfinge, que foi construída pelo faraó que sucedeu a Quéops, ou seja, Quéfren. Não seria possível que o corredor de fuga da Grande Pirâmide, a ser usado pelos operários, alcançasse esse túnel, o qual talvez tivesse aberturas para a superfície, na esfinge ou mais adiante? Com base nesta especulação, é fácil supor que o corredor de fuga e a passagem subterrânea fossem usados não só pelos operários, mas também, mais tarde, como entrada e saída, para os estudantes e iniciados, da Grande Pirâmide.
Todos concordam que este é o mais famoso monumento da Antigüidade. Se é discutido que ele tenha recebido o corpo de Quéops, a verdade, no entanto, é que preservou seu nome para todo o sempre. Já em 1961, o Professor Ahmed Fakhry, em seu livro "As Pirâmides", escreveu que ninguém pode negar que ainda não se esclareceram muitos dos problemas sobre a pirâmide e sua construção. É possível que com o tempo nova luz seja lançada sobre o mistério da Grande Pirâmide.