(3) Ele é um Futuro que já se faz presente. Este Futuro, que é Cristo, que será uma Novidade linda para toda a criação, é também um Futuro já presente no nosso mundo e na nossa vida de modo misterioso. Ele está vivo, ressuscitado no nosso meio, agindo pela força do seu Espírito Santo. Basta pensar na Eucaristia e nos demais sacramentos, que são gestos salvíficos de Cristo, cheios do Espírito de vida divina; basta que recordemos da graça que Cristo derrama constantemente no nosso coração, dando-nos e profundo sabor da sua doce e consoladora presença... Quantas vezes a gente experimenta o aperitivozinho do céu aqui na terra, quando experimenta a união com Cristo no nosso coração! Estar com Cristo agora é já o início do Futuro que virá! Experimentá-lo aqui é aumentar nossa saudade, nosso desejo daquilo que um dia, no Dia final, ele nos dará em plenitude. E será ele mesmo, Jesus, nosso céu, nossa recompensa, nossa alegria sem fim!
(4) Este Futuro exige uma resposta humana. Este Futuro que é Cristo vem ao nosso encontro; mas nós também, em certo sentido, vamos ao encontro dele. Como? Respondendo-lhe “sim” na nossa vida! Cada escolha nossa, cada palavra, cada decisão, cada ato, são um “sim” ou um “não” a esse Futuro, um “sim” ou um “não” a Cristo nosso Deus. Então, nossas ações neste mundo têm já um gosto de eternidade, preparam o nosso encontro com o Senhor que vem. Não existe ação neutra: é “sim” ou “não” ao Cristo que vem! Neste sentido, nosso céu e nosso inferno vão se decidindo agora e nossa existência única e irrepetível neste mundo aparece em toda a sua gravidade e responsabilidade! Aquela pergunta de Jesus: “Quando o Filho do Homem vier encontrará fé sobre a terra?” (Lc 18,8), deve ser respondida não somente no final dos tempos, mas no dia a dia da nossa existência, na terra do nosso coração!
Ainda uma observação, para terminar: Se Cristo é o nosso Futuro, o nosso Fim último, a nossa Finalidade, nosso Destino, nosso Porto, então, tudo aquilo que vai acontecer conosco e com o mundo, no final dos tempos, somente pode ser compreendido a partir de Cristo e em relação com ele: ele é o Fim Último (Escaton) que dá sentido às “coisas últimas” (escatà). Por exemplo: só poderemos compreender o que é a morte, o céu, o inferno, o purgatório, o juízo se colocarmos tudo isto em relação com Cristo ressuscitado, nosso Destino Imagine, então, quanto é bela a esperança cristã!
Guardemos bem isto: A esperança dos cristãos, que é com certeza o destino de tudo, não tem outro objeto a não ser o próprio Deus, Futuro absoluto e definitivo do homem, que vem a nós em Jesus Cristo. Assim, podemos compreender as palavras de um grande teólogo deste século, Hans Urs von Balthasar: “Deus é o fim Último (= a Finalidade, o Cumprimento) das criaturas: ele é o céu para quem o alcança, o inferno para quem o perde, o juízo para quem por ele é examinado, o purgatório para quem é por ele purificado... E tudo isto no modo em que ele dirigiu-se ao mundo, isto é, no seu Filho, Jesus Cristo, que é a revelação de Deus e, portanto, a síntese das coisas últimas!” Resumindo: nosso Fim é o Deus que vem a nós em Jesus Cristo para nos salvar. Nele, em Jesus que nos revelou o rosto do Deus verdadeiro, tudo se explica: o céu é estar com ele; o inferno é perdê-lo; o juízo é se ver na sua luz; o purgatório é ser purificado no seu amor e verdade! Por isso mesmo, pense na emoção de compreender as palavras do Senhor: “Pai, aqueles que me deste, quero que onde eu estou, eles estejam comigo!” (Jo 17,24); também aquela outra: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso!” (Lc 23,43).
Fonte Blog de Dom Henrique Soares