Reportagem do iG ouviu 61 dos 81 senadores. Do total, 20 disseram não saber como vão votar ou não quiseram opinar
Quarenta um senadores já decidiram que vão votar a favor da cassação do mandato do colega Demóstenes Torres (sem partido-GO), acusado de ser o braço político do esquema do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O número é resultado da enquete feita pelo iG na semana passada. A reportagem ouviu 61 senadores de quarta-feira a sábado. Em casos de cassação, a votação tem de ser secreta, por isso a maioria dos senadores só aceitou declarar o voto se houvesse identificação por nome.
Dos 61 senadores ouvidos pelo iG nenhum garantiu que vai poupar Demóstenes da cassação. Vinte senadores disseram que ainda não decidiram ou simplesmente não quiseram informar como vão votar. O iG não conseguiu falar com outros 20 senadores.
Antes de ser votada no plenário do Senado, a cassação do mandato de Demóstenes precisa ser aprovada pelo Conselho de Ética da Casa - onde o voto é aberto. Relator do caso do senador goiano, Humberto Costa (PT-PE) pretende apresentar o relatório esta semana.
Na terça-feira passada, depois de ouvir o depoimento de Demóstenes ao Conselho por mais de cinco horas, Costa afirmou haver “indícios suficientes” para cassar o mandato do colega goiano . “O Senado deve uma decisão antes do início do recesso”, disse.
Durante o depoimento, Demóstenes admitiu que ganhou um telefone Nextel do bicheiro Carlinhos Cachoeira e reconheceu ainda que a conta era paga pelo contraventor. O senador, porém, negou ter atuado a serviço de Cachoeira.
A maioria dos senadores não se convenceu e até adiantou publicamente o seu voto em penário. “Vou votar pela cassação”, disse a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). “Minha posição e do PT são claras: pela cassação”, afirmou Walter Pinheiro (PT-BA), líder da bancada no Senado.
Na quinta-feira, Demóstenes foi chamado para prestar depoimentos à CPI do Cachoeira. Logo no início, ele requisitou o direito constitucional de permanecer calado, o que provocou um bate-boca entre o deputado Silvio Costa (PTB –PE) e o senador Pedro Taques (PDT-MT).
Costa atacou Demóstenes, acusando-o de demagogo e hipócrita. Disse ainda que o senador “não vai para o céu”. Taques interrompeu a fala do deputado e alegou que “qualquer cidadão merece ser tratado com dignidade”, como prevê a Constituição.
Alguns senadores acharam que o deputado tentou humilhar Demóstenes. “Vou votar tecnicamente, avaliar onde ele errou. Não vou cassá-lo só por ser amigo de bicheiro”, disse o senador Ivo Cassol (PP-RO), que não quis adiantar como deverá votar em plenário.