Papa recebeu o fundador do jornal italiano La Repubblica no dia 23 de setembro e traçou com ele um diálogo sobre questões de fé e a Igreja
Da Redação, com Rádio Vaticano
“O Papa: assim vou mudar a Igreja”. É a manchete de primeira página do jornal italiano “La Repubblica” nas bancas nesta terça-feira, 1º. A matéria relata o diálogo ocorrido na última terça-feira, 24 de setembro, no Vaticano, entre o fundador do jornal, Eugenio Scalfari e o Papa Francisco após a troca de cartas entre os dois, centralizadas em temas como fé, o papel da Igreja no mundo e o diálogo e pontos de contato entre crentes e não-crentes, questões que retornam neste encontro.
“O nosso objetivo não é fazer proselitismo, uma solene bobagem, que não faz sentido, mas ouvir as necessidades, os desejos e decepções, os desesperos e esperanças”. Essas foram algumas das palavras do Papa Francisco na conversa com o jornalista Scalfari. Ele reafirmou que o ideal de uma Igreja missionária e pobre – encarnado por São Francisco 800 anos atrás – permanece válido ainda hoje, mais do que nunca.
“Pobres entre os pobres. Precisamos incluir os excluídos e pregar a paz”, disse o Papa. Por isso, explicou, o Concílio Vaticano II decidiu abrir-se à cultura moderna, o que significava – como os Padres conciliares sabiam – ecumenismo religioso e diálogo com os não-crentes. Mas depois disso, Francisco disse que foi feito muito pouco nessa direção. “Eu tenho a humildade e a ambição de querer fazer isso”, concluiu o encontro com esta frase.
Antes de concluir o encontro, o Papa analisou ainda outros temas levantados pelas perguntas do jornalista sobre a idéia de “bem” e de “mal”, sobre a autonomia da consciência, sobre o amor pelo próximo, pelo bem comum, ofuscado pelo narcisismo, um “tipo de problema mental”, que “atinge mais as pessoas que têm muito poder”. Também os líderes da Igreja, admitiu o Papa, foram narcisos, lisonjeados e excitados por seus cortesãos. “A corte é a lepra do papado”.
“Não a Cúria como um todo – esclarece o Papa Francisco – mas a que pretende administrar os serviços que fazem à Santa Sé e que tem uma falha: ser Vaticano-cêntrica, ou seja, cuidar dos interesses, ainda em grande parte temporais do Vaticano, negligenciando o mundo que nos rodeia. Eu não compartilho dessa visão eu vou fazer de tudo para mudá-la, porque a Igreja deve voltar a ser uma comunidade do povo de Deus, pois os presbíteros, os sacerdotes, os bispos estão ao serviço do povo de Deus”.
Fonte: http://papa.cancaonova.com
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