quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2 - A Revolta

Flávio St Jayme
Tropa de Elite 2 é um filme revoltante. Não por seu teor violento, mas por sabermos que aquela é uma das realidades do nosso país. Precisei me segurar para não levantar e ir embora do cinema ao ver o discurso “em favor dos direitos humanos” no início do filme. O discurso em favor dos presos contrastava com as cenas de violência dentro do presídio mostradas ao mesmo tempo. São dois pontos de vista.

No início do filme, quando o Capitão Nascimento é aplaudido, tive que me conter para não aplaudir também. Seu lema é claro e repetido: bandido bom é bandido morto. Este bandido pode ser branco, negro, verde, amarelo, azul ou vermelho. É o assaltante de rua, o traficante da porta da escola, o bando a mão armada que invade bancos. Não tenho pena de bandido, assassino, traficante. Tenho pena de mim, que cada vez mais sinto medo de sair na rua e não voltar inteiro. 

Duas coisas são extremamente revoltantes em Tropa de Elite 2:

1. O “esquerdista e intelectualzinho de m...” é, de certa forma, necessário (mas não me faça acreditar em sua honestidade). Em momento nenhum é questionada sua integridade ou o fato de ele estar se valendo do crime e das organizações criminosas da polícia para se autopromover;

2. É tudo verdade (menos a punição aos envolvidos, isso é mentira da mais descabida), nossa sociedade é um organismo doente e falido. A corrupção está em todas as suas camadas. Todas! E, assim como o primeiro filme mostra que os filhinhos de papai que fazem passeatas e “lutam pelos direitos humanos” são os mesmos que sustentam o tráfico, este segundo filme mostra que não basta acabar com os bandidos pequenos, a bandidagem está muito mais acima.

É um filme que chega a embrulhar o estômago em suas quase duas horas de projeção. Principalmente por sabermos que aquela, sem maquiagens, é a nossa sociedade. E também por saber que a mensagem do filme vai desaparecer, assim como desapareceu a do primeiro, na maquiagem de filme de ação e das balas perdidas. O (agora) Coronel Nascimento se levanta como um Dom Quixote solitário, lutando contra moinhos cada vez maiores e mais poderosos. José Padilha está de parabéns pela coragem de mostrar esta realidade na tela. O filme que já ultrapassou 5 milhões de espectadores em pouco mais de duas semanas tem uma coragem praticamente inédita no cinema brasileiro. Sem se valer de falsos moralismos, sem explorar a miséria ou (pasme) sem falar de ditadura, produziu um fenômeno pop nacional. Agora nos resta esperar que o terceiro se passe em Brasília... ou seria pedir demais?

Flávio St Jayme, sócio-proprietário da Clockwork Comunicação e cinéfilo.

2 comentários:

Flávio St Jayme disse...

Olá Valdeni
obrigado pela publicação de meu texto. Tbem sou formado em pedagogia, mas não exerço a profissão.
Abraços.

Anônimo disse...

Tropa de Elite é fascista - Filme 1

Porque Tropa de Elite é fascista


Marcelo Salles - especial para A Nova Democracia

Na sexta-feira, dia 5 de outubro, estreou em 300 salas do país o filme Tropa de Elite, que supostamente conta a história da violência no Rio de Janeiro a partir do ponto de vista de um capitão do BOPE, o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar. Só no primeiro final de semana, estima-se que 200 mil pessoas tenham assistido ao filme nos cinemas.

http://www.anovademocracia.com.br/no-38/67--porque-tropa-de-elite-e-fascista

POR UMA VERDADEIRA DEMOCRACIA!

Piso salarial do professor: saiba quem tem direito ao reajuste nacional

  Presidente Jair Bolsonaro divulgou na tarde de hoje (27) um reajuste de cerca de 33% no piso salarial do professor de educação básica; con...