Brasil pode superar estigma do voo de
galinha, avaliam economistas
País tem condições de manter crescimento acima de 4% nos próximos anos.
Para isso, no entanto, ainda é preciso 'destravar' algumas limitações.
Depois de ter o crescimento econômico abortado no ano passado pelos efeitos da crise financeira internacional, o Brasil deve retomar um ritmo mais intenso de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, com uma taxa de crescimento acima de 7%, e tem condições, segundo economistas ouvidos pelo G1, de finalmente se libertar do chamado "estigma do voo de galinha" - que se caracteriza por um ano de forte crescimento seguido por outro de queda, ou de fraca expansão.
A opinião de analistas econômicos é de que o país reúne condições de manter uma taxa de crescimento sustentado da economia acima de 4% nos próximos anos, mas, para isso, ainda tem de fazer o dever de casa para destravar alguns fatores que limitam a expansão econômica. São eles: investimentos ainda baixos, falta de infraestrutura, como estradas, portos, aeroportos e ferrovias, necessidade de melhorias na educação e controle da inflação, entre outros.
A opinião de analistas econômicos é de que o país reúne condições de manter uma taxa de crescimento sustentado da economia acima de 4% nos próximos anos, mas, para isso, ainda tem de fazer o dever de casa para destravar alguns fatores que limitam a expansão econômica. São eles: investimentos ainda baixos, falta de infraestrutura, como estradas, portos, aeroportos e ferrovias, necessidade de melhorias na educação e controle da inflação, entre outros.
Por outro lado, a alta do emprego, da renda e do crédito são fatores que impulsionam o consumo e o PIB para cima; e podem fazer com que a economia brasileira possa voar, se não como um condor, que atinge altitudes maiores por longo tempo, como uma andorinha - que voa mais baixo, mas se mantém por mais tempo no ar do que a galinha.
Histórico
A história econômica dos últimos 15 anos mostra que, em meio a crises externas e internas, a economia brasileira não conseguiu apresentar o almejado crescimento sustentado do PIB. Em 1995, um ano após a edição do Plano Real, que colocou fim a era da hiperinflação, a economia cresceu 4,2%.
A história econômica dos últimos 15 anos mostra que, em meio a crises externas e internas, a economia brasileira não conseguiu apresentar o almejado crescimento sustentado do PIB. Em 1995, um ano após a edição do Plano Real, que colocou fim a era da hiperinflação, a economia cresceu 4,2%.
Em 1996, avançou 2,15%. No ano seguinte, apesar de o crescimento ter acelerado para 3,38%, houve a eclosão da crise asiática que teve consequências para todos os países emergentes, e, em 1998, com a moratória russa, o país apresentou estabilidade - com expansão de somente 0,04%. Em 1999, a crise internacional chegou ao Brasil - que foi obrigado a desvalorizar o real. Naquele ano, o PIB avançou timidamente (0,25%).
Quando começou a crescer com mais intensidade em 2000, com 4,3% de expansão, a economia foi atingida, no ano seguinte, pela crise energética, e o PIB teve elevação de somente 1,31%. Em 2002, o ritmo de crescimento subiu um pouco, para 2,66%. Entretanto, o ano eleitoral, marcado pela forte disputa entre o Partido dos Trabalhadores e o PSDB, deixou sequelas, como a disparada do câmbio e a falta de confiança dos investidores. Com isso, o Brasil teve crescimento menor em 2003 (1,15%).
Com a ausência de crises externas entre 2004 e 2008, o país pôde imprimir um ritmo mais forte de crescimento para sua economia, ainda assim marcado por altos e baixos. Nestes cinco anos, o PIB avançou, respectivamente, 5,71%, 3,16%, 3,97%, 6,08% e 5,14%. Até que, em 2009, sofreu os efeitos da crise financeira internacional que teve origem nos Estados Unidos, e o PIB recuou 0,2%.
Expectativas
Para 2010, o cenário é de forte recuperação da economia com o fim da crise financeira internacional. A expectativa dos economistas é de que o PIB terá uma expansão de 7,55% neste ano. E a previsão de mais de 90 economistas consultados semanalmente pelo Banco Central é de que o processo de expansão será menor, mas constante, nos próximos anos - com a economia crescendo por volta de 4,5% entre 2011 e 2014.
Em conferência realizada em setembro em São Paulo, o prêmio Nobel de Economia, Paulo Krugman, disse ser viável que o Brasil cresça 5% ao ano nos próximos cinco anos. "Os três demônios estão sob controle: a inflação, o câmbio e a questão fiscal", afirmou ele na ocasião. Em sua visão, o Brasil está em posição mais confortável que as economias ditas desenvolvidas, que ainda se ressentem dos efeitos da crise internacional.
Quando começou a crescer com mais intensidade em 2000, com 4,3% de expansão, a economia foi atingida, no ano seguinte, pela crise energética, e o PIB teve elevação de somente 1,31%. Em 2002, o ritmo de crescimento subiu um pouco, para 2,66%. Entretanto, o ano eleitoral, marcado pela forte disputa entre o Partido dos Trabalhadores e o PSDB, deixou sequelas, como a disparada do câmbio e a falta de confiança dos investidores. Com isso, o Brasil teve crescimento menor em 2003 (1,15%).
Com a ausência de crises externas entre 2004 e 2008, o país pôde imprimir um ritmo mais forte de crescimento para sua economia, ainda assim marcado por altos e baixos. Nestes cinco anos, o PIB avançou, respectivamente, 5,71%, 3,16%, 3,97%, 6,08% e 5,14%. Até que, em 2009, sofreu os efeitos da crise financeira internacional que teve origem nos Estados Unidos, e o PIB recuou 0,2%.
Expectativas
Para 2010, o cenário é de forte recuperação da economia com o fim da crise financeira internacional. A expectativa dos economistas é de que o PIB terá uma expansão de 7,55% neste ano. E a previsão de mais de 90 economistas consultados semanalmente pelo Banco Central é de que o processo de expansão será menor, mas constante, nos próximos anos - com a economia crescendo por volta de 4,5% entre 2011 e 2014.
Em conferência realizada em setembro em São Paulo, o prêmio Nobel de Economia, Paulo Krugman, disse ser viável que o Brasil cresça 5% ao ano nos próximos cinco anos. "Os três demônios estão sob controle: a inflação, o câmbio e a questão fiscal", afirmou ele na ocasião. Em sua visão, o Brasil está em posição mais confortável que as economias ditas desenvolvidas, que ainda se ressentem dos efeitos da crise internacional.
Para o diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz, a ocupação continuará tendo um dinamismo importante nos próximos anos. "Inflação baixa e ocupação em alta tendem a gerar aumentos de salários, que devem vir acompanhados de aumento de produtividade. Dar mais musculatura para o mercado interno, com crescimento do emprego e da renda, gera oportunidade de superar a síndrome do voo de galinha", disse ele.
Crédito, investimentos e infraestrutura
O presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Adalberto Saviolli, estima que o crédito, um dos fatores que impulsionam para cima a economia brasileira, continuará avançando nos próximos anos. Para ele, a relação do crédito com o PIB, que fechou o mês de agosto em 46,2%, deve avançar para 60% do PIB em 2012 - atingindo um patamar mais próximo de padrões internacionais.
O presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Adalberto Saviolli, estima que o crédito, um dos fatores que impulsionam para cima a economia brasileira, continuará avançando nos próximos anos. Para ele, a relação do crédito com o PIB, que fechou o mês de agosto em 46,2%, deve avançar para 60% do PIB em 2012 - atingindo um patamar mais próximo de padrões internacionais.
De acordo com avaliação do gerente da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, o PIB pode crescer de forma sustentada nos próximos anos, mas é preciso, segundo sua análise, elevar a taxa de investimento e de poupança da economia brasileira.
"Precisamos elevar a nossa taxa de investimento, assim como precisamos de poupança externa, mas não podemos contar só com isso. Para não pressionar por um déficit em conta corrente [das contas externas] elevado, esse é o principal ponto. Esse é o grande desafio. Criar as condições para que a poupança aumente", disse ele. Acrescentou que também é preciso reduzir o déficit das contas públicas.
O presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, avaliou que há necessidade de investimentos em infraestrutura em alguns setores para que o país tenha condições de crescer de forma sustentada. Segundo ele, é possível notar avanços no setor de transportes, mas acrescenta que o ritmo ainda é insuficiente.
"No setor de transportes é possível notar os avanços. Dados preliminares de 2009 apontam investimentos em transporte e logística de R$ 19,6 bilhões. Os valores são pouco maiores que no ano anterior, mas continuam aquém da necessidade real de investimentos. Os portos e aeroportos são grandes gargalos, e a tendência é que o quadro se agrave com o crescimento da demanda para os próximos anos", declarou ele.
Inflação
Para o economista da Tendências Consultoria, Gian Barbosa, o crescimento da inflação, resultado, entre outros fatores dos investimentos baixos e da infraestrutura precária, pode ser um fator limitador do crescimento da economia brasileira nos próximos anos.
Isso ocorre porque o Banco Central pode ser obrigado a subir os juros no futuro para conter as pressões inflacionárias e, com isso, impedir voos mais altos da economia - caso ele julgue que não possam gerar inflação e não se sustentar no futuro. O BC calibra a taxa de juros com base na meta central de inflação, definida em 4,5% para 2011 e 2012, com um intervalor de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
"Quando a economia passa de uma certa taxa de crescimento, o BC reage e impede que o crescimento seja além do potencial. Se os investimentos fossem maiores, permitiriam um crescimento mais robusto da economia. A gente enxerga que o custo Brasil, relativo a essa parte de infraestrutura, é bem carente. A gente não viu ainda um grande 'boom' de investimentos em infraestrutura, que é é um dos grandes limitadores do crescimento maior. Se o Brasil tivesse mais cuidado com estes fatores, o país poderia ter crescimentos maiores", avaliou Barbosa.
Para o economista da Tendências Consultoria, Gian Barbosa, o crescimento da inflação, resultado, entre outros fatores dos investimentos baixos e da infraestrutura precária, pode ser um fator limitador do crescimento da economia brasileira nos próximos anos.
Isso ocorre porque o Banco Central pode ser obrigado a subir os juros no futuro para conter as pressões inflacionárias e, com isso, impedir voos mais altos da economia - caso ele julgue que não possam gerar inflação e não se sustentar no futuro. O BC calibra a taxa de juros com base na meta central de inflação, definida em 4,5% para 2011 e 2012, com um intervalor de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
"Quando a economia passa de uma certa taxa de crescimento, o BC reage e impede que o crescimento seja além do potencial. Se os investimentos fossem maiores, permitiriam um crescimento mais robusto da economia. A gente enxerga que o custo Brasil, relativo a essa parte de infraestrutura, é bem carente. A gente não viu ainda um grande 'boom' de investimentos em infraestrutura, que é é um dos grandes limitadores do crescimento maior. Se o Brasil tivesse mais cuidado com estes fatores, o país poderia ter crescimentos maiores", avaliou Barbosa.
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