Valter Orsi
“Quem aceita o mal sem protestar, coopera realmente com ele”, disse certa vez Martin
Luther King.
Com o mal da corrupção, não é diferente. Todo mundo sabe: ela é um câncer que corrói
os governos, causando prejuízos financeiros e sociais, e mandando no final a conta para o
trabalhador honesto pagar. Porém, em época de campanha eleitoral, a corrupção “desaparece”.
Todos os políticos, de repente, viram defensores da moralidade. Será que é mágica?
Em meio a tantos candidatos fazendo o mesmo discurso, seria o caso de perguntar: “Se
a honestidade é geral, de onde vem a corrupção?”
A conclusão é simples, meu amigo: discurso só não adianta. Se todos os candidatos
dizem que são honestos, a gente precisa encontrar outro jeito para separar o joio do trigo,
escolhendo candidatos dispostos, de verdade, a combater o mal da roubalheira.
A Transparência Brasil e a ONG Pé Vermelho, Mãos Limpas participam da campanha
Voto Limpo 2002. A idéia da campanha é ajudar o eleitor a escolher, independente de partidos
ou ideologias, aqueles candidatos que realmente vão lutar contra a corrupção desde o primeiro
minuto de seus mandatos. Preocupada em garantir um voto limpo para um país melhor, a
Transparência Brasil já enviou aos quatro presidenciáveis uma lista de oito propostas para criar
uma jornada nacional de combate à corrupção.
Algumas dicas podem ajudar você a descobrir quem realmente é inimigo da corrupção,
ou quem só é da boca pra fora. Veja só:
-- Exija que o candidato abra as contas de campanha. Ele deve dizer quanto gastou,
como gastou e quem financiou a sua propaganda eleitoral. Quanto mais um candidato aparece
na rua, mais ele gastou. Se você perceber que as contas estão muito pequenas para o tamanho da
campanha, não vote nele!
-- Campanhas grandes são campanhas caras. O financiamento de campanhas milionárias
freqüentemente é uma das maiores fontes da corrupção.
-- Candidato que vive dizendo que fez, fez, fez, pode estar querendo dizer outra coisa:
que roubou, mas fez. Muito cuidado com esse tipo de candidato. Ele costuma mentir na hora de
dizer o que fez e -- é claro! -- omitir na hora de dizer outras coisas...
-- Pergunte ao seu candidato se ele tem alguma proposta concreta para combater a
corrupção. Se ele não tiver nenhuma, há mais chances de crescer o nariz de Pinóquio...
-- Candidato que compra voto -- com dinheiro, cesta básica, material de construção ou
promessas irrealizáveis -- não hesitará um segundo em vender a própria alma. Risque esse
candidato do seu caderninho!
-- Recapitule o passado dos candidatos. Consultar os jornais -- ou as ações do Ministério
Público -- dos anos anteriores pode ser uma excelente forma de separar os honestos de fato e os
honestos da boca pra fora.
Vamos acabar juntos com o mal público da corrupção!
1
Publicado originalmente na Folha de Londrina.
2
Empresário em Londrina (PR), conselheiro da Transparência Brasil e membro da ONG Pé Vermelho,
Mãos Limpas.
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