Olá, amigos!
Reflitam!!
Esopo era um escravo de
rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga
Grécia.
Certo dia, em que seu
patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo,
Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu
seguramente:
- Tenho a mais absoluta
certeza de que a maior virtude da Terra está à venda no mercado.
- Como? Perguntou o amo
surpreso. Tens certeza do que está falando? Como podes afirmar tal coisa?
- Não só afirmo, como,
se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra.
Com a devida
autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos voltou carregando um
pequeno embrulho. Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de
língua, e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para explicar-se.
- Meu amo, não vos
enganei, retrucou Esopo. - A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela
podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua os
ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados,
as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Acaso podeis negar essas
verdades, meu amo?
- Boa, meu caro,
retrucou o amigo do amo. Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o
pior vício do mundo.
- É perfeitamente
possível, senhor, e com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado
e de lá trarei o pior vício de toda terra.
Concedida a permissão,
Esopo saiu novamente e dali a minutos
voltava com outro
pacote semelhante ao primeiro. Ao abri-lo, os amigos encontraram novamente
pedaços de língua. Desapontados, interrogaram o escravo e obtiveram dele
surpreendente resposta:
- Por que vos admirais
de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa
sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos
vícios. Através dela tecem - se as intrigas e as violências verbais. Através
dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e
apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da língua,
estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as
confusões populares que levam ao desequilíbrio social. Acaso podeis refutar o
que digo? - Indagou Esopo.
Impressionados com a
inteligência invulgar do serviçal, ambos os senhores calaram-se, comovidos, e o
velho chefe, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem
tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade.
Esopo aceitou a
libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da
antiguidade e cujas histórias até hoje se espalham por todo mundo.
http://www.velhosabio.com.br
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