segunda-feira, 29 de julho de 2013

EVANGELIZAÇÃO - Jovens do Ceará renovam missão

Apesar das dificuldades de diversas naturezas encontradas no Rio, cearenses ressaltam a importância da JMJ

Rio de Janeiro. Protagonistas de histórias de vida que unem esperança, cultura e fé, os quase 5.000 cearenses, conforme dados oficiais, inscritos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) partilharam com pessoas do mundo inteiro experiências para a vida toda e trazem de volta na bagagem um compromisso firmado diante do papa Francisco: fortalecer os passos na evangelização buscando mais jovens para a Igreja Católica. Mas a tarefa, admitem, não é fácil, por isso, muitos já pensam de que forma deverão cumprir a "ordem" deixada pelo pontífice.

A partir de agora, os jovens que compareceram à Jornada Mundial da Juventude (JMJ) iniciam um novo desafio proposto pelo papa Francisco: fortalecer os passos na evangelização buscando mais jovens para a Igreja Católica FOTO: REUTERS

Aos 18 anos, Lucas de Souza, membro da Comunidade Católica Shalom de Paraipaba, saiu pela primeira vez de Lagoinha, rumo a um evento gigantesco. Com coração apertado, ele admitiu surpresa diante da pluralidade da Igreja. Ele sabe que não é fácil a tarefa deixada pelo papa, mas avisa que o serviço começa dentro de casa. "Hoje, o que eu vejo dessa missão é um ´ide em sua casa´, ter aquele momento de missão no seu dia a dia".

As longas esperas, as multidões que o impediram de chegar mais perto do palco principal do evento não o deixou desanimado. O que houve de dificuldade, ele diz ter sido superado pela boa acolhida, pelas experiências de fé e até mesmo pela foto que conseguiu tirar do papa. "Na fila, deu pra tirar uma foto, uma foto dele inteiro", comemorou.

Quem foi ao Rio para se doar também volta para casa compromissado. O cearense Leandro Lopes, 21, viajou como voluntário. Aluno do curso de Rádio e TV, ele contribuiu em uma das equipes de comunicação e, além dos amigos que disse ter feito, ressalta o compromisso de buscar mais jovens para a Igreja. "O meu desejo era ajudar construir a Jornada no Brasil, mas não vai parar por aqui. Eu contribuí, agora, levo comigo a responsabilidade de evangelizar", acrescentou.

O jovem, que há pouco tempo mudou-se para São Paulo, nasceu em Sobral, onde já servia na Capela de São José, Paróquia do Patrocínio, e chegou a realizar, com amigos, diversos encontros baseados e visitas na JMJ. Atualmente, frequenta a Catedral de São Paulo, para onde pretende levar o projeto do qual participava em sua terra Natal.

Mas teve quem iniciasse a peregrinação antes mesmo do evento. O auxiliar administrativo Fábio Mateus, 38, de Trairi, caminhou cerca de 3.000 Km para chegar ao Rio. Sua saga virou motivo de orgulho para conterrâneos que vivem no Rio, o que não deixa de ser uma forma de evangelizar. Nas ruas da cidade, ele chegava a ser parado para tirar foto ­- devido às entrevistas durante a viagem - o que é uma oportunidade de contar a sua história e os seus planos.

PROTAGONISTA

Viagem a pé do Ceará para o Rio de Janeiro

Fábio Mateus
Auxiliar administrativo

Antes de saber da existência de uma Jornada Mundial da Juventude, o auxiliar administrativo Fábio Mateus,38, teve uma "experiência com Deus" que o inquietou mais de um ano. Após várias pesquisas sobre peregrinações, ele seguiu sua certeza: viajar a pé até o Rio de Janeiro, com tempo suficiente para chegar até a JMJ Rio 2013. O percurso passou por diversas cidades e contou com a ajuda de muitas pessoas que o acolheram em casa durante as paradas. Hoje, seis quilos mais magro e muita história pra contar, ele se prepara para refletir tudo o que viveu durante a roteiro, o que mais tarde deve virar um livro.

ANÁLISE

Rio de Janeiro bagunçado pela festa da paz

Dahiana Araújo
Especial para Nacional

Verdadeiras orações em línguas. Um aconchego ao ar livre. Muitos povos em uma Nação que os acolheu literalmente de braços abertos. Protestos sem guerra. Gritos sem dor. Choro. Gargalhadas, histórias de vida, fé, amor. Um cenário que figurou em jornais do mundo inteiro como protagonista de momentos avessos às marcas da sua trajetória: um Rio de Janeiro bagunçado pela paz, por um pontífice.

As exceções ficam no registro, mas não habitam as marcas intensas do que foram os cânticos de louvor e orações - presididos por um franciscano derretido em afagos e certezas - e entoadas por três milhões de pessoas aglomeradas na orla de Copacabana, sob um relento gelado. A estrutura, por vezes insuficiente para comportar o público que nem ficou de ir, mas chegou, se esvaiu, porém não esgotou. O verdadeiro "Campus Fidei", o campo da fé.

Durante os dias da JMJ Rio 2013, pelas ruas da capital fluminense, comitivas enfrentaram as barreiras das línguas com a troca de sorrisos, americanos, japoneses, italianos, alemães, portugueses, poloneses cheios de esperança... Longas esperas movidas a vontades confusas de vivenciar experiências baseadas pelo Evangelho. Corações com sede. Palavras não alcançam o que a vista apurou.

Eu, que estive na Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio 2013), ouvi as palavras do Santo Padre, colei em multidões e me enchi de expectativas a poucos metros do papa Francisco, admito, vou precisar de tempo para digerir, refletir o que foi vivido, ouvido, falado. Até o silêncio vai precisar de tempo para ser explicado.

A partir de agora, não há como encarar um Rio de Janeiro como o de antes. O compromisso para a próxima Jornada, em 2016, na Cracóvia, Polônia, onde nasceu o beato João Paulo II, idealizador da JMJ, passa pela cidade carioca. Não há como preparar o próximo encontro sem se inspirar no Brasil, seja em busca de melhorias, ou na procura por bons exemplos. A espera dos poloneses passa por nós, pela nossa história, pela vida de três pontífices unidos na certeza de que histórias se modificam diante de realidades vividas aos pés da Cruz

Fonte: Diário do Nordeste

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