domingo, 1 de fevereiro de 2015

Propostas de leitura de Textos para os alunos do 9º ano


ALCINO LEITE NETO

EDITOR DE MODA 
VIVIAN WHITEMAN 
DA REPORTAGEM LOCAL

Moda tem que parar de sacrificar modelos


   Chegou a um nível irresponsável e escandaloso a magreza das modelos nas semanas brasileiras de moda. As garotas, muitas delas recém-chegadas à adolescência, exibem verdadeiros gravetos como pernas e, no lugar dos braços, carregam espécies de varetas desconjuntadas. De tão desencarnadas e enfraquecidas, algumas chegam a se locomover com dificuldade quando têm que erguer na passarela os sapatos pesados de certas coleções.

   Usualmente consideradas arquétipos de beleza, essas modelos já estão se acercando de um estado físico limítrofe, em que a feiura mal se distingue da doença.
   Essa situação tem o conluio de todo o meio da moda, que faz vista grossa da situação, mesmo sabendo das crueldades que são impostas às meninas e das torturas que elas infligem a si mesmas para permanecerem desta maneira: um amontoado de ossos, com cabelos lisos e olhos azuis.
   Uma rede de hipocrisia se espalhou há anos na moda, girando viciosamente, sem parar: os agentes de modelos dizem que os estilistas preferem as moças mais magras, ao passo que os estilistas justificam que as agências só dispõem de meninas esqueléticas. Em uníssono, afirmam que eles estão apenas seguindo os parâmetros de beleza determinados pelo "mercado" internacional - indo todos se deitar, aliviados e sem culpa, com os dividendos debaixo do travesseiro.

  Alguns, mais sinceros, dizem que não querem "gordas", com isso se referindo àquelas que vestem nº 36. Outros explicitam ainda mais claramente o que pensam dessas modelos: afirmam que elas não passam de "cabides de roupas".
   Enquanto isso, as garotas emagrecem mais um pouco, mais ainda, submetidas também a uma pressão psicológica descomunal para manterem, em pleno desenvolvimento juvenil, as características de um cabide.
Um emaranhado de ignorâncias, covardias e mentiras vai sendo, assim, tecido pelo meio da moda, inclusive pelos estilistas mais esclarecidos, que não pesam as consequências do drama (alheio) no momento em que exibem, narcisicamente, suas criações nas passarelas.
   Para uma semana de moda, que postula um lugar forte na sociedade brasileira, é um disparate e uma afronta que ela exiba a decrepitude física como modelo a milhões de adolescentes do país.
   Para a moda como um todo, que vive do sonho de embelezar a existência, a forma como os agentes e os estilistas lidam com essas moças é não apenas cruel, mas uma blasfêmia. Eles, de fato, não estão afirmando a grandeza da vida, mas propagando a fraqueza e a moléstia.
   O filósofo italiano Giorgio Agamben escreveu que as modelos são "as vítimas sacrificiais de um deus sem rosto". É hora de interromper esse ritual sinistro. É hora de parar com essas mistificações da moda, que prega futuros ecológicos, convivências fraternais e fantasias de glamour, enquanto exibe nas passarelas verdadeiros flagelos humanos.


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Segunda Proposta de leitura 




É cada vez mais comum jovens recorrerem a plásticas, sobretudo ao implante de silicone e lipoaspiração

20 de março de 2010

Fabiana Gonçalves - ESPECIAL PARA O SUPLEMENTO FEMININO

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), dos 629 mil procedimentos cirúrgicos estéticos realizados no Brasil entre setembro de 2007 e agosto de 2008, 37.740 (ou 8%) foram feitos em adolescentes. O dado deriva de um estudo inédito, que avaliou o número e o tipo de cirurgias registrados nesse período, tendo como fontes os 3.533 cirurgiões associados. Por falta de dados anteriores, não se sabe como era esse panorama. Porém, médicos atestam que jovens estão recorrendo, cada vez mais cedo, a cirurgias plásticas que, tradicionalmente, são feitas na idade adulta.

"Há cinco, dez anos, queriam corrigir pequenos problemas, como orelha de abano e imperfeições no nariz . Hoje, os adolescentes, em especial as meninas, querem se submeter a uma plástica por outros motivos", assegura o cirurgião plástico Sebastião Guerra, de Belo Horizonte, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica 2010/2011. Segundo ele, assim como ocorre com as mulheres adultas, a maioria das garotas quer aumentar os seios ou fazer lipoaspiração. "As correções de nariz e orelha caíram para terceiro e quarto lugares na lista de procura."

Luís Gustavo Couto Gadioli, 18 anos, faz parte desse grupo. O jovem passou a infância e a adolescência queixando-se das orelhas. "Não era nada que chamasse tanto a atenção dos outros. Mas, para mim, tinha peso. Como tenho cabelo volumoso, era mais fácil de escondê-las. Mas quando cortava os cabelos, ficava complicado." Luís Gustavo diz que isso nunca foi motivo de chacota na escola, mas, mesmo assim, as orelhas eram um problema para ele.

Quando o jovem - que mora em Limeira, no interior do estado - veio para São Paulo, no ano passado, para tentar a carreira de modelo, convenceu os pais sobre a necessidade da cirurgia. Argumentou que até poderia perder trabalhos por causa disso. "Como tinha 17 anos e precisava da autorização dos meus pais, eles me acompanharam desde a primeira consulta médica." O cirurgião alegou que o problema não era tão acentuado, conta ele. Mas prometeu amenizá-lo. "Adorei o resultado."

O cirurgião plástico André de Freitas Colaneri, de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, diz que pacientes como Luís Gustavo são muito comuns. Conta, por exemplo, que operou uma adolescente que, no segundo retorno após a cirurgia, já usava os cabelos curtíssimos, coisa que nunca fazia por causa das orelhas. "Casos como esse são indicados para a cirurgia. E por que deveriam ser adiados?" Mas ressalva: "é claro que o médico deve ter o bom senso de perguntar logo na primeira consulta o porquê da cirurgia. E verificar se há um problema de fato, real, ou se o jovem quer modificar seu corpo para ficar parecido com alguém ou porque está na moda."

Corpo de mulher. Segundo o cirurgião Sebastião Guerra, enquanto os meninos são mais ponderados - pensam, planejam, decidem, desistem -, as meninas estão cada vez mais seguras do que querem. Muitas vezes, já chegam ao consultório dizendo que desejam uma prótese mamária e informando a quantidade de silicone que vão colocar. "Somos reticentes em operar uma adolescente de 13 anos, por exemplo. Mas isso não quer dizer que ela não possa ser operada", ressalva.

O que o cirurgião quer dizer é que não há uma idade mínima para que um jovem se submeta a uma intervenção estética. Mas deve-se tomar cuidado com relação à constituição corporal. "Hoje, uma adolescente de 13, 14 anos já tem o corpo de mulher. Além da autorização dos pais, é preciso fazer uma avaliação médica e, quando necessário, adiar a cirurgia para mais dois anos, no mínimo."

Esse foi o tempo máximo que os pais de Vivian Taniguti Javonne, 16 anos, conseguiram adiar a sua desejada plástica. Desde os 13 anos, a estudante queria colocar próteses de silicone. Para convencê-la de que era muito nova, os pais tentaram outros meios de levantar a sua autoestima. "Ela fez terapia, mas não adiantou. Autorizamos a cirurgia, mas queríamos que ela fizesse pelo menos quando completasse 18 anos, já que ainda está em fase de crescimento", lamenta o analista de sistemas, Vilson Javonne, 62 anos, pai de Vivian.

Mas, de tanto a filha insistir, foi convencido de que seu busto era desproporcional ao seu tamanho e de que isso lhe traria outros prejuízos psicológicos. Os pais decidiram, então, iniciar a busca por cirurgiões filiados à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. "A minha recuperação foi rápida. E acredito que o resultado valeu a pena", opina a adolescente, que trocou o sutiã 40 pelo 44 .

Por ser muito jovem e, por isso mesmo, ter maior propensão para sofrer alterações nos tecidos do corpo, cerca de um mês e meio depois da cirurgia, Vivian começou a notar estrias. "São o maior efeito colateral desse tipo de cirurgia durante a adolescência", afirma cirurgiã Luciana Pepino, de São Paulo. Ela acrescenta que cuidados como a hidratação mamária não anulam o problema. "De modo geral, essas jovens devem tentar adiar ao máximo o implante de silicone. Precisam estar entre o segundo e o quarto ano da primeira menstruação, além disso não devem colocar próteses muito grandes, pois a força da gravidade faz com que esse tecido se rompa, formando as estrias que futuramente podem levar à flacidez."

Fase de mudanças. Para o médico hebiatra (especialista em adolescentes) Mauro Fisberg, é preciso saber se a intervenção pode influenciar de maneira importante a vida do jovem. "Cirurgia plástica reparadora é uma intervenção estética e, ao mesmo tempo, reparadora", afirma. "Pode melhorar muito a autoestima da menina, além de corrigir a postura." Ainda assim, acrescenta, a indicação é a de que a paciente tenha chegado ao que os médicos chamam de "maturação sexual", com mamas no estágio 4 - no tamanho das de uma adulta.

O médico lembra que, atualmente, é comum adolescentes desejarem próteses de silicone como presente de 15 anos ou de formatura. "É preciso avaliar se a adolescente tem mamas realmente pequenas para a sua estrutura e se possui uma caixa torácica suficiente para suportar o tamanho das próteses." Segundo ele, é fundamental saber se a intervenção vai trazer benefícios a longo prazo. "É preciso bom senso dos pais e, principalmente, do cirurgião, pois essas cirurgias podem mudar o padrão de equilíbrio corporal."


O cirurgião plástico José Teixeira Gama é taxativo quando o assunto é intervenção cirúrgica estética em jovens com menos de 18: "Só opero adolescente com a indicação médica, e nunca por estética simplesmente.São muito novos para decidirem sobre mudanças no corpo. Além disso, toda cirurgia traz riscos à saúde e uma cicatriz."


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