Professor Valdeni Cruz
Vendo as Reportagens do
Jornal Nacional sobre a Educação no Brasil percebo que mesmo estando cercado de
limitações, difíceis condições de trabalho e desvalorização da profissão eu sou
um vocacionado ao Magistério. Digo isso porque estou sempre otimista em Sala de
Aula mesmo quando o cenário não é dos mais agradáveis.
Já se foram 13 anos e
aqui estou para dizer que não me arrependo de ter escolhido esta profissão, ou
melhor, esta missão. Lembro-me que quando comecei a lecionar muitos dos meus
colegas professores diziam a seguinte frase: você só está empolgado porque está
começando agora. Eu achava aquilo meio estranho, pois de fato eu era empolgado
no início e olhe que não sabia de nada no que refere a problemática na pratica.
É verdade que o cenário
não era um dos melhores como hoje ainda não é, mas naquele tempo era bem mais. Quando
comecei, ainda como temporário, fui lecionar para jovens e adultos. Deparei-me
com pessoas com aprendizados diferentes, realidades sociais diferentes. Porém, foi
neste cenário que fui lapidando a mim mesmo e a minha pedagogia. Sempre que
finalizava as aulas do dia era uma sensação de alegria e dever cumprido. Muitos
daqueles alunos chegavam completamente desmotivados e ao término da aula eram
outras pessoas. Foram mais ou menos 6 anos dentro desta realidade de ensino.
Iniciei o exercício do Magistério
em 2002 como temporário no município de Pentecoste e já em 2003 já fui premiado
com o Concurso Público. Depois das experiências no ensino de Jovens e Adultos
fui para o ensino regular, de 6º ao 9º. Trabalhei 12 anos seguidos em uma mesma
escola é em um bairro considerado por muitos como uma área de risco.
Em 2006 comecei uma experiência
de trabalho como Professor também no Ensino Médio. Comecei dando aulas como substituiu.
Lembro que uma professora de geografia depois que soube que poderia substituir,
sempre ia em minha casa com o livro na mão e 10 reais dentro. Na primeira vez
que me prontifiquei em substituí-la parece que eu ia para o martírio. Porém,
dentro de mim havia uma confiança de entender que eu iria estar com gente como
eu. Ao chegar à sala de aula tentava impor meu jeito de ser e graças a Deus já
se vão 9 anos de Ensino Médio.
Neste ano de 2014 fui
agraciado em mais um concurso para professor no qual passei para o cargo de
professor de história. Isso me alegrou muito. Continuo acreditando na Educação
como partem fundamental de mudanças de uma sociedade. Luto e me esforço para fazer
meus alunos crerem nisso.
Hoje tenho uma boa compreensão
sobre a situação educacional de meu município. Trabalho com alunos do 8º ao 3º
ano do Ensino Médio e posso dizer com toda a segurança que nós professores
podemos fazer a diferença. É preciso entrar numa sala de sempre como se fosse à
primeira vez. Não podemos ir a sala de aula apenas para falar de um conteúdo; é
preciso ir para estar com eles, junto deles.
Precisamos ser a
diferença na vida de nossos educandos. Faz-se necessário que nos aproximemos
mais deles e sintamos que ali estão pessoas que antes de qualquer coisa passa
por diversos problemas. Muitas vezes antes de querer enfiar um conteúdo qualquer
em suas mentes é melhor conversar sobre qualquer coisa, ganhar a confiança
deles e se conseguirmos tudo se torna mais fácil.
Mas é preciso estarmos
conscientes de que não se faz educação somente com boa vontade. É preciso que
muitas outras coisas aconteçam para mudar de fato a qualidade da educação em nosso País – Estado
- Município para melhorar a educação como um todo e não somente partes
fragmentadas aqui e ali. Tem que se pensar em políticas que vá de encontro a
parte fundamental do processo educacional: o Professor. É ele que faz a
diferença, mas para isso deve-se melhorar e muito a remuneração desses profissionais
bem como as condições de trabalho destes. Não é justo que nossas autoridades vivam
somente de discurso e demagogia; é preciso prática.
Por melhor que seja o professor
não podemos esquecer que ele é gente. Que ele precisa de reciclagem,
reconhecimento em todos os sentidos, do contrario, estaremos tentando enganar a
todos achando que as coisas acontecem por milagre. É preciso respeito à classe
dos trabalhadores da Educação.
Portanto, sejamos nós a
mudança que queremos ser. Nada muda por si só. Antes de tudo é preciso ter consciência
de quem somos para que tenhamos certeza do que queremos. A educação é um
direito essencial de todos e por isso mesmo exige que tudo melhore para que
esta também seja melhorada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário