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A gestão
do quadrinho corporativo da sala de recepção
A maioria das pessoas, que tenha um mínimo de experiência de trabalho,
certamente já passou por problemas com bajuladores. Em empresas maiores, ao
sermos contratados, somos convidados a conhecer o planejamento estratégico da empresa (de longo
prazo). Geralmente, implementado através de um Balanced
Scorecard - BSC. Lá estão descritos os objetivos, metas,
indicadores, missão, visão e valores. Estes artefatos, no geral, nos
sugerem a acreditar que àquela empresa possui um consistente sistema de
monitoramento e controle de gestão.
De fato, é muito interessante que líderes possuam bons indicadores,
objetivos e metas para alcançar. Para isto, em geral, as empresas dividem o seu
mapa estratégico nas 4 perspectivas padrão, que são: "financeira",
"processos internos", "clientes" e "aprendizado e
crescimento".
Aqui vai uma pergunta "difícil":
destas 4, qual delas é realmente valorizada pela maioria das empresas?
Complementando: entre um conflito de metas de uma perspectiva e outra, qual é a
perspectiva que tem maior prioridade?
Acertou quem responde financeira. Tudo bem que os autores Kaplan e
Norton argumentam que o BSC surgiu para ter um equilíbrio de perspectivas e não
ter só a visão financeira...
Mas, Você ainda tem dúvidas? Consulte os indicadores de sua
empresa. Aposto que encontrarás indicadores financeiros (faturamento) sendo
medidos mensalmente, ou em menor periodicidade. Já àqueles de relativos à
satisfação dos colaboradores, às vezes, são mensurados anualmente, através de
instrumentos como pesquisa de clima, não é mesmo?
Não vamos
colocar meta. Vamos deixar a meta aberta mas, quando atingirmos a meta, vamos
dobrar a meta.
Já sabemos que, geralmente, os objetivos financeiros são os mais
valorizadas institucionalmente. Seguimos: uma pergunta interessante poderia
ser:
O que
acontece se os gestores perceberem que não estão conseguindo atingir as
metas?
Para resolver este problema, soube de gestores que mudavam a fórmula de
cálculo dos indicadores, para seu benefício. Um exemplo típico foi a alteração
realizada no indicador de nível de desemprego no Brasil.
Também soube, casos onde se alterou o período de apuração dos
indicadores, para poder maquiá-los.
Um destes, foi o de uma empresa, de cosméticos, que não estava atingindo
os indicadores de satisfação dos colaboradores. A pesquisa era aplicada sempre
em dezembro. Um belo ano, a empresa resolveu mudar o período de aplicação para
março, após fazer a "limpa" anual de demissões, antes do dissídio,
de empregados que não estavam "alinhados" com
seus gestores. Só com este "plano de ação", conseguiram aumentar em
20% a satisfação dos colaboradores. Eu acho que era só para enfeitar, a palavra
"ética" encontrada, em um dos quadrinhos de "missão, visão
e valores", na sala de recepção.
Se as metas são S.M.A.R.T e os gestores forem bons líderes, eles
alcançarão bons resultados. E se não chegarem, conseguirão de fato, apurar as
reais causas e trazer um desempenho superior à média do mercado para suas
empresas. Se entretanto, não possuírem competência gerencial desenvolvida,
precisam encontrar outra forma de sobreviverem corporativamente. Uma forma, é
fazer uso de bajuladores. Ou "puxa-sacos",
como preferirem.
Um fato importante a citar é o seguinte:
Em uma
empresa que prospera a cultura do"puxa-saquismo", os
resultados tendem a diminuir cada vez mais, ao longo do tempo.
Independente se os resultados estão maquiados ou não. Diminui,
igualmente! Isto acontece, porque os melhores profissionais perdem a motivação
quando não há meritocracia, e acabam procurando outros empregos. Uma
parte considerável dos pedidos de demissões, é o funcionário que está se
demitindo do chefe incompetente, e não da empresa, necessariamente.
Os bajuladores são servos, cujas principais características são os
seguintes:
·
Elogiam,
sem motivos;
·
Fomentam
rumores e produzem intrigas;
·
Servem de
informantes;
·
defendem
seus chefes indiscriminadamente;
·
sempre
buscam privilégios e benefícios;
·
manipulam
e são manipulados.
Entretanto, o principal desserviço prestado por eles é este:
Bajuladores
criam um campo de distorção da realidade.
Funciona da seguinte forma: No geral, quando gestores possuem bons
resultados, são valorizados. E o que acontece com aqueles que nada produzem?
Precisam, de alguma forma, aparentar, que sim, para sobreviverem. Desta forma,
utilizam-se de bajuladores, que em troca de privilégios, passam a dar apoio em
decisões de interesse próprio do gestor, que acabam sendo políticas e não
técnicas.
Qual o problema para a empresa, já que ele é o gestor, certo? O problema
é este:
Decisões
técnicas produzem resultados técnicos. Decisões políticas produzem resultados
políticos.
Como os bajuladores criam um campo de distorção da realidade? Quer um
exemplo? Quem já não participou de alguma reunião importante, onde o gestor ao
ser questionado ou criticado, tecnicamente, pelos seus subordinados, não
foi interrompido por um colega bajulador, defendendo o ponto de vista do chefe
sem fundamentação lógica ou dados que embasem o seu pensamento?
Sem
dados, você
é apenas mais uma pessoa com uma opinião.
A bajulação, de certa forma, é utilizada para aumentar o poder do chefe.
Se na reunião citada, ninguém se opusesse, ao ser criticado, o gestor teria
sido obrigado a se posicionar claramente para defender o seu ponto de vista.
Algo extremamente benéfico para a empresa. Com a ajuda do bajulador, o gestor
não precisará se expor.
O maior perigo da bajulação, para o gestor, é que ela cega a visão da
realidade. Um conjunto permanente e periódico de elogios, pode proporcionar ao
elogiado, uma falsa sensação de segurança e inteligência, já que as pessoas
parecem concordar sempre com o seu ponto de vista. Desta forma, este será
sempre agraciado com informações distorcidas, que muitas vezes, não refletem a
gravidade ou a urgência dos problemas. A primeira coisa que eu aconselho aos
novos gestores é o seguinte:
Livre-se
dos puxa-sacos. A bajulação só ocorre com a permissão e o fomento do bajulado.
Lembre-se que quem bajula, busca benefícios. Líderes que trabalham
com meritocracia não toleram bajuladores. Além da questão ética, e de
prejudicar o desempenho da equipe, bajuladores não são confiáveis, pois
procuram ascensão no poder de qualquer forma. Se puxam o saco, também podem
puxar o tapete do chefe, quando este não o for mais útil.
Entretanto, se somos colegas de mesma hierarquia no
trabalho? Não é fácil responder esta pergunta. Acredito que um comportamento
que pode ser eficiente ao ter colegas com este perfil, é realização do seu
trabalho sempre com foco nos resultados para a empresa, e ter dedicação,
ética e conduta ilibada.
Bajuladores
e bajulados caem sozinhos, cedo ou tarde.
A escolha está entre conviver até cair, ou procurar outro
emprego, e não ser prejudicado na carreira. Os melhores profissionais tendem a
escolher a segunda opção.
Abraços,
Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/demitam-os-bajuladores-l%C3%ADderes-competentes-n%C3%A3o-precisam-moura
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