Músicas “evangélicas” convém usar no louvor?
Digo no louvor catolico
Primeiro, sendo bem simples e direto, convém! Não é ideal, mas convém! Deve-se evitar o uso na liturgia, pela necessidade de músicas que contemplem aspectos muito específicos do mistério que se celebra e as músicas evangélicas, com certeza, não conseguem toca-los.
Porém não podemos simplesmente dizer pronto, pode, Êêêêee…. E sairmos por ai tocando qualquer música evangélica a torto e a direito. É necessário termos cuidado no discernimento de que canções usar, não deixando também que estas canções sejam as que mais se destacam em nosso repertório já que, como católicos, possuímos uma tradição imensamente rica.
O maior cuidado que precisamos ter diz respeito à doutrina mesmo. Em muitas canções evangélicas há correntes e doutrinas contrárias, às vezes expressas de modo muito sutil, daquilo que professa e crê a fé católica. Um exemplo é tudo que gira em torno da ‘teologia da prosperidade’, tão em voga há tantos anos. Outro exemplo são as canções que tentam banir a experiência de dor, purificação e de cruz da dinâmica da vida espiritual, o que nós sabemos que é completamente contrário a imagem do Cristo Ressuscitado que ainda traz em seu corpo as “marcas da paixão”.
Outro aspecto é que precisamos valorizar a música católica mesmo. Anos atrás até se compreendia que se usasse muita música evangélica pela carência de artistas católicos, mas hoje, não é esta a realidade. Graças a Deus a música católica cresceu muito, e precisamos valorizar o que é nosso, sabendo que não estamos valorizando apenas o artista, mais a nossa fé, a nossa doutrina, a Igreja verdadeiramente fundada pelo Senhor.
É importante ressaltar que os evangélicos, em sua maioria, dificilmente utilizariam uma música católica num culto, mas não acho que devemos agir assim. Creio que devemos valorizar a música católica, dar prioridade a ela, mas se uma música evangélica nos leva pra Deus, se é capaz de ser um bom instrumento e canal de evangelização, e em sua letra não há nada que fira a nossa doutrina, com muita alegria e gratidão a podemos utilizar sim.
Acredito que precisamos também fazer uma crítica aos músicos católicos. Se hoje, as pessoas querem cantar músicas evangélicas é por que possuem uma necessidade que a música católica pode ainda não estar suprindo. Assim precisamos nos avaliar e ao invés de querermos criar sindicatos obrigando as pessoas a catarem isso ou aquilo, precisamos conseguir com humildade, oração e trabalho “conquistar” as pessoas para nossas composições, nossa fé. É bem verdade que as vezes no universo da música católica, não é tão fácil encontrarmos músicas que sejam expressão de poder de Deus, de louvor, de batalha espiritual, de adoração, de unção, de vida carismática. Acredito que este seja um aspecto que os artistas católicos precisem cuidar mais, crescer e criar.
Gostaria de aproveitar a oportunidade para fazer um convite especial aos cantores e compositores católicos: A redescobrirmos a riqueza da nossa liturgia e tradição. Mergulhando na liturgia oriental, na liturgia das horas, nos hinos milenares da nossa Igreja, na Patrística, na riqueza dos diversos ritos, como o Melquita… Chega a ser desproporcional o que produzimos de forma “intuitiva” diante do que nos apresenta a experiência milenar da Igreja, o trabalho de inúmeros santos, teólogos, poetas, monges, que foram aprofundando a compreensão do mistério. Garanto que se trilharmos este caminho não teremos espaço nem necessidade das musicas evangélicas.
WILDE FABIO, COMUNIDADE SHALOM
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