sábado, 16 de fevereiro de 2013

Desertificação - Fortaleza perde evento mundial para a Alemanha

 
Por problemas na agenda brasileira, a 2 ª conferência da ONU sobre tema é transferida para Bonn
A confirmação da notícia de que a 2ª Conferência Científica da Convenção das Nações Unidas (ONU) sobre Combate à Desertificação (UNCCD) será realizada em Bonn, na Alemanha, nos dias 9 a 12 de abril, e não em Fortaleza, como o governo brasileiro chegou a divulgar antes, foi recebida com estranhamento e indagações por especialistas da área de meio ambiente.

O processo de desertificação atinge grande parte do território cearense, predominantemente, nos municípios de Jaguaretama (17%), São João do Jaguaribe (8,74%), Jaguaribara (8,4%) e Alto Santo
 
(7,02%) Foto: Cid Barbosa


O evento estava previsto, inicialmente, para o período entre os dias 4 e 8 de fevereiro de 2013 no Centro de Eventos. Porém, em sua última comunicação, no dia 31 de janeiro de 2013, a Embaixada do Brasil na Alemanha sugeriu ao Secretariado a indicação de nova data em maio. Diante dessa indefinição, a UNCCD decidiu realizar a Conferência na cidade-sede de sua direção, em Bonn, no mês de abril.

O próprio ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antônio Raupp, veio à Capital para lançar oficialmente o evento no Palácio da Abolição, sede do governo do Estado do Ceará, no dia 23 de agosto do ano passado. Matérias sobre o assunto foram divulgadas no site do governo cearense.

Segundo o ministro, Fortaleza teria sido escolhida para sediar o evento por já ter sido sede de dois outros encontros importantes, a Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semiáridas (Icid) de 1992 e 2010.

Além disso, o Ceará é um dos estados mais atingidos pela desertificação, e os debates sobre a questão seriam mais do que apropriados. De acordo com estudos da ONU, no Brasil, as Áreas Susceptíveis a Desertificação (ASD) abrangem 1.201 municípios. As ASD fazem parte dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba Pernambuco, Alagoas, Sergipe e norte de Minas Gerais, abrangendo uma população de cerca de 32 milhões de habitantes e totalizam 15,72% do território nacional. Elas atingem ainda os biomas cerrado e caatinga, que é exclusivamente brasileiro.

A conferência na Capital estava praticamente acertada. O Estado seria um dos financiadores do evento, em parceria com o governo federal e a ONU. A parte das Nações Unidas será de aproximadamente US$ 2 milhões. Já o governo federal deveria contribuir com US$ 600 mil, a serem cobertos pelo Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Integração nacional.

A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece) ainda irá se pronunciar oficialmente sobre a questão após avaliar mudança.

Sem agenda
Para o economista e ambientalista Antônio Rocha Magalhães, a questão pegou realmente no nível federal. "O que foi alegado foi que não haveria tempo. Uma pena", lamenta.

Segundo ele, basicamente, o governo brasileiro retirou a oferta de sediar a Conferência porque não houve tempo de cumprir todos os trâmites, que incluiam a negociação e aprovação de um Acordo de Sede pelo Senado Federal, depois de submetido pelo governo. A Conferência chegou a ser adiada de fevereiro para o fim de abril, mas ainda assim não houve tempo. Estavam envolvidos os Ministérios do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia e Integração Nacional, além do Itamaraty.

LÊDA GONÇALVESREPÓRTER
 
Fonte: Diário do Nordeste

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