Além do anseio de maior diálogo com esse setor, religiosos cobram do Estado mais atenção e políticas públicas
O tema da Campanha está no clima da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá em julho deste ano, no Rio de Janeiro Foto: Edilene VasconcelLos
Completando ´bodas de ouro´, a Campanha da Fraternidade de 2013 aposta nos jovens e na renovação da Igreja Católica. Este ano o tema será "Fraternidade e Juventude" e o lema "Eis-me aqui, envia-me!". Tudo já no clima da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá em julho, no Rio de Janeiro.
Além do anseio de maior diálogo com esse setor, religiosos também cobram do Estado mais atenção e políticas públicas. Como bandeira política está o repúdio à redução da maior idade penal e ao extermínio dos adolescentes nos centros urbanos.
De acordo com informe oficial da Campanha, a mensagem tem como objetivo geral "acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para o seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz", aponta. Em Fortaleza, a abertura da Campanha ocorre hoje, na Catedral Metropolitana, às 18h30, com a Celebração Eucarística de abertura da Quaresma, presidida pelo arcebispo, Dom José Aparecido Tosi.
São muitos os desafios postos para esse momento: a violência social, a falta de direitos, a dificuldade de renovação da Igreja e de mais diálogo, a autoestima, os sonhos destruídos e a falta de fé e esperança.
Anseio
"Ajudar a juventude não deve ser só uma meta, mas um anseio de que eles sejam estimulados a também serem protagonistas dos seus processos. Deve ser momento também de conversão pessoal e eclesial. É um convite para que a sociedade e a Igreja olhe mais para a juventude, como se acolhe esse jovem e como se ajuda", afirma Joilson de Souza Toledo, irmão Marista e membro da Comissão de Assessores da Pastoral da Juventude.
Ele comenta também da força política da Campanha, de como pode ajudar os jovens mais vulneráveis e reduzir a violência, e chegar a uma conquista da paz social. "Não se resolve nada com repressão, mas sim oferecendo políticas públicas para os jovens, garantindo oportunidades de vida e fé", destaca Souza.
E não faltam fieis empolgados com esse novo momento da Igreja. Para Thiago Silveira, membro de grupos de jovens, a Igreja precisa escutar e acolher mais (afetivamente e efetivamente) a juventude que é plural. "Dialogar com tanta diversidade não é fácil, mas é necessário para o tempo de hoje. Nós, da Pastoral da Juventude, achamos que esse é um momento oportuno para refletir sobre a juventude em todos os seus aspectos e espaço de atuação, por isso estávamos ativamente não só participando das atividades, mas construindo-as junto com as comunidades e outros grupos", relata Silverio.
O momento exige, além de reflexão, muita comemoração: em 2013, a Campanha está realizando 50 anos de efetivação no País. Para marcar o momento, o Santuário de Fátima, na Avenida 13 de Maio, estará, na quarta-feira, acolhendo uma exposição com todos os cinquenta cartazes e temáticas desse período. As missas na Igreja de Fátima começam às 5h e seguem até às 20h. Serão 11 celebrações.
A Campanha da Fraternidade começou em 1961. Três padres responsáveis pela Cáritas Brasileira idealizaram uma campanha para arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição e torná-la autônoma financeiramente.
A atividade foi chamada Campanha da Fraternidade e realizada pela primeira vez na quaresma de 1962, em Natal-RN, com adesão de outras três dioceses e apoio financeiro dos Bispos norte-americanos. No ano seguinte, 16 dioceses do Nordeste realizaram a campanha. Não teve êxito financeiro, mas foi o embrião de um projeto anual dos Organismos Nacionais da CNBB e das Igrejas Particulares, realizado na perspectiva das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja.
Este projeto se tornou nacional no dia 26 de dezembro de 1963, com uma resolução do Concílio Vaticano II. O projeto realizou-se pela primeira vez na quaresma de 1964. Ao longo de quatro anos seguidos, os Bispos ficaram hospedados na mesma casa, em Roma, participando das sessões do Concílio e diversos momentos de reunião, estudo, troca de experiências. Nesse contexto, nasceu e cresceu a Campanha da Fraternidade.
Religiosos jejuam durante a Quaresma
A aposentada Amália Cruz, 72 anos, ainda se esforça para jejuar. Apesar do peso da idade, acredita na penitência como forma de renovação da alma. "Não faço isso sempre, só um dia ou outro. É como se eu limpasse meu corpo do pecado. É uma pena mais quase ninguém fazer jejum", conta a idosa, emocionada com o simbolismo da quarta-feira de Cinzas.
A palavra Quaresma vem do latim quadragésima e é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecedem a festa ápice do cristianismo: a Ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no famoso Domingo de Páscoa. Na Quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quinta-feira da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa.
Para Padre Ivan de Souza, pároco do Santuário de Fátima, esse momento é de recomeço. "O período é reservado para a reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando ao crescimento espiritual", finaliza.
IVNA GIRÃOREPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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