DISCURSO
Audiência à delegação da Federação Luterana Mundial e aos membros da comissão luterano-católica para a unidade
Segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs luteranos e queridos irmãos católicos,
Com prazer dou as boas vindas a todos vocês, Delegação da Federação Luterana Mundial e Representantes da Comissão para a Unidade luterano-católica. Este encontro segue aquele, muito cordial e de bom grado, que tive com o senhor, estimado bispo Younan, e com o Secretário da Federação Luterana Mundial, Reverendo Junge, em ocasião da celebração do início do meu ministério como Bispo de Roma.
Olho com sentido de profunda gratidão ao Senhor Jesus Cristo, aos numerosos passos que as relações entre luteranos a católicos deram nas últimas décadas, e não somente através do diálogo teológico, mas também mediante a colaboração fraterna em múltiplos âmbitos pastorais e, sobretudo, no empenho em progredir no ecumenismo espiritual. Este último constitui, em certo sentido, a alma do nosso caminho rumo à plena comunhão e nos permite colher desde já alguns frutos, mesmo se imperfeitos: à medida que nos aproximamos com humildade de espírito do Nosso Senhor Jesus Cristo, estamos seguros de nos aproximarmos também entre nós e à medida que invocamos ao Senhor o dom da unidade, estamos certos de que Ele nos tomará pela mão e será nosso guia. É necessário deixar-se levar pelas mãos do Senhor Jesus Cristo.
Este ano, como resultado do diálogo teológico, que completa agora 50 anos, e em vista da comemoração do quinto centenário da Reforma, foi publicado o texto da Comissão para a Unidade luterano-católica, de significativo título: “Do conflito à comunhão. A interpretação luterano-católica da Reforma em 2017”. Parece-me realmente importante para todos o esforço de se colocar em diálogo sobre a realidade histórica da Reforma, sobre as consequências e sobre respostas que a essa são dadas. Católicos e luteranos possam pedir perdão pelo mal causado uns aos outros e pelas culpas cometidas diante de Deus e, juntos, alegrarem-se pela nostalgia de unidade que o Senhor despertou nos nossos corações e que nos faz olhar adiante com um olhar de esperança.
À luz do caminho destas décadas e de tantos exemplos de comunhão fraterna entre luteranos e católicos dos quais somos testemunhas, confortado pela confiança na graça que nos é doada no Senhor Jesus Cristo, estou certo de que saberemos levar adiante o nosso caminho de diálogo e de comunhão, abordando também as questões fundamentais, bem como nas divergências que surgem em campo antropológico e ético. Certo, as dificuldades não faltam e não faltarão, vão requerer ainda paciência, diálogo, compreensão recíproca, mas não se assustem! Saibam bem – como muitas vezes nos recordou Bento XVI – que a unidade não é primeiramente fruto do nosso esforço, mas da ação do Espírito Santo ao qual ocorre abrir os nossos corações com confiança para que nos conduza sobre os caminhos da reconciliação e da comunhão.
O Beato João Paulo II perguntava-se: “Como anunciar o Evangelho da reconciliação sem ao mesmo tempo empenhar-se em trabalhar pela reconciliação dos cristãos? (Cart. Apost. Ut unum sint, 98). A oração fiel e constante nas nossas comunidades possa apoiar o diálogo teológico, a renovação da vida e a conversão dos corações, a fim de que, com a ajuda de Deus Uno e Trino, possamos caminhar rumo ao cumprimento do desejo do Filho, Jesus Cristo: que todos sejam um. Obrigado.
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