sábado, 7 de dezembro de 2013

Educação: mais uma vergonha

OPINIÃO / JUACY SILVA

Desde 2.000 a cada três anos a OECD –União Européia, realiza uma avaliação de estudantes de seus países-membros e de outros continentes. Em 2012 foi realizada pela quinta vez o PISA , sigla em 

inglês que significa avaliação de desempenho de alunos com 15 anos e que geralmente estão no início do ensino médio.

Os resultados que vieram a público há poucos dias representam a avaliação de mais de 500 mil alunos de 65 países, que representam em torno de 80% do PIB mundial, inclusive o Brasil. Estiveram presentes alunos das redes públicas e particulares, em diferentes níveis de gestão e regiões, de ambos os sexos e diferentes níveis sócioeconômicos. O PISA é uma verdadeira radiografia da qualidade da educação nas áreas de ciências, leitura e matemática e, em parte, serve para que os respectivos governos possam identificar as deficiências de seus sistemas educacionais e buscarem uma educação de qualidade.

O Brasil, como vem acontecendo há algumas décadas, está sempre no “rabo” da fila, uma vergonha para um país cujos governantes tanto se ufanam de suas ações e jamais se preocupam em perceber como nosso país se encontra em relação ao resto do mundo.

Nesta última avaliação do PISA, o Brasil ficou na 58ª posição em matemática, que foi a área de enfoque principal e 53ª em leitura e ciências. Apenas 7 países dos que participaram da avaliação obtiveram resultados piores do que o Brasil, enquanto 57 estão `a nossa frente. Apesar disso somos a oitava economia do planeta e o 72a país com maior nível de corrupção e um dos primeiros em violência e mortes no trânsito e homicídios.

"Curioso em tudo isso é que o Brasil foi considerado como o país que mais “avançou” em matemática. "


Curioso em tudo isso é que o Brasil foi considerado como o país que mais “avançou” em matemática. Em doze anos passamos de 334 pontos para 391, ou seja, 57 pontos; em leitura de 396 pontos para 410, apenas 14 pontos e em ciências de 375 para 405 pontos. Fazendo os cálculos , em doze anos, a média anual de de melhoria em pontos foi de 4,75 em matemática; de 1,17 em leitura e 2,5 pontos em ciências.

No entanto, apesar do Ministro da Educação mostrar-se otimista e quase eufórico quanto ao desempenho do Brasil, quando comparamos os resultados de 2009 (final do governo Lula) e 2012, meados do Governo Dilma, a situação ainda é mais vergonhosa. Em leitura passamos de 412 pontos em 2009 para 410 em 2012; em matemática o salto foi de 386 para 391 pontos e em ciências permanecemos no mesmo nível, ou seja, 405 pontos.

Se considerarmos os resultados obtidos pelos estudantes sul coreanos, cujas médias foram em matemática 554 pontos; leitura 536 pontos e ciências 538 pontos percebemos que existe uma grande diferença entre os dois países. A Coreia do Sul ocupa a 5ª posição e o Brasil 58ª. , ressaltando que por volta das décadas de 1950 e 1960 a Coréia do Sul apresentava indicadores educacionais semelhantes ao Brasil, inclusive altas taxas de analfabetismo e naquela época estava sendo fustigada por uma Guerra interna, que acabou provocando a divisão do país entre as Coreias do Sul e do Norte.

Se consideramos os “avancos” conseguidos pelo Brasil nos últimos doze anos e o diferencial de pontos entre o Brasil e a Coreia do Sul, vamos precisar 34,3 anos para atingirmos os resultados que aquele país asiático conseguiu em 2012 em matemática; 53,2 para alcançarmos a marca conseguida em ciências e 107,7 anos para conquistarmos os resultados obtidos pelo referido país em leitura.

Todavia, é importante separar no período considerado, os primeiros três anos do Governo FHC e nove anos seguintes de governo do PT, sete de Lula e dois de Dilma. Se o leitor tiver um pouco mais de curiosidade pode também analisar os resultados do PISA durante o atual governo (Dilma) quando em leitura houve queda de desempenho de 412 pontos emm 2009 para 410 pontos em 2012; em ciência nada mudou, tanto em 2009 quanto em 2012 o resultado foi de 410 pontos, e em matemática passou de 386 para apenas 391.

Aplicando-se o mesmo raciocínio anterior, ou seja, quantos anos o Brasil vai precisar para atingir os resultados que a Coréia do Sul conseguiu em 2012, tendo como parâmetro do “excelente” desempenho durante o governo do PT, que tanto entusiasmo causou ao Ministro da Educação, em matemática vamos precisar 41,8anos; em ciências 78,2 anos e, pasmem, em leitura 157,5 anos. Será que nossa educação está no rumo certo?

Um ultimo aspecto que deveria envergonhar nossos governantes. Enquanto apenas 6.6% dos estudantes coreanos obtiveram notas de no máximo nível um (em seis níveis) em ciências, 53,7% dos estudantes brasileiros ficaram do nível um para baixo. Em matemática 67,1% dos estudantes brasileiros ficaram do nível um para baixo e apenas 9,1% dos coreanos estão nesta situação. O mesmo ocorreu em leitura: Brasil nível um ou abaixo ficaram 18,8% e Coreia 3%.

O desempenho dos estudantes dos diversos Estados, principalmente das regiões norte, nordeste e de MT, ficaram abaixo da média nacional. Ai podemos imaginar o que nossos governantes estão construindo para assegurar um desenvolvimento verdadeiro pelas próximas décadas. Educação exige qualidade de verdade e não demagogia e mentiras oficiais.

Enfim, os resultados do PISA apenas confirmam o que tem acontecido no ENEM e o que tantos outros estudos vem demonstrando: a qualidade da educação brasileira é extremamente baixa e compromete nosso futuro enquanto nação, pois afeta diretamente os aspectos da geração de conhecimento e no nosso desenvolvimento científico e tecnológico. Parece que nossos governantes de plantão ainda não perceberam o crime que está sendo cometido contra nosso futuro!

JUACY DA SILVA
 é professor universitário, titular e aposentado UFMT

Nenhum comentário:

Piso salarial do professor: saiba quem tem direito ao reajuste nacional

  Presidente Jair Bolsonaro divulgou na tarde de hoje (27) um reajuste de cerca de 33% no piso salarial do professor de educação básica; con...