quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

ENCERRAMENTO DO CURSO PROFESSOR APRENDIZ – CREDE 2 – ITAPIPOCA



Hoje, 04 de Dezembro de 2013, foi o encerramento do Curso Professor Aprendiz de Geografia. O curso teve um total de 3 encontros presenciais. O tema trabalhado nos encontros foi sobre Atividade Agropecuária no Brasil. Foram encontros maravilhosos, onde tivemos muitas discussões sobre o homem do campo, suas dificuldades de viver na terra, a convivência com o semi-árido, período das secas etc. Também foi bastante discutido durante os encontros a questão do êxodo rural, que é quando o homem do campo não tendo condições de sobrevivência onde mora, sente-se obrigado a procurar melhores condições evadindo-se de sua terra.  

Mas o que fechou mesmo o curso foi encerramento. Neste o professor monitor nos levou para conhecer de perto uma Escola do Campo. Escola esta voltada para a formação dos alunos do campo, de assentamento. O Professor Roberto Santos, nosso formador, conseguiu nos levar para conhecer a escola, como é o seu funcionamento e um pouco da realidade educacional da citada escola.

Ao chegarmos ficamos surpreendidos com a beleza da Escola. Uma estrutura digna daquele povo. Uma comunidade que já existe há 30 anos e que lutaram e lutam durante todos estes anos para que tivessem direito a uma escola voltada para a realidade da comunidade. A Escola chama-se Maria Nazaré. O nome faz é uma homenagem a uma das lutadoras pelo direito das mulheres. A mesma está situada no Assentamento Maceió. Assentamento este que é fruto da luta pela terra na década de 1980, a comunidade está localizada no distrito de Marinheiros, em Itapipoca (distante 60 km da sede do município e 170 de Fortaleza). O local conta com as praias de Apiques e Maceió, onde na maré baixa é possível ver os recifes costeiros da região. Há ainda campos de dunas, lagoas, riachos e mata de tabuleiro. A população é estimada em 800 famílias, distribuída em 10 diferentes comunidades que vivem da agricultura, criação de pequenos animais, da pesca e do artesanato, todos de base familiar

Ainda tratando da escola, ao chegarmos fomos recebidos pelos alunos e pelos funcionários. Logo em seguida, a Diretora da Escola, Simone, que de forma resumida, mas muito concisa em sua fala, tentou nos relatar um pouco de história da comunidade para que aquela escola fosse construída ali. Segundo ela foi muita luta para que se pudesse conquistar aquele sonho. De acordo com a Direta, hoje no ceará tem apenas 4 Escolas naquele modelo no Estado Ceará, mas que em breve muitas outras serão inauguradas.

O que ficou claro para nós presentes durante a fala dela foi quanto ao amor pela terra, pelo chão onde eles residem. Eles têm um sentimento de pertença, de coletivo, de construir o bem para a comunidade. Ela foi relatando as dificuldades que os Sem-Terra enfrentam pelo Brasil a fora e que somente há alguns anos atrás foi que se pensou numa educação que contemplasse o homem do campo, mesmo assim, ainda falta muito para que o governo entenda que é preciso pensar em políticas voltadas para a realidade do campo. Que este homem do campo tenha condições de fato, viver e tirar o seu sustento da própria terra em que ele vive; que ele não sinta necessidade de sair de sua localidade para procurar ou sonhar com um futuro melhor. É preciso que os governos invistam na educação do povo do campo para que estes cresçam cientificamente, tecnologicamente dentro de suas próprias realidades. Ter escolas votadas para estas realidades já é um começo. Ainda segundo a fala da Diretora, eles sentem-se um pouco presos por não conseguirem desenvolver suas práticas pedagógicas como lhe apraz, pois o Estado como que podam seus ideais próprios, ou seja, ainda não entenderam que eles têm um jeito próprio de viver e que o Estado não compreende e, portanto, impede que eles deem passos maiores segundo o que sentem vontade e o que seria ideal para eles.

Outro ponto que nos deixou imensamente curiosos foi quanto ao sentimento de luta e unidade em torno que eles desejam pra si. Eles têm consciência de que tem direito a serem assistidos pelo poder público e que por conhecer seus direitos lutam com todas as forças para conseguirem. Para isso eles não ficam de braços cruzados não. O tempo todo montam estratégias de como continuar melhorando e atingindo seus objetivos enquanto comunidade.

Depois da visita na Escola, fomos à praia de apiques, onde conhecemos os coletores de algas. Foi lindo ver várias famílias juntas. As crianças colhendo as algas e pequenos feixes e para em seguida colocarem uma carroça conduzida por um boi. Isso também nos chamou a atenção, pois temos costume de ver carroças sendo conduzidas por burros. Estas algas que eles recolhem geram renda para as famílias. Outra fonte de renda das famílias desta localidade é pesca. Vimos também muitas pessoas passarem com peixes para vender

Mas o melhor estava por vir: o almoço na cada de nosso formador, Roberto Santo. O homem preparou um almoço arretado para nós. Ele e sua esposa Socorro. Foi realmente uma recepção digna de sua pessoa. Além disso, cada professor levou alguma iguaria de sua terra. Ao final do almoço devoramos tudo. Dentre estes citamos doce deleite, de caju, cocadas, queijo, mangas, bolo de milho... O povo saiu saciado.

Precisamos dizer que o nosso formador é realmente um homem que educa com a vida, com sua simplicidade, com seu jeito de cativar. Ele foi extremamente gentil, juntamente com sua família. Demonstra um amor pelo seu lugar, pelo seu povo. Gosta de compartilhar e não precisa fazer nenhum esforço, pois é natural de sua pessoa. Todos foram unânimes em dizer que o ele passou para nós.

Muito mais do que nos mostrar conteúdo de livros, teorias, ele mostrou como se vive na pratica. Não é para desmerecer ninguém, mas este foi um dos melhores cursos que já fiz na crede 2. Precisamos dizer que foi um sucesso. Curso que jamais esqueceremos e que terá grande impacto em nossas praticas pedagógicas futuras.


Muito grato por ter sido enviado pela minha, Escola Etelvina Gomes Bezerra para participar deste curso. Grato também pelo nosso professor e aos colaboradores da Crede 2 que nos proporcionaram este momento. 

Confira abaixo as imagens


Vista esterna da Escola 

Vista interna

Vista interna 

Vista interna


Professor Roberto Santos converso com os cursistas

Diretora da Escola - Simone

Praia de Apiques

Cursistas caminhando pela prais

Local da praia de Apiques onde se recolhe algas

Carroça puxada por bois

Feixe de algas recolhidas

As algas sendo transportadas

Cursistas na cada do Roberto depois do almoço.

Foto oficial dos cursista na despedida

Roberto Santo e sua esposa Socorro

Artigo e imagens do Professor Valdeni Cruz

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