quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Evangelho do dia

Quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Tempo do Natal depois da Epifania, 2ª Semana do Saltério, Livro I, cor Litúrgica Branca

SantosCarlos Marchioni (franciscano), Cira de Kilkeary (virgem), Emiliana de Roma (virgem), Gaudêncio de Gnesen (monge, bispo), Geríaco de Valkenberg (eremita), João Nepomuceno Neumann (bispo de Filadélfia), Simeão, o Estilita (eremita da Síria), Sinclética da Macedônia (virgem), Talida de Antinoé (virgem), Telésforo (papa, mártir), Alacrino de Casamari (monge, bispo, bem-aventurado), Diego José de Cádiz (presbítero, bem-aventurado), Maria Repetto (religiosa, bem-aventurada).

AntífonaO povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. (Is 9,2)

OraçãoÓ Deus, luz de todas as nações, concedei aos povos da terra viver em perene paz e fazei resplandecer em nossos corações aquela luz admirável que vimos despontar nos povo da antiga aliança. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.


Leitura: I Carta de São João (1Jo 4, 11-18)O Pai enviou o seu Filho como salvador do mundo

11Caríssimos, se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. 12Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece conosco e seu amor é plenamente realizado entre nós. 13A prova de que permanecemos com ele, e ele conosco, é que ele nos deu o seu Espírito. 14E nós vimos, e damos testemunho, que o Pai enviou o seu Filho como salvador do mundo. 15Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece com ele, e ele com Deus.

16E nós conhecemos o amor que Deus tem para conosco, e acreditamos nele. Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele.17Nisto se realiza plenamente o seu amor para conosco: em nós termos plena confiança no dia do julgamento, porque, tal como Jesus, nós somos neste mundo. 18No amor não há temor. Ao contrário, o perfeito amor lança fora o temor, pois o temor implica castigo, e aquele que teme não chegou à perfeição do amor. Palavra do Senhor!


Comentário da I Leitura
Se nos amamos, Deus permanece conosco

A vida cristã age em dupla dimensão: vertical e horizontal. A primeira nos faz tomar consciência do amor infinito do Pai que "mandou seu Filho como salvador do mundo" (versículo 14) e quer viver em nós (versículo 16). A perfeita união realiza-se particularmente na comunhão eucarística: nossa carne, nosso sangue misturam-se à carne e ao sangue de Deus; somos transformados e divinizados. "Não somos nós que transformamos Deus em nós - afirma Santo Agostinho - mas somos transformados nele".

A segunda dimensão do amor fraterno, o amor aos irmãos, é uma consequência e um sinal do amor de Deus (versículo 12). Também este aspecto da caridade fraterna tem sua plena realização na Eucaristia: "Participando realmente do corpo do Senhor ao romper do pão eucarístico, somos elevados à comunhão com ele e entre nós". Este amor torna-se no cristão força transformadora e operativa, capaz de afugentar todo temor (versículo 18). [MISSAL COTIDIANO, Paulus, 1997]


Salmo: 71(72)[1], 2.10-11.12-13 (R/.cf.11)
As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!

1Dai ao rei vossos poderes, Senhor Deus, vossa justiça ao descendente da realeza! 2Com justiça ele governe o vosso povo, com equidade ele julgue os vossos pobres.

10Os reis de Társis e das ilhas hão de vir e oferecer-lhe seus presentes e seus dons; e também os reis de Seba e de Sabá hão de trazer-lhes oferendas e tributos. 11Os reis de toda a terra hão de adora-lo, e todas as nações hão de servi-lo.

12Libertará o indigente que suplica e o pobre ao qual ninguém quer ajudar. 13Terá pena do indigente e do infeliz, e a vida dos humildes salvará.

Leituras paralelas para este salmo completo: 2Sm 23, 1-7


Evangelho: Marcos (Mc 6, 45-52)
Jesus caminha sobre as águas

Depois de saciar os cinco mil homens, 45Jesus obrigou os discípulos a entrarem na barca e irem na frente para Betsaida, na outra margem, enquanto ele despedia a multidão. 46Logo depois de se despedir deles, subiu ao monte para rezar. 47Ao anoitecer, a barca estava no meio do mar e Jesus sozinho em terra. 48Ele viu os discípulos cansados de remar, porque o vento era contrário. Então, pelas três da madrugada, Jesus foi até eles andando sobre as águas, e queria passar na frente deles.

49Quando os discípulos o viram andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e começaram a gritar. 50Com efeito, todos o tinham visto e ficaram assustados. Mas Jesus logo falou: "Coragem, sou eu! Não tenhais medo!" 51Então subiu com eles na barca. E o vento cessou. Mas os discípulos ficaram ainda mais espantados, 52porque não tinham compreendido nada a respeito dos pães. O coração deles estava endurecido. Palavra da Salvação!

Leituras paralelas: Mt 14, 22-33; Jo 6,16-21


Comentário o evangelho
"Coragem, sou eu! Não tenhais medo!"

Jesus e os discípulos se despedem do povo. Ele fica sozinho no monte para orar, assim como fazia Moisés e Elias, pois a oração faz parte da sua missão e pode ser preparatória para um acontecimento importante; os discípulos entram na barca e seguem para o mar (da Galileia) durante toda aquela noite. Eis que se aproxima a aurora, momento oportuno do auxílio divino e então Jesus caminha sobre a água. Os discípulos não são capazes de reconhecer o Mestre; pelo contrário, sentem medo frente ao “fato inusitado”. Jesus se identifica: “Sou eu”. O Antigo Testamento, sobretudo no Pentateuco, nos lembra da clássica frase da auto apresentação de Javé: “Eu sou”. E Jesus conclui com a clássica frase de salvação: “não temais”. Mesmo assim os discípulos continuam sem entender, ou seja, para usar a expressão usual do momento, a “ficha ainda não havia caído” e só cairia após a ressurreição do nosso Senhor.

Os evangelistas sempre apresentam o caráter de um Jesus que sempre recorre à oração, não apenas para dar exemplo e testemunho, mas inda porque se sente verdadeiro homem necessitado, portanto, em sintonia com Deus. Confortado pela oração, aproxima-se Jesus dos discípulos já desanimados. Quantas vezes nos sentimos também desanimados pela correria, às vezes até sem sentido, do dia a dia: desilusão, a falta de fé, desconfiança, incompreensões, provocações que a vida nos reserva, sacudidas pelo vento de tendências opostas, desatinos. Já diria Jó: “A vida do homem é uma luta” (Jó 7,1). O “planejamento estratégico” do homem consiste em identificar qual é o verdadeiro sentido da sua vida, para só depois corrigir ou aperfeiçoar o seu rumo.

Jesus está sempre a nos lembrar: “Coragem, sou eu, não temais!”. Quando estamos na tribulação, quase sempre esquecemos que junto a nós há a presença divina que pode até não nos tirar das dificuldades naquele momento pontual (nem sempre entendemos os desígnios do Senhor), mas sempre está a nos estender as suas mãos nos propondo soluções, nos “ensinando a pescar”. Tais saídas muitas vezes só são vislumbradas pelas lentes da oração através da fé e da determinação dos discípulos.Coragem! [Everaldo S. Salvador, ofs; edd@mundocatolico.com.br]

Oração da assembleia (Liturgia Diária, Paulus)
Abençoai e protegei, Senhor, o papa, os bispos, padres e diáconos: Ouvi, Senhor, a nossa oração.
Iluminai os ministros e agentes de pastoral da comunidade.
Renovai o amor dos vossos filhos e filhas.
Guardai-nos em vossa paz e livrai-nos do apego a falsas seguranças.
Fortalecei nossa fé em vosso Filho, Jesus Cristo.
Pelas pessoas que deram algo de si para a melhoria da sociedade.
(Outras intenções)

Oração sobre as Oferendas:
Concedei, ó Deus todo-poderoso, fonte da verdadeira piedade e da paz, que vos honremos dignamente com estes dons e, pela participação nestes mistérios, reforcemos os laços que nos unem. Por Cristo, nosso Senhor.

Antífona da comunhão:
A vida que estava no Pai manifestou-se e apareceu aos nossos olhos (1Jo 1,2).

Depois da Comunhão:
Ó Deus, que o vosso povo, sustentado com tantas graças, possa receber hoje e sempre os dons do vosso amor para que, confortado pelos bens transitórios, busque mais confiantemente os bens eternos. Por Cristo, nosso Senhor.

Santo João Nepomuceno Neuman

João Nepomuceno nasceu na Boêmia, atual Eslováquia, no dia 28 de março de 1811, filho de Felipe Neumann e Agnes Lebis. Frequentou a escola em sua cidade natal e entrou para o seminário em 1831. Era autodidata, por isto, sua educação acadêmica foi aprimorada com o domínio e fluência de vários idiomas.

João completou a preparação para o sacerdócio em 1835. Desejava ser padre logo, porém o bispo suspendeu as ordenações, pelo excesso de padres nas dioceses da Boêmia. Mas João não desistiu. Aprendeu inglês trabalhando, e escreveu aos bispos dos Estados Unidos. A resposta veio do bispo de Nova Iorque. João abandonou a família e cruzou o oceano para ser sacerdote, atendendo ao chamado de Deus, numa terra nova e distante.

A diocese nova-iorquina possuía apenas três dúzias de padres para mais de duzentos mil católicos. Padre João recebeu uma paróquia onde a igreja não tinha torre e o chão era de terra. Mas isso não o preocupava muito, pois ele passava o seu tempo visitando doentes, ensinando e evangelizando.

Padre João tinha a intenção de participar de uma congregação, por isto procurou padres redentoristas, que se dedicavam aos pobres e abandonados. Foi aceito e ingressou na Congregação e se tornou o primeiro padre ordenado no novo continente a professar as Regras dos redentoristas na América, em 1842. Sua fluência de idiomas o qualificou para o trabalho na sociedade americana composta de muitas línguas, no século dezenove.

Em 1847 foi eleito pela Congregação o superior geral dos redentoristas nos Estados Unidos. João ocupou o cargo durante dois anos, quando a fundação americana passava por um período difícil de adaptação. Deixou a função com os padres redentoristas bem preparados para ser uma congregação autônoma, o que ocorreu em 1850.

O Padre Neumann foi nomeado Bispo de Filadélfia em 1852. Sua diocese era muito grande e se desenvolvia com muita rapidez. Por isto, decidiu introduzir no país a educação católica. Organizou um sistema diocesano de escolas católicas, fundou a congregação das Irmãs da Ordem Terceira de São Francisco para ensinarem nas escolas, que na sua diocese em pouco tempo duplicaram. Padre João construiu mais de oitenta igrejas durante o seu bispado, dentre elas iniciou a catedral de São Pedro e São Paulo.

Padre João Neumann era um homem de estatura pequena e de saúde frágil, mas sempre se manteve muito ativo. Além das obrigações pastorais, achou tempo para a atividade literária. Ele escreveu inúmeros artigos em revistas e jornais católicos; publicou dois catecismos e uma história da Bíblia para as escolas.

Ele morreu de repente enquanto caminhava pela rua de sua cidade episcopal. Era 5 de janeiro de 1860. O papa Paulo VI o beatificou em 1963 e foi canonizado pelo mesmo papa no dia 17 de junho de 1977, em Roma. Na cerimônia, assistida por uma multidão de fiéis americanos que fizeram a mesma rota marítima do Santo João Nepomuceno Neumann, só que em sentido inverso, o Papa decretou o dia 5 de janeiro para seu culto litúrgico. [www.paulinas.org.br]


Religião e paz
Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo

Na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, comemorado pela nossa Igreja todos os anos no dia 1° de janeiro, o papa Bento XVI trata de um tema crucial e delicado: “liberdade religiosa, como caminho para a paz”. É preciso lembrar que o Cristianismo começou com um fato de rejeição da Sagrada Família em Belém – “não havia lugar para eles” – e de perseguição e exílio, com a fuga de José e Maria para o Egito, para salvar o menino Jesus da espada do rei Herodes. E houve frequentes perseguições religiosas ao longo da história, não apenas em relação aos cristãos; fatos de cerceamento da liberdade religiosa foram causas de conflitos sociais e até de guerras entre nações. A falta de liberdade religiosa e o desrespeito pela religião são motivos para a perda da paz.

E nossa época não está livre disso; pelo contrário, vemos ressurgir em várias partes do mundo uma perseguição aberta aos cristãos, com numerosos martírios, ataques e incêndios a templos e discriminações religiosas de vários tipos. Poucos dias antes do Natal, tivemos a triste notícia do massacre na catedral siro-católica de Bagdad, durante uma Missa, no qual perderam a vida 52 pessoas, inclusive dois sacerdotes, além de muitos feridos; na mesma noite do Natal, e ainda depois, houve ataques a cristãos em várias partes do mundo; o Papa observa que está em curso uma espécie de “cristianofobia” e os cristãos são, atualmente, o grupo religioso mais perseguido no mundo.

O Papa não pede privilégios para os cristãos, nem para alguma religião; nem sequer para os crentes em Deus, mas que a liberdade religiosa seja respeitada e a contribuição positiva das religiões para a vida social e cultural seja valorizada. A liberdade religiosa é um dos direitos humanos basilares e expressão da nobre dignidade do ser humano, feito à imagem e semelhança de Deus, capaz de se transcender, de buscar a verdade, os valores elevados do bem e da justiça, de procurar pelo sentido da vida e de se abrir para o diálogo com Deus. A liberdade religiosa diz respeito, portanto, à sua constituição espiritual do ser humano e ao exercício da sua mais alta dignidade e capacidade; ele não é somente corpo e matéria, nem se realiza apenas com a satisfação de suas necessidades corporais e materiais.

Respeitar a liberdade religiosa é dever de todos e o Estado deve assegurar este direito, junto com outros direitos inalienáveis, como o direito à vida e à alimentação. Embora a Igreja estimule a todos na busca sincera e incansável da verdade e da fé sobrenatural em Deus, ela também ensina que se deve respeitar a consciência e a liberdade religiosa de todos; também daqueles que não têm fé nem religião. Isso não é o mesmo que indiferentismo ou sincretismo, em que uma coisa vale a outra, onde tudo é verdade e nada é verdade. Conhecer e valorizar a própria fé é condição para que se possa compreender, distinguir e valorizar outras formas de crer; o respeito e o apreço sincero pela fé do outro, embora diferente da nossa, não nos deve levar a colocar tudo no mesmo nível, ou até a depreciar a própria fé. O diálogo respeitoso com as outras religiões e o diálogo ecumênico sincero com outros cristãos, não católicos romanos, precisa ser levado a sério e deve suscitar formas comuns de serviço à comunidade humana, onde a fé em Deus leva a dar-se as mãos em prol da dignidade das pessoas, da solidariedade e da paz.

Contrários à liberdade religiosa são o fanatismo e o fundamentalismo, duas manifestações mal esclarecidas ou desviadas de religiosidade; o fundamentalismo torna-se intolerante e não tem a capacidade de apreciar o que há de bom e positivo na religião do outro; o fanatismo quer impor à força as próprias convicções aos outros. Ambas essas atitudes instrumentalizam, de forma ideológica, a religião e o nome de Deus para fins políticos ou econômicos, além de desrespeitar profundamente a liberdade religiosa dos outros. Nada disso é aceitável. A religião verdadeira promove a verdade, a justiça e a solidariedade; o fruto será a paz, embora os discípulos de Cristo devam saber que nunca estarão totalmente isentos de perseguições: “se perseguiram a mim, também perseguirão a vós” (Jo 15,20). Mas o crente em Deus nunca pode tornar-se um perseguidor do outro, ainda mais por causa da religião e do nome de Deus.

Por ser assunto de grande relevância, aconselho os leitores a lerem na íntegra a Mensagem do Papa Bento XVI, podendo encontrá-la facilmente na internet(www.arquidiocesedesaopaulo.org.br).

Não trazer a fé conosco é ser apenas uma casca sem árvore, um rio sem
água, uma casa sem chão, um céu sem estrelas. (Ivan Teorilang)


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