(Prof. José Antônio Brazão.)
NO MUNDO EUROPEU
MEDIEVAL
(aprox. séc. IV/V – XV
d.C.)
1) Geocêntrico e fechado (finito). Para além
dele, a habitação de Deus.
2) Movimento circular uniforme dos astros.
Órbitas circulares. Círculo: símbolo da perfeição, pois é a única figura
(forma) geométrica que começa e termina em si mesma.
3) Criado por Deus, conforme Gênesis 1 – 3.
4) Regido por Deus, segundo a perspectiva
religiosa então predominante (cristã).
5) Universo macroscópico: Terra (parada no
centro), Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno e esfera das
estrelas. O movimento das esferas celestiais ocorre de fora para dentro, reduzindo-se
gradativamente, até parar no centro (Terra estática).
6) Hierarquizado: mundo sublunar (Terra) e
mundo supralunar (Lua e demais astros).
7) O poder de Deus dirige o universo e o põe
em movimento.
8) Universo heterogêneo: há dois diferentes
níveis (sublunar e supralunar), com leis diferentes [o mundo supralunar não
está sujeito ao devir e seu movimento é regular; o mundo sublunar está sujeito
ao devir (mudança) e seus movimentos são irregulares].
9) Criado em seis dias, de acordo com a
Bíblia (Gênesis 1).
10) Composições diferentes: a) Mundo sublunar
(Terra): composto pelos 4 elementos (raízes) de Empédocles (água, ar, terra e
fogo); b) Mundo Supralunar (Lua e demais astros): composto por éter, substância
pura e cristalina, não havendo vácuo. O mundo supralunar não tem defeitos, é
harmônico e bem ordenado.
11) A vida na Terra foi criada por Deus e
definida como aí está (criacionismo bíblico): Gênesis 1 – 3. Homem e mulher são
imagem e semelhança de Deus (Gn. 1): “Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa
imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do ar, as
aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que
rastejam sobre a terra.’ Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o
criou, homem e mulher ele os criou.” (Gênesis 1, 26 -27).
12) Destaques em seu estudo (princípio de
autoridade): Bíblia, Cláudio Ptolomeu (séc. II d.C.), Aristóteles (séc. IV a.
C.), dogmas e ensinamentos da Igreja Católica eram as autoridades que davam bases
a essa perspectiva. Cláudio Ptolomeu, tentando corrigir distorções, acrescentou
epiciclos às órbitas circulares.
NO MUNDO OCIDENTAL
MODERNO
(aprox.. séc.XVI -
XVIII)
1) Entre o finito (heliocentrismo
copernicano) e o infinito (p. ex.: Giordano Bruno e Blaise Pascal).
2) Com Kepler: descoberta do movimento
elíptico dos planetas. Kepler descobriu, inclusive, leis que regem o movimento
planetário. Newton comprovou o movimento elíptico planetário, ao descobrir a
lei da gravidade, e Halley estudou detidamente o dos cometas, tendo descoberto
um que leva seu nome.
3) De acordo com os religiosos, criado por
Deus. De acordo com ateus, tudo é explicado pela matéria e pelas reações e
movimentos que nela ocorrem. Vale lembrar que o geocentrismo conviveu, por
algum tempo, ainda, com o heliocentrismo. O sistema astronômico geocêntrico é
citado, inclusive, em Os Lusíadas, do escritor português, renascentista,
Camões.
4) Abertura para uma perspectiva mais
científica, com novas descobertas acerca do universo e do mundo natural
(Revolução Científica Moderna). Leis naturais regem o universo (ex.: gravidade
e leis descobertas por Newton, Kepler e outros).
5) Universo macroscópico [Sol (no centro),
Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, esfera das estrelas (sistema de Nicolau
Copérnico)] e microscópico (invenção do microscópio e, com ele, a descoberta de
células e seres unicelulares).
6) Progressivamente foi-se perdendo a noção
de hierarquia no universo. (Ver no. 10 a seguir.)
7) Leis naturais regem o universo (ex.:
inércia, gravidade...).
8) Homogêneo. As mesmas leis governam o
universo e a Terra. P. ex., a lei da gravidade explica tanto o movimento dos
astros como a queda de uma maçã. No campo da física, ainda, a lei da inércia, a
lei da ação e reação, dentre outras.
9) Durante bom tempo, permanência da
contagem de tempo bíblica.
10) Galileu Galilei descobriu buracos, montes e
vales na Lua, manchas no Sol, luas em Júpiter, com o telescópio (luneta aperfeiçoada), pondo
abaixo a distinção entre sublunar e supralunar. Antes dele, Copérnico já havia
descoberto que a Terra é nada mais que um planeta que, como os outros, gira ao
redor do Sol (translação anual) e de si mesma (rotação diária).
11) Início de descobertas dos seres unicelulares.
O microscópio foi inventado. Porém, o criacionismo bíblico manteve-se entre os
religiosos e em boa parte do campo das ciências. Michelangelo Buonarroti (1475
– 1564), o pintor italiano renascentista, na Capela Sistina do Vaticano,
inclusive, havia pintado o momento da criação do homem por Deus. Outros
pintores renascentistas e posteriores também fizeram pinturas da criação. O
divino e o humano juntos.
12) Destaques em seu estudo: Nicolau Copérnico,
Galileu Galilei, Johannes Kepler e Isaac Newton, dentre outros. No campo da
Filosofia, vale a pena citar a aplicação comparativa da precisão da máquina ao
corpo humano em René Descartes e o materialismo de Thomas Hobbes, o ateísmo de
certos iluministas(ex.: Diderot).
NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
(aprox. séc. XIX – XXI)
1) Sem limites visíveis. Dispõe de galáxias
que estão em movimento contínuo, desde o BIG BANG (a Grande Explosão
originária).
2) Movimento elíptico dos planetas e outros
astros (ex.: cometas). Outros movimentos na natureza: retilíneo, curvilíneo,
uniforme, variado, uniformemente variado, acelerado, etc.
3) Perspectiva explicativa predominante no
campo do saber: científica. A ciência busca objetividade e universalidade, mas
NÃO é neutra. As religiões continuam existindo e dão também suas explicações
teológicas para o mundo. Porém, a ciência busca uma universalidade que não se
encontra nas explicações de diferentes religiões e no senso comum.
4) A ciência não apela para o divino. Leis
naturais. O universo originou-se a partir do Big Bang (a grande explosão), há
mais ou menos uns 13,5 bilhões de anos.
5) Entre o imenso (macro) universo, composto
por bilhões de galáxias, muitos sistemas solares (ou melhor, estelares),
buracos negros, etc., e o minúsculo (micro) universo de átomos, subpartículas,
microrganismos. Partículas e subpartículas atômicas (exemplos): elétrons,
nêutrons, prótons, quarks, bósons, etc.
6) Não
hierarquizado. Nele, aliás, existem muitos objetos celestiais, para além dos
que já eram conhecidos, como as galáxias e os buracos negros.
7) Leis naturais regem o universo. Ex.:
relatividade, leis quânticas, além da gravidade e outras.
8) Os
elementos químicos estão espalhados em todo o universo. Além das leis já
descobertas pela física clássica, as leis da relatividade (de Einstein) e
outras referentes ao mundo das partículas e subpartículas.
9) Universo com cerca de 13,5 bilhões de
anos. Nascido do BIG BANG. A Terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos.
10) Composto por átomos (mais de cem elementos
químicos) e conduzido por leis universais. O vácuo existe. Os átomos, por sua
vez, são compostos de partículas ainda menores, chamadas subpartículas
atômicas. Não se descobriu, ainda, uma lei unificada para todos os fenômenos
físicos e universais, apesar de tentativas como as de Einstein.
11) Evolucionismo: as espécies existentes
surgiram, segundo Darwin, por um processo de evolução por meio da seleção
natural, ao longo de milhões (hoje se sabe que bilhões) de anos. Comprovação
fóssil, geológica e genética. Choque com o criacionismo e a semelhança com
relação a Deus. No evolucionismo, com efeito, os seres humanos evoluíram a
partir de outras formas vivas, primitivas, e têm grande semelhança com relação
a outros animais e proximidades até mesmo com as plantas. Curiosamente, no
Gênesis 1, apenas eles se assemelham a Deus, como imagem e semelhança.
Criacionistas britânicos e de outros lugares atacaram duramente as teses
evolucionistas de Darwin. (Ver o número 11 relativo ao mundo medieval.)
12) Destaques em seu estudo: Albert Einstein, Max
Plank, Marie Curie e seu esposo Pierre Curie, Edwin Hubble e outros, inclusive
bem próximos, como Stephen Hawking e Carl Sagan. Quanto à vida: Charles Darwin,
Gregor Mendel, geneticistas, biólogos e outros. No campo da filosofia: as
descobertas da Física, p. ex., de Einstein, tiveram forte influência sobre o
POSITIVISMO LÓGICO. As descobertas científicas apontadas, além de outras,
exerceram, sem dúvida, influências fortes em várias outras correntes da
filosofia contemporânea.
Referências simples:
livros (1) CONVITE À FILOSOFIA (Ed. Ática).
(2) FILOSOFANDO: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA (Ed. Moderna). (3) FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA (Ed. Saraiva).
Todos atualizados. (4) BÍBLIA DE JERUSALÉM (Ed. Paulus). SITE:
www.wikipedia.org .
Para debater em sala de
aula, acerca do embate entre criacionismo e evolucionismo:
Sendo parentes dos
símios e de outros animais, em termos evolutivos, como ficam a imagem e a
semelhança entre os seres humanos e Deus? (Por esta pergunta pode-se ter uma
ideia da dificuldade encontrada por Darwin em publicar logo suas ideias, no
século XIX, o que vale a pena também ser debatido em sala de aula.)
ATIVIDADE: Em uma ou
mais folhas brancas ou do caderno, faça um DESENHO para cada uma das
perspectivas apresentadas. Pode usar lápis e/ou caneta(s). No caso das duas
primeiras perspectivas, caso disponha de um compasso, utilize-o, a fim de dar
precisão à circularidade das órbitas dos astros celestiais. Professor(a) de
Filosofia, lembre-se: O desenho ajuda a fixar e a entender melhor o conteúdo
apresentado em cada uma das perspectivas. Pode ainda ser feito um debate, a fim
de perceber como a filosofia se põe, ao longo do tempo, diante das discussões
acerca do mundo, da realidade e como estas tinham e têm repercussões a nível de
poder, seja ele político, religioso, cultural, científico e até mesmo
econômico. Podem ser feitos cartazes, em pequenos grupos de estudantes, em
todas as turmas. Outras atividades: use a criatividade, invente. A proposta é
enriquecer o aprendizado e reforça-lo, ajudando o desenvolvimento da capacidade
de reflexão filosófica e da postura dos e das estudantes diante da realidade e
do pensamento científico, geral e do conhecimento.
Vale lembrar o cuidado
necessário com a datação: sem rigidez! A história é fluida e não se prende a
datas fixas. Estas, porém, nos dão uma ideia de regularidade e de apresentação
didática, mantendo-se importantes para o aprendizado.
Postado por José
Antônio Brazão
Nenhum comentário:
Postar um comentário