Professor Valdeni Cruz
Há dias em que minha
mente vira uma biblioteca não escrita.
Hoje, ao deitar-me à
tarde, antes de cair num sono tranqüilo e abençoado, minha mente foi tomada por
um turbilhão de pensamentos. De eu onde estava deitado, meus olhos podiam
contemplar, por entre os galhos de uma abacateiro e de uma goiabeira, partes do
céu azul da cor de anil. Enquanto isso, meus pensamentos voavam nas asas da
imaginação. Imaginação esta que me faziam pensar sobre tudo. De dentro de meus
arquivos mentais surgiam os mais complexos pensamentos. Não eram pensamentos
desconexos nem carregados de alienação, superstição, mas baseados na minha
história desde a mais tenra idade.
Esses pensamentos
transcorreram em torno de perguntas, como por exemplo, a criação do mundo, os
seres vivos, os anjos, o cosmo, o nada, o tudo, o medo, a coragem, a maldade, a
bondade, a fé, a falta dela, o inferno, o céu, Deus e o diabo... O homem e suas
complexidades. Em torno de 30 minutos insultado por mim mesmo a adentrar esses
arquivos que, ora estão esquecidos, mas que a todo instante estão rondando a
mim mesmo e fazendo-me tomar decisões conscientes ou inconscientes, baseados
num acúmulo de conceitos e experiências vividas no decorrer da vida.
Acontece que em meio a
tudo isso me sinto sacudido pelas perguntas. E hoje, fui levado a fazer
analises sobre aquilo que estão firmados em mim como fé, valores, crenças, etc.
É como se estivesse vivendo no tempo de Sócrates. No tempo de Sócrates as
pessoas viviam em função de mitos. Acreditavam em forças de divindades, de
deuses em forma de homem/animal e que estes deuses interferiam diretamente na
vida das pessoas. Sócrates, por sua vez, colocava as pessoas para se
questionarem sobre aquilo em que acreditavam. Levava os indivíduos da época a
confrontarem suas crenças, seus valores e tirarem conclusões daquilo que viviam
se eram certos ou errados. É assim que me sinto de vez em quando.
Dentro desta sequência
de questionamentos mentais, me veio à pergunta sobre a morte. Para os cristãos
morrer é viver eternamente e eu também acredito nisso. Sou católico e minha fé
me leva a crer nisso. Não estou pondo minha fé em dúvida, mas é que as
perguntas são inevitáveis. Nascemos, vivemos, às vezes muito e pouco e às vezes
um pouco mais. Alguns morrem na tranqüilidade, outros em meios aos tomentos, na
solidão do mundo e em meio ao abandono como se não fosse nem gente. Por quê? A partir dessas perguntas vêm outras que me
levam a buscar por respostas. Primeiro penso nas explicações bíblicas, depois,
nas científicas, e ainda nos conceitos filosóficos, mas parece que depois de
ler, ouvir pessoas, surge outras perguntas e ai é preciso de outras repostas. Aqui caberiam teses e aprofundamentos
teológicos, filosóficos, que eu não teria tanta competência para explicar. Só gostaria
de compartilhar esse sentimento que às vezes ficam só comigo, pois quando se
toca nesses assuntos parece que causa um certo incômodo, medo. Durante muito tempo
isso me causou preocupação, pois ao tentar expressar isso as pessoas viam como
um perigo para mim por pensar assim. Outros achavam que poderiam ser
contaminados também com esses pensamentos e não prosseguia com a conversa.
A verdade é que como
cristão tenho uma fé enraizada, equilibrada na bíblia e na doutrina da igreja,
mas esta fé também me leva a questioná-la a ela mesma. Ou seja, o que eu creio
tem sentido? Ou estaria eu vivendo algo que não tenho certeza? Creio que é em
meio a essas minhas loucuras que vou aprofundado ainda mais a minha espiritualidade,
minha decisão entender que sou filho de Deus. Sei que mesmo que passasse a
noite escrevendo, pouco diria, porque mesmo que dissesse tudo ainda não diria
nada, pois sou apenas um ser limitado, enquanto que Deus e o universo são
imensos e não caberia num ser finito enquanto homem que morre.
Portanto, continuo na
minha humildade tentando compreender o mínimo dos mínimos sobre mim mesmo e
sobre o que me cerca, a fim de me sentir cada vez mais unido com a minha
natureza que creio ser criada, formada e conduzida por Deus.
Enfim, são apenas
sentimentos e penso eu que em algum momento todos pensam sobre isso também.
Nenhum comentário:
Postar um comentário