sexta-feira, 16 de julho de 2010

13 julho 2010

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As migalhas e o filé da educação brasileira

O discurso de esquerda sempre bradou por educação pública e gratuita para todos. Sou contra. É um absurdo rico estudar de graça. Um roubo. Ver playboy estacionando carrão importado no campus da USP é um escárnio.
Mas pior, bem pior, é a turma que faz pós-graduação no exterior com dinheiro do governo e depois vai trabalhar em outro país. Deviam ir para a cadeia, esses oportunistas. E terem seus passaportes retidos pela Polícia Federal.
Investir na formação de pesquisadores é uma obrigação do CNPq, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O Brasil precisa de cientistas, pensadores e doutores qualificados.
A experiência que esses alunos subsidiados adquirem fora pode retornar com lucro. Basta que cumpram a lei e dediquem ao menos três anos dessa qualificação por aqui. É justo. Justíssimo.
Mas alguns picaretas, de caso pensado, contando com a impunidade, mamam nas tetas do povo brasileiro e depois nos mandam uma banana lá do Hemisfério Norte. Ô gente sem educação!
O Tribunal de Contas da União recebeu, só neste ano, 82 processos pedindo que esses batedores de carteira chamados bolsistas nos devolvam o dinheiro investido neles. Somadas todas as pendências, temos cerca de R$ 100 milhões em dívidas a receber desses desertores.
Esses espertinhos provavelmente estudaram de graça em nossas melhores universidades. Que são as públicas, todos sabemos. E muitos, também provavelmente, vêm de famílias ricas. É esse o perfil econômico de nossos universitários de ponta.
Entra governo, sai governo, nenhum quer enfiar o dedo na ferida da cara dessa gente. Preferem investir em políticas de cotas para negros, índios e demais desafortunados. Migalhas.
O filé mignon, como sempre, vai pra mesa do bacana, que come tudo e nem diz obrigado. Ô gente mal educada!

15 Comentários para “As migalhas e o filé da educação brasileira”

  1. fernando disse: 
    Por isso que eu digo; Dá-lhe pão e circo para o povão!!!!
  2. Ed Cavalcante disse: 
    O funcionário público que estuda dentro ou fora do país por conta do governo, assina um termo de compromisso para trabalhar no serviço publico por um tempo igual ao que ele passou estudando. Essa é a regra em qualquer país do mundo. Você propõe o quê? Que o funcionário vire escravo do poder público?
  3. Anderson Abreu disse: 
    Caro Marco
    Primeiro quero parabenizá-lo pelo blog, leio com frequência.
    É necessário esclarecer que há uma outra face dessa moeda. Na maioria dos casos os pesquisadores que estudam fora do país bancados pelo Estado não são aproveitados porque o país não tem centros de pesquisas para aproveitá-los, as universidades são verdadeiros feudos e os concursos internos para professor são uma fraude. Infelizmente nosso país não tem a cultura gerar conhecimento e tecnologia, acham frescura e supérfluo. O que essas pessoas, extremamente qualificadas fariam aqui no Brasil? Morreriam de fome?
    Conheço um biólogo que foi estudar fora por vários anos e queria trabalhar aqui no nosso país, um cara admirável com uma competência absurda. Quando retornou ao país só conseguiu trabalho como temporário em universidades e ganhando uma miséria para o que ele merecia por ter dedicado tanto tempo de sua vida aos estudos. Resumo da ópera: não foi aproveitado aqui, vieram os coreanos que dão valor ao conhecimento e o levaram para lá com toda a família, cheio de regalias e com um bom salário. Não posso condena-lo.
    Li uma matéria num jornal O Globo que tinha como título "O Brasil perde seus cérebros" que falava dos muitos casos parecidos com esse que relatei.
    Se o nosso país quer cérebros, então os qualifique e também os aproveite. Não adianta mandá-los para fora estudar e depois deixá-los aqui morrendo a míngua, temos que aproveitá-los.
    Como resolver essa equação?

    Grande abraço!
  4. rafael disse: 
    O Anderson avaliou bem. Essa é a realidade da produção de conhecimento no país.Discordo do Marco no tocante ao modelo de educação. Educação e saúde deveriam ser exclusividade do Estado.se assim o fosse, duvido que teriamos chegado ao estado deplorável da educação que chegamos hoje, sobretudo porque as parcelas esclarecidas da população e com mais poder reinvindicatório não permitiriam. O modelo atual cria verdadeiras ilhas, isoladas e muitas vezes inexpugnáveis.
  5. Nitzan disse: 
    =O
    Não sabia disso. To de cara. É mais um problema a ser enfrentado.
    Já que não foi resolvido nem pelos tucanos nem pela esquerda, espero que pelo menos esses espertinhos percam a ação na justiça e devolvam o dinheiro.
    Só que mais importante que ação judicial é não permitir que isso aconteça. Daí é preciso mudar a lei.
  6. J Ferreira disse: 
    Marco, o seu ponto de vista preliminarmente está correto, porém, a culpa na grande maioria das vezes não é do cientista, é sim, do Estado brasileiro que não tem nenhum programa de aproveitamento destes cientístas. Simplesmente são jogados ao relento. Sei que o país investe pesado na educação destas pessoas, mas tem o outro lado que é a dedicação de quem quer ser um cientista, sofre muito. É dedicação exclusiva durante anos. O problema é que quando terminam os cursos ficam disputando vagas nas universidades brasileiras com pessoas com muito menos qualificação e com muita influência política. Terminam sendo subalternos dos incompetentes. Nestes casos é bem melhor cair fora, seja lá para onde for, pois não existe tortura maior que ser dominado por estúpidos metidos a sábios. O Anderson Abreu está corretíssimo.
  7. Henrique disse: 
    São pessoas da Família, isso não vai acabar tão cedo.
  8. Kith Nowak disse: 
    Sou a favor de uma lei que obrique quem estuda em universidade pública a dedicar o mesmo número de horas/aula em trabalho (na área). Ex: médicos - hospitais públicos, professores - escolas públicas, etc.
    Assim todos pagariam da melhor forma, pelos estudos de qualidade que recebem.
  9. knight disse: 
    O estados unidos é o maior ladrão de cerebros do planeta, vaun braun, ainstem...e assim por diante, eles qrem os melhores no país dele....até a maconha lá me falaram que muito superior a nossa, reparem....tudo que é bom vai pra lá...
    O homem não pisou na lua...
    Ò meu zeus, então eu não prresto????????? kkkkkkk
  10. mari ms disse: 
    parabéns pelo texto! muito bem elaborado e explorado. Mas aqui no Brasil é assim mesmo: a água só corre por mar... mar da corrupção, mar das maracutaias, mar dos privilegiados, pro mar da MARdade, e põe maldade nisso. um abraço provoca!!
  11. Lívia Stábile disse: 
    Oi professor!! Gostei do blog!! Coerente! Beijo grande
  12. A. Tobias da Silva disse: 
    Caro Marco Antonio, esse problema é antigo em nosso país. A *universidade pública* é privilégio de poucos. Os estudantes que frequentam a USP, Unicamp e Federais sentem na pele (pra não dizer na alma) a diferença entre ser ou não um *bem nascido*.Como voce bem disse, é comum ver estudantes estacionando seus carrões importados, enquanto a esmagadora maioria enfrenta problemas de toda espécie para conseguir se manter e, estudar ao mesmo tempo. Quanto a velha e tão usada desculpa que o Brasil não proporciona condições aos nossos jovens valores,gostaria de lembrar alguns nomes que, tenho certeza, muitos já ouviram falar. Oswaldo Cruz, Emílio Ribas, Carlos Chagas, André Rebouças,entre muitos outros, que apesar das dificuldades, tanto fizeram por nosso país.Um abraço.
  13. Anderson Abreu disse: 
    Ensino é algo estratégico para um país e deveria ser tratado com mais seriedade e prioridade pelo estado. É algo tão importante que não deveria ser deixado nas mãos da iniciativa privada pois o país daria as diretrizes e determinaria sua qualidade, forma e quantidade de pessoas instruídas. Vejo o estado brasileiro abrindo mãos do que há de mais importante para o crescimento do país e emancipação dos pobres.
    Poderia usar a tática das exceções e citar o nome de uns bem sucedidos no passado, quando a política educacional e econômica eram outras, e até mesmo do presente, mas é algo infantil e manjada. Acho mais verdadeiro e fiel a realidade falar da legiões de pessoas que eu conheço que possuem doutorado em várias áreas e estão sub-empregadas. Temos que aproveitar o que produzimos e não dizer a eles que se virem pois não temos lugares para que trabalhem. Hoje temos brasileiros trabalhando nos mais diversos centros do mundo e nas mais diversas áreas.
  14. Helena disse: 
    Parabéns pelo blog, sempre tocando em assuntos interessantes. Ainda que eu não concorde com você em todas as suas colocações, suas opiniões geralmente são sensatas. Em relação a esse tema específico, é bom lembrar que estes casos são exceções, e não a regra. O CNPq e a CAPES financiaram milhares de mestrados e doutorados no exterior, especialmente durante as décadas de 1980 e 1990, e a grande maioria destes profissionais cumpriu suas obrigações, muitos deles virando pesquisadores e professores nas melhores universidades brasileiras. Ao formar uma geração inteira nos melhores cursos no exterior, montamos cursos de pós-graduação de excelência por aqui, e por isso agora não é mais tão comum que a pessoa faça mestrado ou doutorado inteiramente no exterior, geralmente são só partes do cursos (no que se chama bolsa-sanduíche).
    Agora, quanto aos que defendem os "coitadinhos" que se formam lá fora e não conseguem emprego no Brasil, vocês me desculpem, mas a pessoa não sabia o compromisso que estava firmando quando tomou DINHEIRO PÚBLICO para estudar no exterior? Vou repetir, trata-se de DINHEIRO PÚBLICO, e de compromissos firmados com antecedência. Não há desculpa cabível para isso. E, como o provocador disse, a contrapartida não é nada de outro mundo, são apenas 3 anos atuando profissionalmente Brasil. A atitude destas pessoas é indefensável.
  15. Anderson Abreu disse: 
    O dinheiro público foi investido, as pessoas estudaram e voltaram com intenção de cumprir seu compromisso que é devolver o que o estado lhes concedeu. Onde fazer isso? Como fazer isso? Conheço vários que não conseguiram.
    Quero ver ficar sem emprego pois estudou a vida inteira, com as contas pra pagar e com família para sustentar. É fácil acusar e difícil sentir na pele.


    BLOG DO provocador Marco Antonio Araújo

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