Neste domingo, celebramos a solenidade de São Pedro e São Paulo. O que podemos destacar destes dois grandes apóstolos, dos testemunhos de cada um deles? Pedro e Paulo são bastante diferentes quanto à personalidade, mas idênticos no amor a Cristo e à Igreja. Ambos dão a vida por Jesus Cristo até o martírio em Roma. Dois santos, podemos dizer, que nunca estão parados. Homens como nós, com tantas fraquezas, medos, capazes de trair, mas que tiveram plena confiança em Jesus. E Jesus aposta tudo neles. Dá sempre uma nova chance a Pedro, e Paulo não se cansa de repetir que se tornou apóstolo somente pela graça.
Falando de Pedro e Paulo, podemos falar da grandeza e santidade que eles representam, mas podemos também falar das suas fraquezas e dos seus pecados, e aí, descobrimos que uma coisa leva à outra, pois é exatamente a bondade e a misericórdia do Senhor que muda o coração deles e os transforma até se tornarem de pecadores a grandes santos e a transformar suas vidas num amor humilde e apaixonado pelo Senhor Jesus.
Pedro demonstrou várias vezes o seu caráter, a sua fraqueza, o seu cansaço para entender o coração de Jesus. Lembremo-nos quando Jesus lhe diz: "afasta-te de mim, Satanás!"; ou quando caminhando sobre as águas, duvida e Jesus lhe diz: "homem de pouca fé!" Mas, sobretudo é humano e fraco no momento da paixão de Jesus. Ele que tinha afirmado: "mesmo que todos os outros te abandonem, eu jamais te abandonarei", é o mesmo que na sua fraqueza nega por três vezes a Jesus, jurando nunca tê-lo visto. Entretanto, é esta pobreza de Pedro que encontra o olhar misericordioso de Jesus e por ele se deixa curar.
Depois da ressurreição, às perguntas repetidas de Jesus se ele o ama, responde: "sim, Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo, tu sabes como te amo". E a sua vida, mesmo em meio às dificuldades e fraquezas, será sempre a demonstração deste amor apaixonado pelo seu Senhor, até a prisão, às viagens, e, finalmente, ao martírio.
Também Paulo, fariseu convicto, fanático, perseguidor ferrenho dos cristãos, colaborador do martírio de Estevão, é transformado por Jesus, e, assim, vive o resto de vida numa missão contínua dirigida aos vários povos que ele pode alcançar. Até o momento no qual pode afirmar: "combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Não me resta outra coisa senão esperar a coroa da justiça que o Senhor, o justo juiz, preparou para mim. O Senhor veio em meu auxílio e me deu forças" (II leitura).
Homens frágeis, pecadores, transformados pela misericórdia do Senhor e pela força do seu Espírito. Deram a vida pelo Senhor e estabeleceram as bases da comunidade cristã, a Igreja, destinada a se espalhar por todo o mundo. Aquela de Pedro e de Paulo é a nossa humanidade resgatada; também nós não devemos nunca ficar desencorajados diante das nossas fraquezas, de nossas dúvidas, de nossa falta de fé, mas sempre renovar o nosso amor ao Senhor.
Dois apóstolos diferentes, colunas fundamentais da Igreja, garantindo a unidade desta. Pedro recebe o carisma, isto é, o dom e a tarefa, de ser referência para a unidade e a comunhão entre os que acreditam em Cristo, através do serviço à Verdade. Pedro é a pedra sobre a qual Cristo quis edificar a sua Igreja, a sua comunidade e a ele confia as chaves do Reino. Paulo recebeu a tarefa de difundir a palavra de Verdade, o Evangelho, até os confins da terra, pregando e fundando comunidades cristãs. São santos que encontram no Papa o continuador e o testemunho da missão de Cristo que continua em meio a nós. No Papa, encontra-se a autoridade de Pedro, chefe visível da Igreja e centro de unidade, e no Papa, encontramos o ardor missionário de Paulo. A festa de hoje nos ajuda a renovar a nossa fé. A fé cristã católica não é simplesmente uma fé em Deus ou em Cristo, mas é fé na Igreja. Dizemos no Credo: "Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica". É na Igreja que nós podemos ter uma relação autêntica com Cristo, único salvador e com Deus, o Pai, que Cristo nos revelou. A solenidade deste domingo nos chama a ser presença ativa, assumindo a nossa responsabilidade na Igreja, para que sejamos sempre mais "comunhão" no interior dela e sejamos sempre mais "missão" no mundo de hoje.
Ao comentário do ano passado como vimos acima, acrescento:
Pedro e Paulo. Simão e Saulo. Dois novos nomes, dois percursos de novidade. Quem encontra Jesus não pode permanecer como era. Porque o Senhor toma aquilo que mais detestamos em nós e nos transforma. A cabeça dura do pescador Simão se faz rocha sobre a qual é construída a Igreja. Disto, ninguém duvida, nem Dan Brown em "Anjos e demônios",quando o professor Langdon, da Universidade de Harvard, encontra-se na frente da basílica de São Pedro e os pensamentos em sua mente neste momento são: "Pedro é a pedra. A fé de Pedro em Deus foi tão firme, que Jesus o chamou de "a pedra", o discípulo sobre cujos ombros Jesus construiria sua Igreja. Neste lugar, pensou Langdon, na colina do Vaticano, Pedro havia sido crucificado e enterrado. Os primeiros cristãos construíram um pequeno santuário sobre o seu túmulo. À medida que o cristianismo se estendeu, o santuário cresceu, passo a passo, até converter-se nesta basílica colossal. Toda a fé católica havia sido levantada, literalmente, sobre são Pedro, a pedra" (Anjos e demônios, cap.118).
A paixão exagerada de Paulo pela lei se transforma em ardor por Jesus Cristo. O que pode unir estas duas figuras tão diferentes? O amor por Jesus Cristo. É Cristo quem coloca os dois em estreita colaboração porque a diversidade de carismas é o que faz crescer.
Em que sentido a trajetória da nossa vida espiritual se identifica com a de Pedro e a de Paulo?
Meus atos dão testemunho de que eu realmente amo a Jesus Cristo?
Meu serviço na minha Igreja local faz crescer a união e o amor na comunidade ou divide-a ainda mais?
padre Carlos Henrique de Jesus Nascimento
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