terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Analisando o Carnaval com outra visão

Professor Valdeni Cruz


Durante o dia de hoje estou trabalhando o projeto Carnaval nas minhas aulas do Ensino Fundamental e Médio.
Turmas do 8º, 9º, Ensino Fundamental 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio das Escolas Vicente Feijó de Melo e Etelvina gomes Bezerra. 

O projeto trabalha o carnaval desde seu surgimento até o período recente. Porém, o foco da aula é fazermos uma análise crítica desse período festivo. Começamos com um grande diálogo em sala onde os alunos fazem suas colocações. Peço que eles me mostrem todas as vantagens do carnaval. Mas do que depressa eles me dizem ali 5 ou 6 pontos positivos. Entre estes eles citam: a alegria, a oportunidade de paquerar de fazerem sexo com mais facilidade, fantasias, diversão, amizades, descontração, liberdade... Então começo a exigir que eles me digam mais pontos positivos. Alguns citam o turismo, a possibilidade de se ganhar dinheiro, namorar. Depois de puxar muito pelas vantagens eu peço que eles citem também os pontos negativos. Para surpresa minha eles começam a dizer e de repente já tem uma lista de pelo menos uns 20 pontos negativos. Uso de drogas, prostituição, vandalismo, Acidentes, mortes, perca da moral, irresponsabilidade, desperdício de comida, no caso de se jogar milhares de quilos de goma, trigos e ovos no mato, doenças, roubos, assaltos e mais alguns outros. A partir deste momento começo a deixar que eles mesmos comecem a se autoanalisar. Pergunto: quem gosta de um pedaço de bolo com café, uma tapioca bem quentinha com café e leite? Eles começam a imaginar todas as tapiocas e bolos que poderiam ter sido feitos se tivéssemos usado tudo que foi desperdiçado para nosso próprio benefício.
 
Depois passo para a parte econômica. Pergunto a eles: quem ganha dinheiro no carnaval e à custa de quem? Ai nesse momento é preciso utilizar-se do conhecimento. Falamos das empresas de bebidas, vestimentas, dos hotéis e de tudo o que envolve o marketing em torno do carnaval. Comentamos ainda sobre o Carnaval da Bahia, do Rio de Janeiro, do Recife, que são os de mais destaque na mídia do país. Falo dos milhões que se gasta com as escolas de samba, dos milhões que se gasta no carnaval da Bahia e digo para eles o que está por detrás de tudo. Falo que tudo isso gira em torno do capital. O carnaval é uma maquina de ganhar dinheiro e ganha dinheiro em cima de todos, mas, quem paga a conta mais cara é sempre o pobre. Sim o pobre. Ele paga mais caro porque tem menos. Os grandes, como os atores e grandes personalidades que se apresentam nos camarotes, estão consumindo tudo de graça e ainda recebem para estar ali representando uma empresa qualquer. Porém, este dinheiro tem de sair de algum lugar. Ele deve vir de alguma fonte. A fonte é seu bolso. Quando você compra uma cerveja pelo dobro do preço, quando paga um valor absurdo por uma roupa, quando o valor de uma água custa 1,00 e você é obrigado a pagar 3,00. Sem falar do preço da comida, transporte e outros. Tudo sai do bolso daqueles que ganha menos. Isso sem falar dos prejuízos para o estado como um todo. Neste tipo de aula gosto de ir a fundo para que os alunos compreendam todo o custo benefício. As aulas ministradas não tem a intenção de impedir ninguém de curtir o carnaval, mas tem a intenção de fazer com ele pense sobre as próprias atitudes. Gosto de dizer a eles que este é um período em que a maioria vive uma alienação ou um delírio coletivo. Alienação coletiva porque é como se a pessoas perdesse a capacidade de criticar as circunstâncias. Todos são tomados coletivamente por uma dose da falta de bom senso.

Quero parabenizar a todos os alunos pelas maravilhosas aulas que tive nas salas pelas quais passei hoje. Foi 100% de aproveitamento. Sem falar das belíssimas redações que todos os alunos produziram. Tive a oportunidade de ler muitas das destas redações e todos retrataram com grande precisão de detalhes e posições próprias sobre o tema.

Muito obrigado aos meus novos alunos.

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