quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A dura realidade de nosso povo nordestino e pentecostence


Boa noite caros internautas!


Esses dias nas minhas primeiras aulas, Escola Etelvina, tive uma experiência totalmente nova. Tenho sentido uma verdadeira empolgação ao ministrar as aulas de geografia. Estou ministrando aulas de geografia nos três anos do Ensino Médio. Como ontem mencionei da minha alegria de ter podido discutir assuntos de alta relevância em uma das salas de aula, hoje se repetiu a minha alegria de poder dialogar com meus alunos assuntos que mexem com a realidade dura que muitos de nós vivemos.
A aula de hoje tratava do espaço brasileiro e dentro deste tema o título era sociedade e cotidiano. De início fomos fazendo uma breve viagem pela história do homem desde o seu início. Esse homem que vivia de maneira selvagem, que tinha como fonte de alimentação a caça e a coleta de frutos e que tinham como moradia as cavernas. Este no decorrer da história foi se adaptando as condições adversas da natureza. Desse modo foi descobrindo formas de lidar com as dificuldades de adaptação e criando soluções para viver com maior facilidade enfrentando para defender a própria existência.
Trazendo mais pra perto de nossos tempos começamos a falar de nossa realidade. Tecnologia, ciência, modernidade, comunicações. Temas que fazem parte de nosso cotidiano hoje. Perguntava a eles quais dificuldades eles tinham em suas próprias comunidades, já que a maioria dos alunos da tarde é da zona rural. Imediatamente eles começaram a listar seus problemas. Dentre tantos eles apontaram falta de trabalho, saneamento, básico, moradias precárias, falta de lazer, cultura, água potável, falta de saúde, transporte, analfabetismo e mais alguns. Isso nos fez refletir sobre nosso espaço geográfico em particular. Às vezes nós ficamos envolvidos com os problemas do mundo a fora e esquecemos que nós temos uma realidade tão dura e tão sofrida como brasileiros e nordestinos. Acho que em nossas aulas precisamos focar o que de fato nos aflige.  
Falando claro eles foram categóricos. Somos desprotegidos pelo poder público. não temos saúde. Tem postos de saúde na zona rural mas esses só abrem uma vez por mês e nem sempre vai um médico e remédio, esse é que é difícil. Outro problema é o transporte. Se alguém adoecer pela noite, raramente é atendido para ser levado na ambulância. Se não tem ambulância é preciso contratar um carro particular, quando é barato é em torno de 30 reais. Pra quem tem apenas um auxílio do governo fica difícil. Estes são apenas exemplo para não tornar o texto tão longo e tão entristecedor ao leitor, mas esta ainda é a realidade de milhares de nosso cidadãos pentecostences. Sem contar com falta d 'água, estradas ruins e  a lista se tornaria muito extensa... 
Não adianta dizer por ai que está tudo as mil maravilhas porque sobre essa realidade eu escuto todos os dias e posso dizer com toda certeza que a realidade de muitos ainda é muito sofrida. 
A demagogia dos políticos é apenas para enganar aqueles que por desconhecerem a safadeza destes que se dizem preocupados com o povo. Se formos sinceros conosco e com nossa história, ficaríamos em estados de choque. Muitos ainda vivem uma situação de pobreza extrema e nosso município, terra de vastas campinas. 

Quando entramos no mérito de quem poderia ser o culpado eles não mediram palavras para apontar. Dentre estes culpados o governo foi o principal. É o primeiro a receber a culpa. Já temos em mente que tudo que acontece de negativo na sociedade é culpa do governo. Depois de mais algumas reflexões todos foram abrindo a compreensão que não somente os governos são culpados, mas a na realidade há toda uma cadeia que gera os problemas pelos quais estamos vivendo em nossa sociedade. Ao ter essa compreensão então os alunos começaram a citar os culpados. Disseram que muitas das vezes somos nós mesmos que não buscamos a mudança. Esperamos que os outros façam e nós ficamos só esperando que as coisas mudem por si só. Sendo assim somos responsáveis por vivermos num país injusto.
Quando perguntado se seria possível uma mudança, responderam que sim. Entendem que a mudança parte de nós, quando não nos conformamos ao vermos as coisas erradas e lutamos para destruir esse círculo de comodismo. Disseram que muitas vezes em suas comunidades uma simples reunião de associação, que é uma entidade que existe para solucionar alguns problemas locais, não produz frutos. Isso acontece porque seus lideres não estão dispostos a democratizarem as atividades e o povo fica sem ver resultados concretos. Porem, os associados, em vez de se juntarem para melhorarem suas vidas através de projetos, ficam apenas nas confusões, conflitos que em nada contribui para melhorias em suas vidas.
Nesse momento comentamos que eles, os alunos é que podem mudar esta realidade. Pois segundo eles, muitos de seus familiares são analfabetos e, portanto, não tem condições de discutirem com segurança o que querem que aconteça para que a sua comunidade possa vivenciar progresso. Eles não podem deixar que as coisas continuem assim a vida toda. Precisam assumir uma postura de quem aprendeu a lutar por seus direitos, por melhores condições de vida. Isso só se torna possível quando passarem a aturar como protagonistas de sua própria história. É necessário lutar! É preciso lutar, enfrentar os desafios, os poderosos, os caciques da política, aos que tentam atrapalhar, aos que querem se perpetuar no poder... Não podemos permitir que os poderosos nos ameacem a desistir de um mundo melhor para nossos filhos.
   
Foi realmente uma tarde fantástica.

Quero parabenizar a todos pela tarde maravilhosa de aprendizagem e interação.    

Artigo do professor Valdeni Cruz       
    

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