RIO DE JANEIRO, 6 Jul (Reuters) - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,08 por cento em junho, após alta de 0,36 por cento em maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Trata-se da menor variação desde agosto de 2010, quando subiu 0,04 por cento e veio abaixo do esperado pelo mercado.
No acumulado de 12 meses até junho, o IPCA avançou 4,92 por cento no mês passado, mostrando queda ante os 4,99 por cento de maio. É a menor variação desde setembro de 2010, quando a alta ficou em 4,70 por cento, e aproximando-se do centro da meta oficial de inflação do governo, de 4,5 por cento.
Analistas ouvidos pela Reuters esperavam alta de 0,11 por cento no mês passado, acumulando em 12 meses ganho de 4,95 por cento. Para a variação mensal, as projeções ficaram entre 0,09 e 0,17 por cento.
De acordo com o IBGE, o grupo Transporte foi o principal responsável pelo resultado de junho, com queda de 1,18 por cento nos preços. O destaque ficou para o item automóveis novos que, por conta da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) anunciada pelo governo, registrou queda de 5,48 por cento nos preços.
O movimento acabou impactando também o mercado de automóveis usados, cujos preços recuaram 4,12 por cento no mês passado.
O IBGE informou ainda que o grupo Alimentação e Bebidas desacelerou a alta de preços em junho, quando comparada com maio, de 0,73 para 0,68 por cento. O grupo Habitação também mostrou o mesmo movimento, com a alta nos preços desacelerando de 0,80 para 0,28 por cento no período.
A alta dos preços vêm dando sinais de arrefecimento há algum tempo, como mostraram vários indicadores de inflação.
O IPCA-15 -considerado uma prévia da inflação oficial- de junho havia registrado avanço de 0,18 por cento, segundo o IBGE divulgou em 21 de junho. O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado e mostrou desaceleração ante os 0,51 por cento de maio.
Esse cenário reforça as perspectivas de mais reduções na Selic, hoje na mínima histórica de 8,50 por cento ao ano, abrindo espaço para o Banco Central continuar impulsionando a atividade econômica.
A autoridade monetária já reduziu a Selic em 4 pontos percentuais desde agosto passado e deve realizar ainda mais reduções, como indicado na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Pesquisa Reuters mostrou que todos os 42 analistas consultados esperam que a taxa básica vai cair para 7,50 por cento na próxima semana, quando o Copom se reúne novamente.
Junto com as medidas de estímulo anunciadas pelo governo, o objetivo é impulsionar a atividade no país, afetada pela crise internacional. O mercado vem reduzindo sucessivamente suas expectativas de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano: atualmente, prevê que ela ficará em 2,05 por cento.
Para o IPCA, a previsão dos analistas que participam do Focus é de que o índice terá neste ano uma alta de 4,93 por cento, e em 2013 de 5,50 por cento.
Já o BC, em seu Relatório de Inflação, piorou suas perspectivas ao projetar que o IPCA subirá 4,7 por cento pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 4,4 por cento, devido à alta do dólar frente ao real.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier e Diogo Ferreira Gomes)
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