Alzira, que morou mais de 30 anos na beira do mar, de onde foi obrigada a sair, teme por sua vida
Para quem morava de frente ao mar, tinha o pôr-do-sol como companhia, hoje, a penúria está grande. "Tenho muita saudade do mar, de onde vivia antes. Na ponte, também era difícil, mas era o meu local. Não pedi para sair de lá. Já que me obrigaram, quero um lugar bem decente e seguro", lamenta.
As dores nos joelhos e na coluna lhe deixam prostrada, ela mal consegue andar. A pesca ficou impossibilitada. "Já passei fome. Sou sozinha no mundo. Estou cheia de doenças e, para piorar, minha casa está caindo. Só falta o teto ceder e eu morrer", diz.
IVNA GIRÃOREPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
A pescadora Alzira Rodrigues, 68, vive entre alegrias e amarguras. Morou por mais de 33 anos numa guarita na Ponte Metálica. Tinha o mar como companheiro e a solidão como certeza. Com as reformulações da Praia de Iracema, foi obrigada a sair de lá, ganhou da Prefeitura, há dois anos, uma casinha simples, no Poço da Draga. Quando achava que os seus problemas estavam resolvidos e ia, enfim, descansar, outro pesadelo começou: a tal residência começou a desabar. Parte do piso já cedeu e rachaduras se espalham pelo teto.
Parte do piso da residência da pescadora, no Poço da Draga, já cedeu e rachaduras se espalham pelo teto. De acordo com a Defesa Civil, há risco de morte da moradora e Alzira precisa ser retirada de lá com urgência Foto: Fabiane de Paula
Hoje, teme pela própria vida. Um relatório, emitido pela própria Defesa Civil, já atesta risco de morte. Ela precisa ser removida com urgência. Mas, entra dia e sai noite, a situação de dona Alzira não é resolvida. Há um ano, a cozinha desaba, a parede range, a casa parece tombar.
Para quem morava de frente ao mar, tinha o pôr-do-sol como companhia, hoje, a penúria está grande. "Tenho muita saudade do mar, de onde vivia antes. Na ponte, também era difícil, mas era o meu local. Não pedi para sair de lá. Já que me obrigaram, quero um lugar bem decente e seguro", lamenta.
As dores nos joelhos e na coluna lhe deixam prostrada, ela mal consegue andar. A pesca ficou impossibilitada. "Já passei fome. Sou sozinha no mundo. Estou cheia de doenças e, para piorar, minha casa está caindo. Só falta o teto ceder e eu morrer", diz.
Depois que a Praia de Iracema passou por reformulações, a pescadora teve de abandonar a antiga casa, de onde diz sentir falta Foto: Fábio Lima (16/01/2007)
Entre lágrimas, Alzira Rodrigues pede uma solução: reformem sua casa ou lhe conseguem uma nova. Mas, tem que ser urgente: a invernada está perto e qualquer chuva lhe dá medo.
O nome Alzira pode soar uma pessoa simples, qualquer. Mas, não. Ela, conhecida como "eterna moradora da ponte", ficou famosa pelo seu jeito inusitado de viver, sua paixão pelo oceano. Virou até poesia no filme "A Velha e o Mar", de Petrus Cariry.
A amiga Ivoneide Goes, 47, sofre junto. Diz que vai brigar pela urgente reforma da casa ou transferência de Alzira. "Lutamos para que ela não fosse despejada da ponte. Depois, conseguimos que morasse na Associação de Moradores e, por fim, batalhamos por essa casa. Só vamos sossegar quando a vitória for geral".
A Defesa Civil informa que tem conhecimento do caso. Técnicos já estiveram, inclusive, no local, e enviaram ofício à Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor).
Para a Fundação, o caso é prioridade e Alzira deve ser incluída no aluguel social. "Ela será colocada no Minha Casa, Minha Vida. Se possível, enquadrada para o próximo Conjunto Habitacional a ser entregue", frisou.
Fonte: Diário do Nordeste
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