terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Sobe para 63 o número de PMs presos durante a Operação Purificação


pfSomente em uma favela, policiais recebiam propina de R$ 5.000 por dia de traficantes
Subiu para 63 o número de policiais militares presos durante aOperação Purificação, que trouxe à tona um esquema de pagamento de diárias de traficantes a policiais para facilitar a venda de drogas em ao menos 13 comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo a Secretaria de Segurança, 61 PMs foram presos, de um total de 65 mandados de prisão expedidos pela Justiça. Os outros dois policiais foram presos em flagrante.
De acordo com investigações, somente na favela Vai Quem Quer, os traficantes desembolsavam R$ 5.000 por dia como pagamento de propina - cerca de R$ 150 mil por mês. Todos os PMs suspeitos serão expulsos da corporação.
Segundo Fábio Galvão, subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, cada GAT (Grupamento de Ações Táticas), responsável pelas operações em favelas, recebia R$ 2.500 por plantão, que dá uma média de aproximadamente R$ 150 mil por mês, sem contar os valores recebidos de criminosos das outras 12 comunidades.
De acordo com o promotor Décio Alonso, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público do Rio de Janeiro, os policiais envolvidos no esquema faziam uma espécie de “tour do arrego”:
— Os policiais circulavam de favela em favela arrecadando dinheiro com traficantes. Depois, eles se encontravam em um determinado ponto da rodovia Washington Luís, onde dividiam o dinheiro da propina.
Os promotores não fizeram um levantamento patrimonial dos policiais investigados, mas descobriram que um dos PMs presos tinha um carro Hyundai Veloster, avaliado em aproximadamente R$ 80 mil. Outro policial militar vivia em uma cobertura, com muito conforto.
Os promotores revelaram que pelo menos um dos policiais chegou a fornecer a própria conta-corrente para receber o dinheiro da propina. Enquanto estava de férias, pedia aos colegas para depositarem o pagamento do “arrego”.

As investigações revelaram que os policiais obrigavam os traficantes a fazer pagamentos iguais para todos, como explica Décio Alonso:
— Se um policial soubesse que o outro estava ganhando mais do que ele, entrava em contato com o traficante e fazia a cobrança.
Durante a operação, foram expedidos 83 mandados de prisão, dos quais 65 contra PMs, todos lotados no Batalhão de Duque de Caxias (15º BPM), na Baixada Fluminense. Até as 14h30, 60 PMs haviam sido presos, 59 por força dos mandados judiciais e um em flagrante por portar um fuzil sem autorização. Dos 18 mandados contra traficantes, 11 foram cumpridos. Quatro já estavam presos. Os policiais ainda cumpriram 112 mandados de busca e apreensão.
Além da favela Vai Quem Quer, os policiais extorquiam traficantes das favelas Beira-Mar, Santuário, Santa Clara, Centenário, Parada Angélica, Jardim Gramacho, Jardim Primavera, Corte Oito, Vila Real, Vila Operário, Parque das Missões e Complexo da Mangueirinha. Ao todo, cerca de mil policiais militares e federais participaram da Operação Purificação.
Segundo o comandante-geral da PM, coronel Erir da Costa Filho, os policiais serão submetidos a Conselho de Disciplina e deverão ser expulsos no prazo máximo de 30 dias.

— Podem ter certeza de que mais operações como essas virão. A gente não aguenta mais ser humilhado por desvios de conduta de alguns. Todo PM está sendo vigiado. Quem não for digno de vestir a farda será punido.
O secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame também participou da entrevista coletiva e falou sobre os desvios de conduta.
— A PM demonstra que não compactua com esse tipo de ação. Ela também quer apresentar esse tipo de trabalho, quer expulsar esses policiais. É uma luta do bem contra o mal e não interessam as instituições.
Conexão Rio-Mato Grosso do Sul
A quadrilha de traficantes era liderada por Carlos Braz Vítor da Silva, o “Fiote”, já preso. Segundo a investigação, além de manter parceria com o tráfico de drogas no Complexo do Lins, no Parque União e na Favela Nova Holanda – que também estão sendo alvo da Operação Purificação – estendeu sua atuação para fora do Estado do Rio, estabelecendo relações com traficantes de Mato Grosso do Sul, de onde vem parte das drogas vendidas nas favelas de Duque de Caxias.
Outras peças importantes no bando de “Fiote”, de acordo com as investigações, são Valdirene Faria Barros, vulgo “Val”, que atua intermediando pagamentos a equipes de policiais em extorsões sofridas por integrantes dos bandos, e Lemuel Santos de Santana, vulgo “Doutor”, que tem a função de contratar advogados para defender traficantes presos e orientar a quadrilha na relação com PMs corruptos. As investigações da  força-tarefa apontam que o preço da propina flutuava de acordo com a capacidade de venda de drogas pelos bandidos.
Ainda durante as investigações, foi possível constatar que os policiais militares conheciam bem os bandidos. Foragido da Justiça, Jeferson Ferreira Abrantes, o “Nando” ou “Sorriso”, que atuava no abastecimento das bocas de fumo da comunidade Vai Quem Quer, era alvo constante de extorsões dos PMs, que exigiam pagamento de valores em dinheiro para a manutenção da sua liberdade.
http://noticias.r7.com

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