Sob a capa da fé, religioso preso abria igreja para discutir agiotagem, extorsões e ameaças
POR | ADRIANA CRUZ MARCELLO VICTOR PALOMA SAVEDRA |
Rio - Duas empresas de distribuição de combustível adulterado e pelo menos dois postos de gasolina faziam parte da estrutura do grupo de milicianos presos na Operação Pandora II, nesta quarta-feira.
“Eles fraudavam notas fiscais para escapar de possíveis fiscalizações”, explicou o delegado Alexandre Capote. Para ele, este seria um novo ‘mercado’ dos criminosos. Segundo o promotor Marcus Vinícius Leite, o pastor era truculento. “Era o lobo em pele de cordeiro”, analisou.
Em junho, dentro da igreja, Dijanio teria ameaçado homem que pegou R$ 50 mil emprestados. A vítima foi ao templo informar que atrasaria o pagamento de um mês.
Para milícia, tempo era dinheiro | Foto: Osvaldo Praddo / Agêcia O Dia
À época do empréstimo, em 2010, o homem entregou 12 cheques de R$ 5 mil a serem descontados por mês, além de ter se comprometido a pagar mais R$ 2,5 mil em dinheiro todo mês, a título de juros. Os suspeitos vão responder por formação de quadrilha, agiotagem e extorsão.
Templo é dinheiro para milícia
Por trás das lições de fé, a milícia Liga da Justiça transformou a Igreja Pentecostal Deus é a Luz, em Campo Grande, Zona Oeste, em Quartel-General do bando.
No templo do pastor Dijanio Aires Diniz, um dos seus fundadores, eram tramadas negociatas de agiotagem, extorsões e ameaças às vítimas.
Livro tinha fundo falso para armazenar HD | Foto: Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
A quadrilha apostou em novo ramo de atuação: venda de combustível adulterado. Nas contas bancárias dos acusados, a polícia rastreou mais de R$ 1 milhão e estima que os lucros chegam a R$ 500 mil por mês.
Um livro de Direito Tributário — com fundo falso — foi usado para esconder HD de computador, com dados de milicianos.
Onze dos 13 acusados foram presos nesta quinta-feira na operação Pandora II, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público.
R$ 30 mil e cofre
No rastro do dinheiro sujo, o MP pediu à Justiça a quebra do sigilo bancário e bloqueio das contas do pastor, preso, e de Cléber Oliveira da Silva, foragido. Eles seriam ligados ao ex-PM Toni Ângelo, que está solto.
Na ação, foram apreendidos cofre, R$ 30 mil, cinco carros importados, armas, munição, computadores e documentos. Central de TV por assinatura pirata, com cinco mil assinantes, foi fechada.
Grupo atua em Cosmos, Inhoaíba, Paciênca e Santíssimo. “O pastor fazia empréstimos a juros de até 30%”, disse o delegado Alexandre Capote, da Draco-IE.
Em 2011, 10 acusados da Liga da Justiça foram presos. A milícia foi organizada pelos irmãos Jeronimo e Natalino Guimarães, que cumprem pena.
Policiais acharam foto de pastor com Clarissa Garotinho e Rodrigo Maia | Foto: Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Ligações revelam violência
‘A vontade é entupir a cara dele de tiro’, diz José Cordeiro, o Bolt, em gravação telefônica, autorizada pela Justiça, sobre um devedor. Bolt, que é o outro foragido, disse ter medo de ser morto pelo pastor Dijanio.
Na campanha eleitoral, houve reunião de pastores na igreja com o deputado federal Rodrigo Maia (DEM) e deputada estadual Clarissa Garotinho (PR), então candidatos a prefeito e vice à Prefeitura: “Não o conheço”, alegou Clarissa.
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