sábado, 23 de março de 2013

Papa pede diálogo com islã para construir a paz



Falando a diplomatas, Francisco também disse que o mundo deve fazer mais pelos pobres e pelo meio ambiente

Vaticano O papa Francisco instou o Ocidente ontem a intensificar o diálogo com o Islã e pediu mais esforços ao mundo para combater a pobreza. O novo pontífice fez o apelo em um discurso a diplomatas em reunião no Vaticano, enviando uma mensagem por meio deles aos líderes dos mais de 170 países com os quais o Vaticano mantém relações diplomáticas.

O papa disse estar bastante agradecido, pois muitos líderes religiosos muçulmanos e civis participaram da sua missa inaugural, realizada na última terça-feira (12). Francisco terá encontro com Bento XVI na manhã de hoje Foto: Reuters

Falando em italiano, o papa também fez outro apelo apaixonado em favor da defesa dos pobres e do meio ambiente e disse que os países mais ricos devem lutar contra o que ele chamou de “pobreza espiritual de nossos tempos” e afirmou que precisam reforçar laços com Deus.

“Quantas pessoas pobres que ainda existem no mundo! E o grande sofrimento que eles têm de suportar!”, disse aos diplomatas em audiência na Sala Régia, no Vaticano.

Vida pública

Francisco pediu aos diplomatas que ajudem a manter a religião em uma posição central na vida pública e a promover o diálogo inter-religioso como um catalisador dos esforços para construir a paz. “Neste trabalho (de construção da paz), o papel da religião é fundamental. Não é possível construir pontes entre as pessoas esquecendo de Deus”, disse. “Mas o inverso também é verdadeiro: não é possível estabelecer laços verdadeiros com Deus ignorando os outros. Por isso, é importante intensificar o diálogo entre as várias religiões, e eu estou pensando particularmente do diálogo com o Islã”.

Francisco, o ex-arcebispo argentino Jorge Mario Bergoglio, disse que está agradecido, pois muitos líderes religiosos muçulmanos e civis participaram da sua missa inaugural na terça-feira (19). “Combater a pobreza, tanto material como espiritualmente, construir a paz e pontes: estes, por assim dizer, são os pontos de referência para uma jornada que quero convidar cada um dos países aqui representados a assumir”, disse.

O pontífice destacou a importância de proteger o meio ambiente ao explicar por que decidiu assumir o nome de São Francisco de Assis, que está associado à austeridade, à ajuda aos pobres e ao amor pela natureza.

“Aqui também, isso me ajuda a pensar no nome de (São) Francisco, que nos ensina o respeito profundo por toda criação e proteção de nosso meio ambiente, que muitas vezes, em vez de usar para o bem, nós exploramos avidamente, um em detrimento do outro”, disse. 

Encontro com Bento XVI

Pela primeira vez na história milenar do catolicismo, o papa Francisco encontrará hoje seu antecessor, Bento XVI, em Castel Gandolfo, onde reside desde sua renúncia, uma oportunidade única para tratar os muitos desafios que a Igreja enfrenta.

Os dois homens de branco - Ratzinger, papa emérito desde 28 de fevereiro, continua a vestir uma batina branca - estarão protegidos dos olhos da imprensa na tranquilidade da residência pontifícia de Castel Gandolfo, perto de Roma.

A hora de chegada do Papa foi anunciada para as 11h15 (8h15 no horário de Brasília), mas não a de sua partida, sinal que eles terão todo o tempo que quiserem. Eles devem almoçar juntos, e a discrição é a palavra de ordem. Os assuntos a serem discutidos são muitos em uma igreja de 1,2 bilhão de fiéis: a “nova evangelização”, as perseguições contra os cristãos, a reforma da Cúria, as divisões internas, os escândalos envolvendo dinheiro e sexo, incluindo os terríveis casos de pedofilia. 

Vatileaks na pauta

Os dois sacerdotes devem falar do “Vatileaks”, o caso dos vazamentos de documentos confidenciais, sobre o qual cardeais aposentados investigaram de forma paralela e prepararam um relatório que foi apresentado ao novo papa.

Antes de renunciar, Bento XVI assegurou sua “obediência incondicional” ao futuro papa e disse que iria se retirar do mundo. Anunciou que estaria ao lado do novo pontífice em oração e estaria pronto para dar conselhos. Os dois têm temperamentos diferentes: enquanto Joseph Ratzinger se mostrava tímido diante da multidão, mesmo sendo caloroso em privado, Jorge Bergoglio é mais espontâneo.

Dom Odilo riu ao saber que era um dos favoritos

Para Scherer, a escolha do arcebispo argentino para líder da Igreja Católica foi uma surpresa Foto: Reuters

São Paulo O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, afirmou ontem que “riu bastante” após o término do conclave, ao saber que era tido como favorito por meios de comunicação para assumir o posto de líder da Igreja Católica. “Eu ri bastante. Tinha um conclave que se fazia fora da Capela Sistina, e não foi o conclave que elegeu o Papa”, afirmou.

Jornais da Itália tinham colocado o brasileiro ao lado do italiano Angelo Scola como os mais cotados. O arcebispo afirmou que ficou isolado do que acontecia fora da Capela Sistina. Ao ser questionado se sentiu o peso de ser considerado favorito, afirmou: “Quem disse que eu era o favorito?”. Ele afirmou que ficou “desvinculado da opinião pública e da imprensa”. “Por isso não senti pressão”, disse.

Surpresa na escolha

Dom Odilo disse que a escolha do arcebispo argentino foi uma surpresa. “O novo Papa está mostrando um jeito diferente e próprio”, afirmou, ressaltando que os gestos e o próprio nome escolhido pelo sumo pontífice, em referência a São Francisco de Assis, dão indicações de como será seu papado. O fato de o papa ser argentino, ema sua opinião, indica um “novo ânimo” para a Igreja Católica na América Latina. 

Fonte: Diário do Nordeste

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