domingo, 17 de março de 2013

Repórter fala da importância até para os não católicos


Em Roma e sem deixar o Brasil



De férias no Rio quando Bento XVI revelou que renunciaria, Ilze Scamparini fala da importância do Papa até para os não religiosos

Dormi no Sambódromo e acabei acordando no Vaticano", resume Ilze Scamparini. Era o dia 11 de fevereiro, e a correspondente da TV Globo em Roma estava de férias, aproveitando o Carnaval do Rio, quando chegou a notícia que chamou a atenção até do folião mais pagão: "Fui rever o carnaval, acompanhei todas as escolas do domingo. Duas ou três horas depois, o telefone tocou. Fiquei paralisada. Teoricamente, a renúncia dele era possível, Bento XVI já tinha falado disso, mas ninguém acreditava. Seria um gesto de muita ruptura. Mas no fim das contas pareceu tão natural", analisa a jornalista, dias antes da escolha do novo Papa, o argentino Jorge Mario Bergoglio.

Ilzi Scamparini com Bento XVI: "a amabilidade em pessoa". 

De tão associada à cobertura do Vaticano, a ausência da repórter foi sentida no dia em que Bento XVI comunicou que renunciaria. Nas redes sociais, telespectadores demonstraram surpresa. Mas, nas últimas semanas, habemus Ilze diariamente na TV. Católica, ela ressalta a importância do tema não só para os religiosos. "O conclave é algo extraordinário não só para os católicos. O Papa é também um chefe de estado. Em guerras, a diplomacia vaticana pode ter muito valor. Nos anos 60, na crise dos mísseis soviéticos instalados em Cuba e voltados para os Estados Unidos, talvez o pior momento da Guerra Fria, o Papa João XXIII correu para rádio vaticana e, em francês, suplicou a Nikita Kruschev e Kennedy que ´não ficassem insensíveis a este grito da Humanidade´. Pediu que a paz fosse salva, implorou pelo diálogo. Poucos sabem que ele ajudou a evitar a guerra nuclear".

Cobertura
Nestes 14 anos na Itália, Ilze acompanhou os passos de dois papas. E destaca seus estilos bem diferentes: "Conheci o João Paulo II já velho, por isso muito doce e terno. Dizem que quando era mais novo era bem enérgico. Acompanhei algumas viagens dele. Um Papa que emocionava com pequenos gestos. Tinha senso de humor, fazia brincadeiras na praça. De uma humanidade infinita. Ratzinger é a amabilidade em pessoa, mas racional, coerente. Acabou conquistando o mundo com um único grande gesto, o último do seu pontificado".

Com João Paulo II: "doce, terno e tinha senso de humor"

Mas a vida da correspondente não se resume a Vaticano ou mesmo a trabalho. "Faço muita coisa a pé, vou olhando os prédios, as estátuas, as ruínas, cada detalhe medieval, barroco ou renascentista. Adoro também descobrir lojas de armarinho. Como muito em casa e gosto das frutas e das verduras mediterrâneas. Roma é cheia de sol, as primaveras são lindas. Mas o verão daqui é mais quente que o de Bangu!", descreve ela.

Ilze vive com o roteirista Domenico Saverni Mezzatesta. Descendente de italianos, não tem contato com os parentes que estão por lá: "Tem quatro famílias da linha do meu avó paterno que vivem em Veneza, mas nunca as procurei. Por parte de mãe, os pais dela vêm de Mantova e Treviso. Se ficou alguém aqui, é mais distante".

Sem dizer se tem vontade de voltar à terra natal, a repórter de 52 anos acredita que a imagem do Brasil melhorou na mesma medida da evolução do país. Já a crise na europeia preocupa:

"A violência aumentou, a agressividade, a falta de esperança. Quem vem de fora talvez não perceba tanto, mas a vida aqui decaiu bastante. Como os brasileiros, os italianos também são criativos e capazes de inventar saídas para a crise". 

Fonte: Diário do Nordeste

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