segunda-feira, 8 de abril de 2013

Especialistas repercutem processo de desertificação


Repórteres percorreram os principais núcleos de desertificação existentes no Nordeste

Fortaleza O avanço da degradação sobre a caatinga na sua forma mais severa, a desertificação, foi retratado em duas edições especiais do caderno regional do Diário do Nordeste, publicadas na última sexta-feira e ontem. O material causou grande repercussão no meio acadêmico e entre autoridades.

As equipes de reportagem estiveram em diferentes Estados do Nordeste, especialmente no Ceará, onde verificaram tanto situações que configuram o desastre ambiental pela degradação, quanto as ações de recuperação dos solos FOTO: CID BARBOSA

A reportagem visitou os quatro núcleos de desertificação reconhecidos pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) no País. Todos se situam na região nordestina: Irauçuba/CE, Seridó/RN, Cabrobó/PE e Gilbués/PI.

Nesses locais, a situação é devastadora. A reportagem mostrou que a vegetação já não mais tem qualquer utilidade. O processo de desertificação, produzido por fatores naturais como ventos, secas ou chuvas irregulares, foi imensamente agravado pela ação predadora do homem, através do desmatamento, queimadas, irrigação excessiva e criação de animais de grande porte em quantidade acima do suportável pela caatinga.

Equipe

Além da editora Maristela Crispim, os repórteres Emerson Rodrigues e Fernando Maia participaram do projeto.

"Já tinha lido o caderno da sexta-feira e no domingo foi a primeira coisa que fiz, pegar o jornal para observar o outro. Gostaria de parabenizar o Diário do Nordeste pela iniciativa de abordar essa questão que aflige a Caatinga. Foi uma iniciativa extremamente positiva", disse o titular da secretaria de Desenvolvimento Agrário Nelson Martins.

Para o secretário, o tema se torna mais importante por conta dos quatro anos de seca. "Incluo também 2011 pois foi bom para a produção agrícola de sequeiro mas não encheu os açudes.

"As matérias do Caderno Regional sobre a Desertificação no Semiárido vêm ressaltar a necessidade urgente de discussão e sensibilização da sociedade e do Estado para esse problema, que vem se agravando nas ultimas décadas", enfatiza Suely Chacon, doutora em Desenvolvimento Sustentável e professora da Universidade Federal do Ceará/Campus Cariri, além de pesquisadora da Rede Clima.


Os cadernos Especiais "O Deserto Avança" e "O Deserto Contido" foram publicados pelo Diário do Nordeste nas edições do dia 5 passado e ontem

Suely ressalta que "o Semiárido brasileiro é a área mais povoada dentre as zonas áridas e semiáridas do planeta. Essa alta densidade demográfica gera uma vulnerabilidade cada vez maior para este espaço.

A pesquisadora confessa que, ao ler o material, "deu vontade ter estado lá com vocês. As excelentes reportagens que compõe os dois cadernos atestam essa realidade e chamam atenção para a necessidade de ações mais efetivas e contínuas por parte do Estado. É importante ressaltar a necessidade de inserir essa discussão nos programas e propostas que visem ao desenvolvimento do Semiárido, envolvendo a população", disse.

O presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), Paulo Henrique Lustosa, considerou os cadernos muito interessantes. "Eles nos apresentam um painel bem realista da situação atual dos núcleos de desertificação e do que está sendo feito para conter esse grave problema da Caatinga". Paulo Henrique destacou que o Conpam, através do projeto Mata Branca, mapeou as três áreas consideradas em processo de desertificação no Ceará: Irauçuba, Jaguaribe e Inhamuns (todas visitadas pela reportagem).

A professora Márcia Rios Marino. Coordenadora do Curso de Especialização em Gestão Ambiental da Universidade de Fortaleza (Unifor), destacou a sensibilidade na abordagem frente aos problemas ambientais , "sempre interligando o homem à natureza de forma sistêmica e com um olhar holístico, indispensável na busca de um mundo sustentável", afirmou.

FERNANDO MAIA
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste

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