Jéssica Marçal
Da Redação
Arquivo
O cientista político Maurício Cardoso
O caso “mensalão” tem assumido grande visibilidade no Brasil nos últimos três meses. Desde o início do julgamento, em 2 de agosto, o assunto é comentado entre os brasileiros, que se sentem indignados com a corrupção na política e viram nesse julgamento uma possibilidade de se fazer justiça.
Famoso por denunciar um esquema de favorecimento financeiro em troca de apoio político, o mensalão começou a ser julgado e assumiu certa intensidade em termos de representação jurídica.
“Seria impossível fechar os olhos ou engavetar um processo tão complexo como esse que foi chamado popularmente como mensalão”, foi o que disse o cientista político Maurício Cardoso.
Corrupção
Casos como o mensalão trazem à tona a indignação das pessoas diante da corrupção na política. Embora mais acentuada nesta área, Maurício explicou que, na verdade, a corrupção está implícita em todas as coisas da vida. Isso porque corrupção significa toda deterioração, empobrecimento de uma ideia perfeita, de um conceito ideal.
"Só que, evidentemente, aplicado sob o espaço da política, causa revolta, causa transtornos até porque o impacto dessa corrupção é muito grande e por isso, evidentemente causa essa comoção social, essa resistência social”.
E se o julgamento do Supremo Tribunal Federal vai mudar essa concepção do brasileiro, de que a natureza política é corrupta, Maurício acredita que isso vai ser um grande marco. Isso pelo fato de que, pela primeira vez, tem-se um governo sendo colocado sob a perspectiva da Justiça.
Porém, Maurício lembrou que existem muitos outros processos, com a mesma potencialidade do mensalão, que foram engavetados e ainda não tiveram seu prazo jurídico esgotado. “A nossa esperança, em termos de cidadania, é que no embalo agora do julgamento do mensalão, outros dados importantes também sejam julgados, até para que essa sensação de injustiça e hipocrisia possa ser extirpada do processo político nacional".
Mensalão, Ficha Limpa, ano eleitoral
O julgamento do mensalão veio no mesmo ano da aprovação da Lei da Ficha Limpa e da Lei de Acesso à Informação, e tudo isso aconteceu em um ano eleitoral.
Maurício acredita que, infelizmente, o brasileiro não entendeu ainda a importância desses mecanismos para a política brasileira. Como exemplo, ele citou o caso de políticos “ficha suja” que acabaram sendo eleitos e agora tem sua posse nas mãos da Justiça.
“Na verdade, o brasileiro tem uma dificuldade muito grande de acreditar na justiça, até porque ela sempre foi e é morosa demais. E a segunda coisa é que ele não aceita de jeito nenhum que ele possa mudar a convicção dele em função de um bem maior. Nesse caso, por exemplo, dos políticos “ficha suja” que foram eleitos, a ideia é muito simples: eu voto em quem eu quero e eu determino a minha vontade conforme eu quero”
Conscientização popular
Diante dessa falta de conscientização que ainda perpassa muitos brasileiros, Maurício acredita que será necessário tempo para que esses fatos se tornem parte do cotidiano das pessoas. E para fazer isso, ele acredita na educação, “núcleo crucial” do processo democrático.
“É preciso educar para a cidadania e para a emancipação da pessoa, até na questão política, na discussão política. E a segunda coisa tão importante quanto isso é exatamente a democratização dos veículos de comunicação, porque até hoje, em pleno século XXI, nós temos retenção de informações por parte principalmente da imprensa e de alguns órgãos públicos”.
Cobertura da mídia: espetáculo?
Sendo um grande momento da história política do país, a mídia acompanhou e continua acompanhando tudo de perto. Mas para o cientista político, isso é negativo a partir do momento que se tornou um show. “Tanto que o Joaquim Barbosa tornou-se um ícone hoje da moralidade e da justiça. Ele não tem que se tornar ícone e nem herói de nada, ele é só um ministro do Supremo Tribunal Federal que está fazendo o papel dele”.
Para Maurício, a mídia acaba criando ícones ideológicos que, na verdade, não facilitam o acesso à ideia central da discussão. “As pessoas, na verdade, falam sobre o mensalão, mas elas não sabem o que é o mensalão. Aquilo lá, na verdade, se tornou um palco de discussões internas e, infelizmente, ninguém sabe o que é o mensalão”.
Perspectivas de futuro: o julgamento foi um ganho?
Embora tenha condenado 25 dos 37 réus do caso mensalão, há quem ainda duvide da eficácia do julgamento. Mas para Maurício, este foi um indício de que as coisas vão mudar a passos lentos.
“Carmem Lúcia, que é a ministra do Tribunal Superior Eleitoral, disse em fala pública que ela será bastante dura quantos aos casos de 'ficha suja' que chegarem até o seu escritório, até à sua autoridade. Então se isso acontecesse no julgamento desse candidato com 'ficha suja', nós já teríamos um ganho muito grande quanto a isso”, exemplificou.
E a partir de agora, tendo em vista a cobrança e a exigência por parte da sociedade, Maurício acredita que é possível perceber que a Justiça se torna mais rápida. Ainda assim, ele destaca a necessidade de cautela.
“Se o Supremo hoje está em evidência, outras estruturas do poder judiciário ainda estão muito atreladas a interesses escusos que impossibilitam enxergar a Justiça brasileira como madura”.
Famoso por denunciar um esquema de favorecimento financeiro em troca de apoio político, o mensalão começou a ser julgado e assumiu certa intensidade em termos de representação jurídica.
“Seria impossível fechar os olhos ou engavetar um processo tão complexo como esse que foi chamado popularmente como mensalão”, foi o que disse o cientista político Maurício Cardoso.
Corrupção
Casos como o mensalão trazem à tona a indignação das pessoas diante da corrupção na política. Embora mais acentuada nesta área, Maurício explicou que, na verdade, a corrupção está implícita em todas as coisas da vida. Isso porque corrupção significa toda deterioração, empobrecimento de uma ideia perfeita, de um conceito ideal.
"Só que, evidentemente, aplicado sob o espaço da política, causa revolta, causa transtornos até porque o impacto dessa corrupção é muito grande e por isso, evidentemente causa essa comoção social, essa resistência social”.
E se o julgamento do Supremo Tribunal Federal vai mudar essa concepção do brasileiro, de que a natureza política é corrupta, Maurício acredita que isso vai ser um grande marco. Isso pelo fato de que, pela primeira vez, tem-se um governo sendo colocado sob a perspectiva da Justiça.
Porém, Maurício lembrou que existem muitos outros processos, com a mesma potencialidade do mensalão, que foram engavetados e ainda não tiveram seu prazo jurídico esgotado. “A nossa esperança, em termos de cidadania, é que no embalo agora do julgamento do mensalão, outros dados importantes também sejam julgados, até para que essa sensação de injustiça e hipocrisia possa ser extirpada do processo político nacional".
Mensalão, Ficha Limpa, ano eleitoral
O julgamento do mensalão veio no mesmo ano da aprovação da Lei da Ficha Limpa e da Lei de Acesso à Informação, e tudo isso aconteceu em um ano eleitoral.
Maurício acredita que, infelizmente, o brasileiro não entendeu ainda a importância desses mecanismos para a política brasileira. Como exemplo, ele citou o caso de políticos “ficha suja” que acabaram sendo eleitos e agora tem sua posse nas mãos da Justiça.
“Na verdade, o brasileiro tem uma dificuldade muito grande de acreditar na justiça, até porque ela sempre foi e é morosa demais. E a segunda coisa é que ele não aceita de jeito nenhum que ele possa mudar a convicção dele em função de um bem maior. Nesse caso, por exemplo, dos políticos “ficha suja” que foram eleitos, a ideia é muito simples: eu voto em quem eu quero e eu determino a minha vontade conforme eu quero”
Conscientização popular
Diante dessa falta de conscientização que ainda perpassa muitos brasileiros, Maurício acredita que será necessário tempo para que esses fatos se tornem parte do cotidiano das pessoas. E para fazer isso, ele acredita na educação, “núcleo crucial” do processo democrático.
“É preciso educar para a cidadania e para a emancipação da pessoa, até na questão política, na discussão política. E a segunda coisa tão importante quanto isso é exatamente a democratização dos veículos de comunicação, porque até hoje, em pleno século XXI, nós temos retenção de informações por parte principalmente da imprensa e de alguns órgãos públicos”.
Cobertura da mídia: espetáculo?
Sendo um grande momento da história política do país, a mídia acompanhou e continua acompanhando tudo de perto. Mas para o cientista político, isso é negativo a partir do momento que se tornou um show. “Tanto que o Joaquim Barbosa tornou-se um ícone hoje da moralidade e da justiça. Ele não tem que se tornar ícone e nem herói de nada, ele é só um ministro do Supremo Tribunal Federal que está fazendo o papel dele”.
Para Maurício, a mídia acaba criando ícones ideológicos que, na verdade, não facilitam o acesso à ideia central da discussão. “As pessoas, na verdade, falam sobre o mensalão, mas elas não sabem o que é o mensalão. Aquilo lá, na verdade, se tornou um palco de discussões internas e, infelizmente, ninguém sabe o que é o mensalão”.
Perspectivas de futuro: o julgamento foi um ganho?
Embora tenha condenado 25 dos 37 réus do caso mensalão, há quem ainda duvide da eficácia do julgamento. Mas para Maurício, este foi um indício de que as coisas vão mudar a passos lentos.
“Carmem Lúcia, que é a ministra do Tribunal Superior Eleitoral, disse em fala pública que ela será bastante dura quantos aos casos de 'ficha suja' que chegarem até o seu escritório, até à sua autoridade. Então se isso acontecesse no julgamento desse candidato com 'ficha suja', nós já teríamos um ganho muito grande quanto a isso”, exemplificou.
E a partir de agora, tendo em vista a cobrança e a exigência por parte da sociedade, Maurício acredita que é possível perceber que a Justiça se torna mais rápida. Ainda assim, ele destaca a necessidade de cautela.
“Se o Supremo hoje está em evidência, outras estruturas do poder judiciário ainda estão muito atreladas a interesses escusos que impossibilitam enxergar a Justiça brasileira como madura”.
Fonte: Canção Nova Notícias
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