sábado, 20 de agosto de 2011

Igreja e ciência sem conflitos

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É possível admitir a existência de vida em outros planetas, ou vida extraterrestre. A teoria do Big Bang para explicar a origem da terra é a que melhor explica esse fenômeno. Do ponto de vista da ciência, o evolucionismo está largamente comprovado. Não se apresse em julgar que essas afirmações são oriundas de algum cientista ateu, materialista, desejando confrontar com os ensinamentos religiosos. Nada disso. São colocações feitas por um padre da Igreja Católica, também cientista, diretor do Observatório do Vaticano. José Fuenes, argentino, logo depois que obteve o diploma de astrônomo da Universidade de Córdoba, sentiu o chamado de Deus e ingressou na ordem dos jesuítas, recebendo diploma em filosofia e seguindo para Roma, onde foi ordenado. Homem de fé e de ciência, foi indicado pelo papa Bento XVI para o Observatório do Vaticano, aceitando teorias que antes o levariam a excomunhão.
O primeiro ponto a observar é que o sacerdote não aceita a existência de conflitos entre a doutrina da Igreja e a ciência. Tudo tem sua explicação e, de forma natural, responde sobre questionamentos que sempre colocaram os dois em campos distintos. Afinal de contas, como aceitar que o mundo foi criado em seis dias, com Deus descansando no sétimo? Deus, sendo Deus, não precisaria descansar. Tudo não passa de uma simbologia e de palavras dentro de outro contexto. A Bíblia não é um livro de ciências e foi escrita a dois mil ou três mil anos atrás, diz padre Funes. Nessa época, não havia o conhecimento científico de hoje. Seus autores foram inspirados para transmissão de mensagem divina e não científica. Esse padre cientista está no Brasil participando do workshop The Evolving Universe. A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro é quem promove o debate desses temas tão excitantes. Isso é muito bom.
Na Igreja atual, a explicação da origem da humanidade se confunde com o livro do Gênesis. Nele, Deus não diz como o universo foi criado. Esse não é o objetivo da Bíblia. A mensagem transmitida é de cunho religioso e não uma mensagem científica. Para o homem de fé, acredito isso não é tão importante. O fenômeno da criação não cabe no pensamento. O mistério da vida pode ser até mais importante, o existir e o desaparecer. Para se entender o que é a vida, teríamos que criar uma realidade sobre de onde viemos, onde estamos e para onde iremos. A importância do início pode ser importante para o momento atual, mas sem significado para um futuro desconhecido. Se Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, qual o motivo do desencaminhamento da humanidade, a ponto de precisar que o Pai envie um filho para ser sacrificado para salvar a humanidade? Cada qual que faça sua reflexão.
Voltando ao padre Funes, ele ensina não ser possível uma prova da existência de Deus do ponto de vista da ciência. E acredita que as explicações científicas são racionais e compatíveis com o Deus criador. O universo tem centenas de bilhões de galáxias, cada uma delas formada por centenas de bilhões de estrelas, que por sua vez têm centenas de bilhões de planetas orbitando entre elas. Até o momento, não há provas da existência de vida fora da terra, mas a Igreja estimula as pesquisas nessa procura. Quando se diz que fomos criados à imagem de Deus não se deve procurar a semelhança física, mas a analogia espiritual. Outros seres podem ter sido criados com diferentes aparências, mas conservando a natureza espiritual de Deus. Quando ainda criança, padre Huberto me viu lendo a Bíblia, disse que eu não estava preparado para essa leitura. Hoje, entendo suas palavras. A Bíblia não pode ser lida de forma literal.

http://www.omossoroense.com.br/laire-rosado/6025-igreja-e-ciencia-sem-conflitos 

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