quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Greve dos Correios deve acabar nesta 4ª


Vinicius Gorczerski
Especial para o Diário


A greve dos trabalhadores dos Correios está próxima do fim. Em audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho - que durou quatro horas ontem - tanto a Federação Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Correios, Telégrafos e Similares quanto a ECT aceitaram proposta da ministra do TST, Maria Cristina Irigoyen Peduzzi.
Nela, o maior incentivador para que os trabalhadores voltem à labuta foi o corte de apenas seis dias no ponto da categoria, que ficou 21 dias corridos de braços cruzados. É o que explica o diretor jurídico da Fentect, Manuel de Lima Feitoza. "Depois de muita discussão chegou-se a um entendimento."
O desconto será feito em em meio dia por mês a partir do ano que vem - prolongando os débitos até dezembro. A medida foi proposta pela ministra porque esses dias já tinham sido descontados da folha de setembro; e que a empresa não abriu mão de cortar. Os Correios, então, terão de pagar o salário de setembro de modo integral.
A proposta prevê ganhos reais de R$ 80 - a serem pagos desde 1° de outubro. Já a reposição da inflação, acumulada em 6,87% em um ano, de forma retroativa ao primeiro dia de agosto. A oferta anterior incluía aumento de R$ 50 mensais a partir de 2012.
Na prática, significa ganhos reais de 9,9% para quem recebe o piso, hoje em R$ 807, além de repor a inflação. Anovidade da rodada de conciliação é a antecipação do pagamento, não mais em janeiro, como previa a última oferta da companhia, antes da decisão de partir para a Justiça.
Em compensação, o adiantamento do salário anulou o abono de R$ 500. Benefício que seria pago de forma imediata antes de ambas as partes decidirem o futuro da negociação na Justiça.
Entre os benefícios oferecidos pelos Correios, está um seguro-medicamento. A ideia é conceder descontos e reembolsos de valores gastos com remédios, além de correção de outros benefícios.
O retorno ao trabalho em todo o País, porém, ainda vai depender do aval dos trabalhadores em assembleias que serão realizadas nos 35 sindicatos às 11h de hoje.
Se 18 votarem pela oferta - o que inclui a subsede do sindicato no Grande ABC, localizado em Santo André, todos os funcionários retornam ao serviço de forma integral já na quinta-feira, estima Feitoza.

INSATISFAÇÃO
O principal motivador para o começo da paralisação, há 21 dias, era a rejeição da empresa pelos pedidos. A Fentect pedia R$ 400 de aumento linear, mais 6,87% de inflação.
Com sucessivas recusas entre categoria e classe patronal, durante o mês, o pedido foi revisto para R$ 200 em ganho real, mesmo assim negado pela estatal.


ATRASOS -  A greve, que se arrasta por 16 dias úteis, deixa pelo menos 9,750 milhões de objetos em atraso para entrega. Na região, 750 mil itens por dia chegam aos seus destinos, em média. O diretor regional do Sintect, Anderson Lima de Moraes, estima que apenas 100 mil foram entregues por dia desde o início da paralisação.
No País, 136 milhões de correspondências estão paradas, o que significa atraso médio de até quatro dias. O sindicato regional tem defendido que desde o começo da onda grevista os índices de adesão chegaram a atingir 90%, mas caíram para 70% na média geral no curso do processo.
Nos centros de distribuição foram onde ocorreram os maiores empecilhos. Há 17 deles na região; sendo três de triagem, responsáveis por selecionar e direcionar às sete cidades os itens. Nesses locais, o índice de paralisação é de 80%, garante Moraes. A ECT afirma que 20% dos funcionários da empresa continuam de braços cruzados no País.

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