Subiu no telhado o projeto de reforma política redigido pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS), na foto. A votação da proposta na comissão que trata do tema na Câmara, prevista para esta quarta (5), deve ser adiada. O adiamento foi esboçado numa reunião de emergência realizada na noite desta terça (4). Deu-se na casa do líder do PT, Paulo Teixeira (SP). Além do anfitrião, participaram o próprio Fontana e o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). Na pele de relator da reforma política, Fontana produziu um texto que reflete mais a vontade do PT do que o desejo médio dos demais partidos. São dois os pontos da reforma que provocam maior aversão: o financiamento público das campanhas e o voto em lista de candidatos pré-determinados pelos partidos. Fontana tentou atenuar a contrariedade por meio de fórmulas híbridas. Propôs que a criação de um fundo que, gerido pelo TSE, receberia também doações de empresas privadas e estatais. Sugeriu que, além de votar nos partidos e em sus listas, o eleitor votasse também num candidato de sua preferência, como ocorre hoje. Aos olhos da maioria, as emendas pioraram o soneto. Na conversa noturna desta terça, o pemedebê Henrique Alves informou aos petês Fontana e Teixeira que, levado a voto, o texto seria rejeitado. O petismo não ignorava o risco. Mas imaginava que, a despeito dos narizes torcidos, seria possível aprovar a peça na comissão. Depois, quando o projeto chegasse ao plenário da Câmara, os sócios do condomínio governista tentariam promover ajustes que contentassem a maioria. Legendas que frequentam a periferia da coligação aderiram à fórmula do ‘aprova-como-está-para-ver-como-é-que-fica.’ Entre elas PSB, PDT e PCdoB. Porém, o líder do PMDB cuidou de avisar que seu partido não participaria do acerto. Pior: seria seguido por PP, PTB, PR e adjacências. Juntando-se à oposição –PSDB, DEM e PPS— o pedaço do bloco governista contrário ao relatório de Fontana derrotaria o texto na comissão. Fontana aventou a hipótese de manter a leitura de seu texto. Para evitar a votação, um dos membros da comissão seria escalado para pedir vista da proposta. Lero vai, lero vem concluiu-se que o pedido de vista protelaria a encrenca. Mas não teria o condão de transformar o dissenso em consenso. Ao final da conversa, Fontana pendia para o adiamento. Como pretexto, invocaria a necessidade de ouvir o PT, cuja Executiva reúne-se nesta quinta (6). Se mudar de ideia, o relator petista arrisca-se a arrostar uma derrota vexatória. Foi o que deixou antever Henrique Alves em conversa com um amigo. No dizer do líder do PMDB, estão contra o projeto de Fontana “a maioria da Câmara e as torcidas do Flamengo e do Vasco.” A má vontade com o texto foi evidenciada em ato público realizado na Câmara à tarde. Convocado para exibir a musculatura da reforma, demonstrou sua tibieza. |
Não somos absolutamente de perder o ânimo para nossa ruína; somos de manter a fé para nossa salvação!” (Hb 10, 36-39).
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Sem apoio, PT deve adiar votação da reforma política
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