Bento XVI fez como seu antecessor, João Paulo II: em um discurso público, e na presença de líderes de outras religiões, se desculpou pelos erros da Igreja
O papa Bento XVI reconheceu nesta quinta-feira, "com grande vergonha", o uso da força pelo cristianismo no passado. O sumo pontífice disse ainda que a violência em nome de Deus não tem mais lugar no mundo contemporâneo. O papa se pronunciou durante um evento ecumênico pela paz. Ele recebeu cerca de 300 líderes religiosos do mundo todo, incluindo cristãos, judeus, muçulmanos, hindus, zoroastristas, taoistas, xintoístas e budistas.
"Como cristão, gostaria de dizer neste momento: sim, é verdade, ao longo da história, a força foi usada em nome da fé cristã", disse em discurso às delegações reunidas na basílica de Assis, cidade natal de São Francisco. "Reconhecemos isso com grande vergonha. Mas está muito claro que isso foi um abuso da fé cristã, algo que evidentemente contradiz sua verdadeira natureza", afirmou. Essa foi uma das raras vezes em que o papa se desculpou por eventos como as Cruzadas ou o uso da força para difundir a fé no Novo Mundo.
O antecessor de Bento XVI, João Paulo II, se desculpou em 2000 pelas falhas históricas do cristianismo. Bento XVI, que em seu discurso condenou o terrorismo, disse que a história também demonstrou que a negação de Deus pode gerar "um nível de violência que não conhece limites". Ele disse que os campos de concentração da II Guerra Mundial revelavam "com total nitidez as consequências da ausência de Deus".
(Com agência Reuters)
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