quarta-feira, 10 de outubro de 2012

As características maquiavélicas de um governante para se manter no poder


Professor Valdeni Cruz
Formado em Pegagogia
Professor da rede Municipal e Estadual
Estudante de Teologia e História
Sindicalista e Radialista

Poder (do latim potere) é, literalmente, o direito de deliberar, agir e mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, ou o império de dada circunstância ou a posse do domínio, da influência ou da força.
A sociologia define poder, geralmente, como a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma maneira. Existem, dentro do contexto sociológico, diversos tipos de poder: o poder social (de Estado); o poder econômico (poder Empresarial); o poder militar (poder político); entre outros.
Estamos cercados por algum tipo de poder o tempo todo. O poder do Estado, da mídia, da religião. O poder está sempre concentrado nas mãos de alguns poucos que mantém seu domínio sobre outros. E aqueles que tiveram nas mãos o poder em algum momento, sentem-se atraídos por ele. Para manter este poder em suas mãos ou a seu serviço pode utilizar-se, além do poder de persuadir,  a capacidade de criar mecanismos que lhes permitam a permanência neste poder, sejam eles lícitos ou ilícitos.
O livro “O livro o Príncipe” de Maquiavel, retrata esta realidade de maneira brilhante. Ele escreve dizendo que no tempo dos reis absolutistas era comum estes terem em torno de si os seus consultores, colonos e milicianos. Os colonos eram aqueles que iam morar no meio dos povoados e ali impor o regime e os decretos de seu rei. Estes estabeleciam ali a autoridade e demarcação do território, para que os forasteiros ou inimigos políticos do rei o tomassem de suas mãos.
Quem é o forasteiro nesse caso? É aquele que está de fora. Que não faz parte daquele grupo,  é aquele vem para atrapalhar os planos de alguém que não aceita ser incomodado e desinstalado do trono que ele próprio criou para si.
O forasteiro é alguém que pode também ter capacidade e governar e de atrair em torno de si seguidores, na época, chamado de súditos. O que governa sente-se ameaçado, pois o forasteiro, aquele que está de fora, pode convencer a muitos de que o que governa não está mais apto a continuar governando. Deste modo, dirá para os seus seguidores de aquele governo tornara-se corrupto, despreocupado com os seus súditos e, que, portanto, outro deve ocupar seu lugar.
O que governa, por sua vez, tentará manter o controle. Para isso fará uso das armas que tem. Procura de imediato, descobri os pontos fracos de seu rival. Passa a defender-se e colocar-se como o mais digno do poder. Não conseguindo através do convencimento formal, isto é, pela palavra, procurará estratégias que atinja o seu inimigo.
Neste momento ele se lembra dos seus amigos mais próximos. Agora pedirá a ajuda daqueles que ele diz tê-los ajudado na hora da aflição. Estes estando amarrados como que por uma aliança feita para com o governante, fará o pacto de total colaboração. Esta colaboração, claro tem seu preço. Uma vez que o seu governante conseguir manter-se no poder, deverá cumprir com as obrigações de outrora. Exigirão os privilégios para si e para os seus.
Feita a aliança é hora de planejar as estratégias para eliminar aquele que almeja tomar o lugar de seu rei, seu governante. Elaboram os primeiros passos para tentar convencer aos seus súditos que de aquele que se apresenta para ocupar o lugar do governante que está agora no poder não tem capacidade, é uma ameaça para o povo e que, portanto deve ser desacreditado.
Se conseguir com esta estratégia, tudo acaba por ai. Às vezes esta prática funciona. Em outros casos, o resultado não é satisfatório. O inimigo parece resistir à primeira investida. O que governa sente-se incomodado e não desanima. Estará pronto para outro ataque assim que puder.
O governante ameaçado passará a investir de forma mais pesada e mais desonesta. Fará com que o inimigo demonstre seus pontos fracos. Usará de truques e artimanhas para tentar minar a capacidade do oponente que é o de conquistar o seu lugar. Se ainda assim não conseguir impedir a força de seu rival, ousará agir de forma cruel para ver a queda do atrevido que resolveu cruzar o seu caminho.
Se o oponente for experiente, também usará as armas que tem. Às vezes acontece das armas serem tão poderosas quanto às armas daquele que está no poder. Se assim for, o embate será grande.  Entretanto, as estratégias pode não ser das melhores e ai o veterano se sai melhor. O que deseja conquistar o poder precisaria de calma, ouvir conselhos de pessoas que sejam leais. Para isso também se exige tempo. Não são todos que podem ajudar. Às vezes os que estão mais próximos são os talvez mais atrapalhe.
Numa batalha tudo é muito arriscado. Por isso tem que se manter o controle das emoções. Pois as emoções normalmente tornam as pessoas cegas e incapazes de ver o que é óbvio.   
Não se ganha uma guerra sem antes perceber com que armas lutarão os inimigos. Às vezes é preciso recuar e dar impressão que está desistindo de lutar. Nesse caso, recua-se para avançar com maior segurança. No recuo é preciso rever as estratégias para retornar ao ataque. Deve-se estar quase totalmente certo de o seu ataque será decisivo para vencer o inimigo. Se não tiver certeza, aguarde um pouco mais até que tudo se torne mais claro para evitar o desgaste desnecessário.
Não podemos esquecer que em meio ao jogo do poder está sempre o povo. Estes muitas vezes permanecem completamente indiferentes ao que ocorre a seu repeito. É ai onde entra o jogo mais pesado de quem está no poder. Uma vez que o governante sabe que o povo tende a se debandar para o lado do oponente, tentará dar o bote certeiro. Este bote muitas vezes dá certo.
O governante, sabendo que muitos estão descontes com seu governo, procurará uma solução. Nos nossos dias podemos considerar que uma parte dos descontes são aqueles que estão com o governante. Este procurará logo livrar-se desse problema comprando-os e beneficiando-os de maneira generosa os seus ajudantes ou comparsas. São eles que poderão lhe socorrer nesta hora de aflição. Tendo se harmonizado com os descontentes mais próximos, exigirá o compromisso dos tais para arquitetar o seu plano maquiavélico e definitivo e assim poder livrar-se de vez seu inimigo.
É assim que acontece hoje. Vivemos numa democracia fajuta, onde o povo pouco sabe o que se pensa a seu respeito. O jogo sujo faz com que estes se sintam completamente abandonados à própria sorte. Os mesmos são desrespeitados, mas por causa da ignorância poucos percebem que estão sendo desde sempre massa de manobra, onde os poderosos fazem deles cobaias para atingir seus mais obscuros projetos de continuarem vivendo de maneira imoral e desonesta, usufruindo dos benefícios que seriam destinados a melhora de sua qualidade de vida.
É assim que acontece nas cidades do interior no tempo das eleições. O que era pra ser um momento de esperança torna-se um momento da sujeira e de desrespeito. Aquele que foi eleito pelo povo esquece que seu poder emanou do povo e, portanto deveria servir ao povo. Mas não é o que acontece. Este ao chegar ao poder tenta agir como se fosse um rei. Senta-se no trono e passa a querer ser servido do bom e do melhor, enquanto que o povo agora se dane. Ao término de seu mandato, estará ele de novo querendo continuar. Aquele povo que o elegeu está lá com os mesmos problemas, na mesma miséria e etc. Ele tentará conquistar este povo através de discursos e se não consegue, age como sempre agiu: comprar os pobres miseráveis e desprovidos da consciência.
Durante o pleito eleitoral acontecem às mesmas práticas. Sabendo que o pobre desvalido continua lá abandonado, procura-o novamente e oferece-lhes as migalhas tratando-os como cachorros. Estes por sua vez, não tendo capacidade alguma de entender nada do que acontece ver a situação de maneira indiferente e até acha que está sendo valorizado.
Estou falando da compra de votos. Esta prática maldita que acontece de forma descarada e sem qualquer tipo de cerimônia e vista como coisa normal. Até dizem para os que se opõem a esta prática que não é nada demais, aliás, é comum, todo mundo compra voto. E dizem que quem não tem dinheiro para comprar votos perde mesmo à eleição.
Aqui em minha cidade e nas cidades vizinhas a compra de votos acontece de maneira mais intensa nos últimos dias que antecede as eleições. Os tipos de compra de votos mais comuns são: a cédula de 2, 5, 10, 50, 100 e até valores que podem chegar a 500 reais ou mais para se comprar um voto. Há ainda a velha distribuição de redes, cestas básicas e outros costumes. Estes presentes estão sempre envoltos por adesivos dos candidatos.

A prática é tão imoral que se alguém sair pelas ruas da cidade nas noites que antecedem as eleições, ficará surpreso com tanto descaramento das pessoas que moram nos bairros da periferia. Estes montam acampamento nas calçadas e ali permanecem até perto do amanhecer do dia aguardando o momento em que o grande milagre das doações malditas acontecerá.
Coitados! Não consegue perceber que tudo aquilo não passa de um verdadeiro desrespeito para consigo. Estão tão cegos, abandonados e sem dignidade que não vê o quanto aqueles presentes lhes custarão caro. Pior. O normal para eles em tempo de eleição e o que conta é exatamente o que eles veem acontecendo. Para eles pouco interessa o que seja mesmo uma eleição para eleger alguém que de fato possa dar sentido as suas vidas. A política nada mais é do uma forma de roubar e se é roubo eu também quero. Assim vendem sua esperança, pois uma vez tendo vendido sua dignidade nada mais importa. Sofrerão passivamente todas as privações caladas sem poderem reagir a qualquer espécie de sofrimento ou desmandos causados pelos seus carrascos que agora se tornara governantes.
Este povo, portanto, continuará pagando o preço. Sua submissão ao sistema torna-os incapazes de se utilizarem da razão para entenderem que seus sofrimentos devem-se a alienação imposta por outros.
Portanto, mesmo que alguns digam que já há mudanças, ela ainda esta muito lenta. Muitos continuam na caverna escura não se permitindo sair dela, pois se acostumaram a viver como vivem e tudo que é novo é assustador. Não conseguem quebrar as correntes que os matem presos e impedidos de viver uma nova história de vida.
Enquanto permanecerem inertes as estas realidades os espertos continuarão destruindo seus sonhos de viver uma cidadania que lhes garanta viverem melhores dias.
Triste realidade. Que Deus veja todas estas injustiças e conceda a este povo a capacidade de quebrarem os grilhões da morte.

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