segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Lulopetismo planeja desmoralizar Imprensa crítica


Como não conseguiu controlar a Imprensa crítica por meio de mecanismos institucionais, o grupo de Lula e José Dirceu usa a CPI do Cachoeira com o objetivo de tentar desmoralizar os veículos que não se rendem à ideologia petista. E ataca, sempre com virulência, seus adversários políticos
Fotos: Jornal Opção
Lula da Silva e Dilma Rousseff: os governos dos dois petistas pagaram 4 bilhões de reais para a Delta Construções, do empreiteiro Fernando Cavendish, mas a CPI da Cascata não investigou nenhum dos contratos. A empresa, inidônea, continua faturando o gover
O governo da presidente Dilma Rousseff padece de uma esquizofrenia. Ela manda, tem autoridade. Mas Lula da Silva atua como uma espécie de primeiro-ministro, nomeando e demitindo servidores do primeiro a escalões intermediários. A presidente teria dito que não nomearia Marta Suplicy, com quem não se dá bem — a petista paulista é uma espécie de Hillary Clinton dos trópicos, autoritária e narcisista —, mas Lula forçou a barra e a senadora foi indicada para chefiar o Ministério da Cultura. A eleição de Fernando Haddad em São Paulo foi alçada a questão de Estado e Dilma Rousseff, aparentemente avessa a certo fisiologismo, teve de “engolir”. Isto significa que Lula manda no PT, a partir de um movimento ainda meio indefinido, o Lulopetismo — peronismo de esquerda (evidentemente, Dilma Rousseff não é a Evita Perón sem glamour) —, e no governo federal. Ele dá as cartas e, por isso, não precisa mesmo disputar eleição para presidente em 2014. A sua preposta contesta-o tão-somente em assuntos pontuais, irrelevantes. Nos estratégicos, sobretudo os políticos, é de uma docilidade de mãe com seu bebê.

A imprensa, para tentar se livrar dos arroubos autoritários e irados de Lula, passou a tratar Dilma Rousseff com luvas de pelica e a dissociá-la do petista-chefe. Tudo indica que a presidente fala com convicção ao dizer que defende a liberdade de expressão e que não admite nenhum controle estatal. É uma posição pessoal e, até agora, ela mesma nada tem feito para manietar jornais e revistas. Mas os principais operadores da tese de que a imprensa deve ser cerceada no seu direito de informar livremente estão dentro do governo ou nas proximidades, como é o caso de Franklin Martins, que abandonou o jornalismo para se posicionar, de forma quase guerrilheira, como um agente do Lulopetismo na batalha para criar algum mecanismo de controle daquelas publicações que preservam sua instância crítica. Além das pressões em si, este grupo “domina” as verbas de comunicação.

Aliados do Lulopetismo não precisam ter circulação comprovada e acesso na internet. A “Folha de S. Paulo” revelou que um “grupo de comunicação” de São Bernardo do Campo, município onde Lula tem residência e faz política, faturou milhares de reais, mas seus jornais são fantasmas. A Secretaria de Comunicação concedeu os anúncios, mas sequer checou os dados das “publicações gasparzinhas”. A Polícia Federal está investigando, mas o óbvio é: quem apoia o Lulopetismo, independentemente de lisura pessoal e profissional, tem as costas protegidas. A bem da verdade, procede a informação de que o governo tucano de São Paulo também concedeu recursos públicos para os fantasmas-companheiros da cidade de Lula.

Há indício de que a verba de comunicação do governo federal é distribuída pelo Lulopetismo — e não necessariamente seguindo critérios técnicos (a regionalização é louvável, mas enfrenta a ira dos jornais e revistas de Rio de Janeiro e São Paulo. A ressalta é que as verbas são concedidas regionalmente para “aliados”). Há um consenso de que Lula manda nas verbas de comunicação do governo federal, por intermédio de aliados que, na sua defesa, se tornaram xiitas, como o citado Franklin Martins. Auxiliares da presidente Dilma Rousseff se prestarão a esclarecer: o ex-jornalista não lida com as verbas de seu governo. Tecnicamente, não. Po­liticamente, manda na indicada para o cargo de secretária de Comunicação da Presidência da República, Helena Chagas. Na linguagem pública, todos são muito “civilizados”, falam em “mídia técnica” e argumentam que publicações nacionais críticas recebem verbas. Nos bastidores, segundo auxiliares da presidente, a linguagem é muito mais selvagem. Fala-se em “guerra” e “destruição dos inimigos”. Não se usa nem mesmo o termo democrático “adversários”.

Entretanto, mesmo controlando os recursos, procurando orientar sua distribuição politicamente — “aquela revista só fala bem da Dilma e do Lula, então libere mais anúncios para seu diretor, que é nosso porta-voz”—, o Lulopetismo não conseguiu monitorar a Imprensa. Por dois motivos. Primeiro, a Imprensa não depende exclusivamente do governo federal. Há, além dos governos estaduais, a iniciativa privada. Os anúncios privados fortalecem as publicações — como a revista “Veja”. Corre a informação, entre publicitários, de que, quando presidente, Lula às vezes perguntava, como quem não quer nada, por quais motivos alguns empresários anunciavam na “Veja”. O petista-chefe ouvia as explicações, que apontavam para motivações de mercado — a revista tem uma tiragem de mais de 1 milhão de exemplares e é acessada na internet por milhões de leitores —, e eventualmente sugeria que a publicação da Editora Abril era “reacionária” (o surrado jargão da Guerra Fria). Não era, evidentemente, levado a sério. Porque o mercado sabe o que faz.

O segundo ponto é que, num país democrático, apesar de certos temores do mercado — que às vezes não consegue empréstimos públicos por razões não-técnicas —, as instituições funcionam. Lula e seu Sancho, Franklin Martins, trabalharam, durante alguns anos, num projeto para controlar a Imprensa (tentaram também controlar o Ministério Público), mas não conseguiram. Não houve receptividade alguma na Câmara dos Deputados e no Senado. Pelo contrário, a reação foi imediata, firme e sólida. As instituições democráticas, mesmo sob pressão do Lu­lopetismo, funcionaram e permanecem funcionando. O julgamento do mensalão, com o Supremo Tribunal Federal julgando e condenando os quadrilheiros petistas, e a Imprensa divulgando todos os fatos, com independência e lisura, mostraram um amadurecimento global do país. É provável que, ao não aceitar as pressões de Lula — que praticamente obrigou uma publicação a atacar o ministro Gilmar Mendes (um dos ex-auxiliares de Lula teria dito: “Pode publicar. A gente paga a indenização”) —, o STF contribuiu para enterrar, de vez, os entulhos autoritários da ditadura civil-militar que, volta e meia, o Lulopetismo tenta reabilitar, ainda que noutros formatos.
Controlar e desmoralizar

Entretanto, o Lulopetismo não desiste. Se não conseguiu criar mecanismos institucionais para controlar a imprensa, e se as verbas da Secretaria de Comunicação, embora fartas, não conseguiram “convencer” os jornais de que Lula é Jesus Cristo redivivo, a apresentá-lo como guia genial dos povos dos trópicos — tão “infalível” quanto Stálin e Mao Tsé-tung —, há outros caminhos. A história de que é possível matar dois coelhos com a mesma cajadada às vezes procede. Pelo menos, Lula pensa assim.

A Polícia Federal obviamente é uma instituição séria e competente — às vezes independente, às vezes manipulada politicamente. Mas, aceitemos, o problema de Carlos Cachoeira, a contravenção, existia. Era um fato. Mas só os mal intencionados e os inocentes (que são ótimos para reproduzir informações distorcidas e explosivas nas redes sociais, porque não compreendem o que vai pelos bastidores e que há fatos verdadeiros e fatos construídos) acreditam que o governo federal — Lula, especificamente, como “primeiro-ministro” — se preocuparia à toa com um mero contraventor de província. Sim, antes Cachoeira tinha demolido Waldomiro Diniz, aliado e íntimo de José Dirceu, atingindo, mais do que o ex-ministro-chefe da Casa Civil, o governo Lula. Políticos não costumam perdoar isto e se vingam sem fidalguia. Mas Cachoeira nunca foi o alvo principal.

O Lulopetismo sempre operou um nível acima. Primeiro, planejou, e aparentemente está conseguindo, dinamitar o sistema partidário, praticamente deixando o PT como único partido de fato nacional e os demais partidos, inclusive os de oposição, como regionais ou, então, como legendas fragilizadas (caso do DEM). O PSDB virou uma espécie de MDB dos tempos petistas — existe mas não ganha eleição para presidente. Perdeu três vezes seguidas em termos nacionais e começa a perder força em São Paulo, com a vitória do petista Fernando Haddad para prefeito. Depois de “minar” as oposições, o Lu­lopetismo vai operar para reduzir a força do PSB de Eduardo Campos, por intermédio da cooptação ou, se não der, pela destruição de seus líderes.

Depois de transformar seus aliados de outros partidos em meros líderes estaduais, pois nenhum deles pode disputar a Presidência da República — o projeto de hegemonia do PT não abre espaço para aliados em nível de comando principal, assemelhando-se quase a uma ditadura de partido único, mas com células regionais, simulacros de partidos —, o Lulopetismo voltou-se para uma vingança pessoal, mas com cores institucionais, contra o governador de Goiás, Marconi Perillo, e contra o ex-senador Demóstenes Torres. O Lulopetismo avalia que Demóstenes contribuiu — com seus discursos incisivos contra o PT e com informações privilegiadas repassadas para a revista “Veja” (simbolizada pelo redator-chefe da publicação, Policarpo Júnior) — para atrapalhar ou travar alguns projetos dos governos de Lula e Dilma Rousseff. O controle da Imprensa, por exemplo, teria sido detonado por jornais e revistas com o apoio de alguns políticos, como Demóstenes e Arthur Virgílio (Lula jogou pesado para evitar sua reeleição para o Senado). Cachoeira foi a metralhadora usada pelo Lulopetismo para devastar política e moralmente o ex-senador Demóstenes. De resto, ficou a mensagem, nada subliminar: “Quem nos enfrenta é destruído”. Sem contemplação. Não há ingenuidade nem hesitação. O Lulopetismo não tem pruridos, limites e receio ao fazer o mal. Porque sabe que, na “guerra”, aquele que hesita e teme é atropelado pelos mais decididos. O medo é paralisante e defensivo.

Paralelamente à limpeza no Senado, o Lu­lopetismo operou, com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que engloba senadores e deputados federais, uma campanha devastadora contra o governador Marconi Perillo. Por dois motivos. Primeiro, trata-se de um líder em ascensão e, por ser jovem, pode ter futuro na política nacional. Depois da CPMI do Cachoeira, seu projeto nacional ficou mais difícil. Mas o objetivo também era destrui-lo em termos regionais, porque há quatro eleições que ele derrota candidatos da aliança PMDB-PT. Se não ganha nas urnas, a oposição estadual planeja usar o tapetão, mas, como se disse antes, por mecanismos institucionais, para cristalizar a imagem de legalidade.

Segundo, Lula havia prometido vingar-se de Marconi. Na época da divulgação do mensalão, Marconi revelou à imprensa que havia avisado Lula sobre uma operação para comprar apoio de parlamentares federais. O então presidente ouviu e nada disse. Mas, quando Marconi divulgou o alerta, dado em Rio Verde, no Sudoeste de Goiás, Lula irritou-se e jurou vingança. A máquina do governo foi acionada para investigar o tucano — não em função do interesse público, e sim do privado, o de Lula e seus acólitos.

A CPMI do Cachoeira foi criada para destruir Marconi, sobretudo, e tentar desmoralizar setores da Imprensa que não aceitam o cabresto do Lulopetismo. O mentor da CPI é Lula, não resta a menor dúvida, mas deram-lhe informações incompletas. Os rumos iniciais da CPI agradaram o ex-presidente, que monitorava o relator Odair Cunha diariamente, pois apenas Demóstenes e Marconi estavam sendo acossados. Mas, como não se consegue “segurar” integralmente as contradições da vida, a CPI desandou, pois descobriu várias coisas que comprometiam petistas e aliados. As investigações mostraram que, mais do que Cachoeira, era a Delta Construções que merecia investigação mais detida. A empreiteira era pequena, não tinha qualquer importância nacional, mas, depois de contratar José Dirceu como consultor, tornou-se a sétima maior do país e a segunda que mais fatura no governo petista. Nos governos de Lula e Dilma Rousseff, a Delta faturou 4 bilhões de reais! Leia mais uma vez para não esquecer: 4 bilhões de reais! Note a exclamação. Não é à toa que funcionários de carreira do governo federal  chamam a empreiteira de Del­tabrás, ou de a “primeira empreiteira quase estatal” do país. Os contratos com o governo federal, com valores tão altos, não foram, estranhamente, objetivo de escrutínio. A presidente Dilma Rous­seff não foi inquirida em nenhum momento. Fica-se com a impressão de que só os outros governos, partidos e políticos têm problemas. O governador do Rio Janeiro, o “bailarino” Sérgio Cabral, “farreou” em Paris, ao lado do dono da Delta e de outros amigos, e “farreou” no governo concedendo obras para Fernando Cavendish, apontado como primeiro-amigo, no valor de 1,5 bilhão de reais. Houve quem, em tom jocoso, apelidasse a Delta de Celta, o “c” correspondendo a Cabral. Cabral é do PMDB, partido-apêndice do PT. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, negociou contratos com a Delta no valor de mais de 400 milhões de reais. O relatório da CPI da Cascata não propõe seu indiciamento. Prefeituras do PMDB e do PT em Goiás pagavam milhões à Delta — valores, cada uma, acima de 70 milhões de reais. O governo Marconi tinha contratos com a Delta no valor de 51 milhões de reais e pagou cerca de 14 milhões — bem menos que o contrato que a Prefeitura de Catalão, administrada por um político do PMDB, Velomar Rios, tinha com a empreiteira. A preocupação da CPI criada pelo Lulopetismo não é, portanto, com o interesse e o dinheiro públicos.

Os luas vermelhas do Lulopetismo receberam orientação de que o petista Agnelo Queiroz e o peemedebista Sérgio Cabral deveriam ser protegidos ou, como dizem os reds, “resguardados”. O relatório “entrega” o prefeito de Palmas, Raul Filho, do PT, às cobras por um motivo simples. Há um processo de expulsão contra o petista do Tocantins. Ele, a rigor, não é um petista histórico. Os lulopetistas, que cercaram Odair Cunha e costuraram suas informações, tinham uma missão: não deixar que a CPI da Cascata se tornasse o mensalão 3 (o primeiro é tucano e o segundo, potencializado, é petista). As informações sobre a Delta, se exploradas com decência e de modo exaustivo, certamente mostrariam um ambiente promíscuo envolvendo vários políticos do PT e do PMDB, como Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral, mas também ex-auxiliares de Lula e auxiliares de Dilma Rousseff. Seria, não resta a menor dúvida, o novo mensalão do PT — com outra configuração, é claro.

O relatório Frankenstein — a história de que teria sido escrito por Franklin Martins é apócrifa, até prova em contrário —, redigido numa linguagem policialesca, mas primária, tem o objetivo sobretudo de indiciar Marconi e, por meio de ataques aos seus profissionais, atingir publicações independentes.

Quanto à tentativa de indiciamento de jornalistas, que não foram ouvidos para contestar informações distorcidas e fantasiosas, nota-se que o Lulopetismo decidiu o seguinte: se não consegue imobilizar a Imprensa verdadeira, a que critica o poder, por um mecanismo institucional — o célebre controle proposto por Franklin Martins e seu poderoso chefão, Lula —, partiria para uma tentativa canhestra de desmoralizá-la.

Como um setor da imprensa (financiada pelo Banco do Brasil, Petrobrás e Caixa Econômica Federal) avalia que Lula é uma figura quase divina, o Lulopetismo acreditou que a divulgação do relatório ganharia as manchetes dos jornais, das rádios e das redes de televisão. Mas o tiro saiu pela culatra. Jornais e revistas — estas principalmente nos seus sites — não compraram as teses simplórias do relatório e praticamente o destruíram. Jornais, como “O Estado de S. Paulo”, “Folha de S. Paulo”, “O Globo” e “Correio Braziliense”, revistas, como “Veja” e “Época”, escreveram textos notáveis sobre a falta de discernimento do ideólogo Franklin “Jdanov” Martins, quer dizer, do “instrumentalizado” Odair Cunha. Ou melhor, da falta de decência do relatório e de quem o redigiu. As manchetes, reportagens e artigos dos jornais e revistas foram contra aquilo que a presidente Dilma Rousseff costuma chamar de “malfeitos” e deixaram patente que nenhum veículo de comunicação sério agachou-se diante da tentativa de intimidação stalinista do Lulopetismo. Consta que a petista-subchefe teria criticado os aspectos pueris do relatório — que, como nasceu morto e desmoralizado, deve ser enterrado ou cremado nesta semana. Até petistas decentes e com formação cultural sólida apontaram a má qualidade do relatório. O pedido de indiciamento do procurador-geral da República, Roberto Gurgel — teria sido uma exigência do quase-presidiário José Dirceu —, mostra a falta de limites, para não falar de decência mínima, dos guias geniais do Lulopetismo.

O filósofo do humor Millôr Fernandes dizia que “não se deve ampliar a voz dos idiotas” e é por isso que não procedemos a uma análise detalhada das esquisitices e impropriedades do relatório da CPI da Cascata. Devido aos “malfeitos” do Lu­lopetismo, que tenta intimidar todo aquele que o critica, é que o país, possivelmente em 2014, acabará acordando da longa noite petista. Os grupos poderosos — como se sabe desde antes da Roma clássica — são os que levam os maiores tombos históricos.   

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