Desde maio do ano passado, quando o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) foi lançado oficialmente, não se fala em outra coisa. A sigla tomou conta da mídia e está na boca do povo. Mas, você sabe exatamente o que o plano vai te oferecer? E, ainda, você sabe quando ou como essa conexão vai chegar à sua cidade? A gente explica.
O objetivo do PNBL é massificar até 2014 a oferta da internet banda larga para 40 milhões de domicílios, espalhados por 4.283 municípios de todas as regiões do país. Até aí, tudo bem. No entanto, a intenção é oferecer conexões com velocidade de 1 Mbps por R$ 35,00 - ou R$ 29,90 para os Estados que aprovarem o corte do ICMS (imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias). E é aí que moram os problemas.
A velocidade e o preço não são dos melhores. Isso porque para baixar um arquivo de 1 GB com essa conexão, seriam necessárias cerca de 2 horas, e contratar um plano de R$ 35 por mês já é realidade nas operadoras privadas. No Estado de São Paulo, por exemplo, o Speedy e a Net Virtua oferecem planos de 1 Mbps por R$ 29,90.
Fora isso, o programa está bastante atrasado em sua implementação. A meta era oferecer banda larga para 100 municípios em 2010, mas a primeira cidade só foi contemplada em agosto de 2011. Agora, o governo federal anunciou que vai atender 1.163 municípios até dezembro e a Telebras, operadora do programa, afirmou que irá levar a banda larga para 142 municípios da região sul até 2012. Um dos desafios da empresa na implementação do PNBL é a necessidade de implantação da rede de fibras ópticas em 150 cidades brasileiras até o final deste ano.
"O maior obstáculo que enfrentamos é a velocidade de aprovação. É bem demorado conseguir licença ambiental e, por isso, dilata-se o cronograma. Esse é o motivo de termos procurado provedores parceiros", disse o presidente da Telebras, Caio Bonilha, em entrevista para o Olhar Digital. "Avançamos bastante na estruturação da Telebras durante esses meses e iniciamos os trabalhos de implantação do PNBL no Distrito Federal, Goiás e em outros estados do país", completa Bonilha.
Acordos de adesão ao programa já foram feitos com as principais operadoras de telefonia fixa e móvel do país como Oi, CTBC, Sercomtel, Telefônica e Tim. No entanto, as companhias terão de investir em regiões menos desenvolvidas e aumentar gradativamente o limite de downloads das conexões. As operadoras precisam garantir pelo menos 20% da velocidade assinada - ou seja, cerca de 200 Kbps.
Outra dificuldade é o custo do modem que deverá ser adquirido pelo usuário. Com o sistema de internet via rádio, apresentado pela SadNet e LogTel, é preciso ter uma estação receptora que custa mais de R$ 200. E para a banda larga móvel por 3G é mandatório um modem comercializado pelas próprias operadoras, que sai por cerca de R$ 95. Porém, Bonilha lembra que o governo está tomando medidas para o barateamento do custo de equipamento como a inserção de um artigo que propõe a desoneração de impostos sobre o preço dos modems.
Quer mais um empecilho? O PNBL tem um limite de downloads. De acordo com a Telebras, o usuário poderá baixar no máximo 300 MB por mês e, caso ele exceda, terá de pagar a mais ou ter sua velocidade reduzida até o próximo mês.
Para o ministério das Comunicações, a velocidade de 1 Mbps e limites de downloads não são ruins, uma vez que, de acordo com a última pesquisa do IBOPE, 21,1% da população conectada tem velocidades inferiores a 512 Kbps - se somarmos as conexões de até 2 Mbps, esse número chega 68,9%.
Apesar dos vários problemas, esta será a chance de vários brasileiros se conectarem e conhecerem o mundo de uma outra maneira - ainda que de uma forma mais lenta e com certas limitações. Segundo o ministro das Comunicações Paulo Bernando, o governo espera aumentar essa velocidade, mas apenas em 2014. A ideia é ofertar internet de 5 Mbps de velocidade. É esperar para ver.
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