domingo, 18 de dezembro de 2011

Preservação da caatinga começa com o agricultor



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A caatinga é vegetação presente no semiárido brasileiro, com chuvas no primeiro semestre e estiagem no restante do ano
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Em aulas de campo, os agricultores aprendem técnicas de queimadas controladas e manejo correto do solo. Ceará é um dos estados que mais devastou a caatinga 
DIVULGAÇÃO/SILVANIA CLAUDINO
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Criado em 2006, o Pacto Ambiental reforça as ações conjuntos e o compromisso com preservação da caatinga
Projeto "No Clima da Caatinga" ensina comunidades a aliar proteção ambiental com trabalho agrícola

Crateús. O desmatamento e as queimadas são uma das principais causas da destruição da caatinga nordestina. No sertão brasileiro, as queimadas são usadas amplamente pelos agricultores para limpar a o terreno e preparar o solo para o plantio. E isso acontece justamente no período antes da chuva, quando a vegetação seca, o sol forte e os ventos favorecem o alastramento do fogo, podendo causar incêndios florestais. Dezembro é o mês em que mais ocorrem queimadas no Ceará.

Por isso uma das ações do projeto "No Clima da Caatinga", realizado pela Associação Caatinga e patrocinado pela Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental, está capacitando 300 agricultores e agricultoras de 20 comunidades do entorno da Reserva Natural Serra das Almas, neste Município. A ideia é ensinar aos agricultores técnicas de queimadas controladas e manejo correto do solo, reduzindo os impactos ambientais e evitando que a área entre em processo de desertificação.

Segundo a coordenadora de Tecnologias Sustentáveis do projeto, Railda Machado, a capacitação possibilita melhoria na qualidade de vida dos beneficiados, bem como maior sustentabilidade para uma dos biomas mais frágeis e degradados do País. "O projeto tende a melhorar a qualidade de vida das comunidades, de modo que possam desenvolver suas atividades na agricultura de maneira mais sustentável", reflete. A capacitação, transferência e apoio às comunidades na apropriação de tecnologias sustentáveis de conservação e uso sustentável da caatinga contribuirão para a redução da pressão degradadora sobre as matas.

Antes dos cursos, técnicos do projeto realizam reuniões nas comunidades para a apresentação do conteúdo aos agricultores. Após as reuniões, os agricultores que se interessam pela iniciativa já fazem suas inscrições. Seis novas capacitações acontecerão ainda este ano, a fim de ampliar o empoderamento dessas novas técnicas.

A Associação Caatinga, organização executora do projeto, é uma entidade sem fins lucrativos, reconhecida como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e cadastrada no Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas (CNEA).

Criada em Fortaleza em 1998 para conservar a biodiversidade de caatinga, mantém a Reserva Natural Serra das Almas em Crateús, uma área reconhecida como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Caatinga pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), devido à conservação da natureza e de desenvolvimento sustentável desenvolvidos na região.

Com o projeto "No Clima da Caatinga", a Associação espera contribuir para a mitigação de efeitos potencializadores do aquecimento global através da conservação da caatinga e evitar consequente emissão de gases poluentes associados ao desmatamento. Promove de forma preventiva a conservação direta e o apoio à conservação de florestas em áreas susceptíveis ao desmatamento e às queimadas (incêndios florestais) e também apoia a restauração de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos.

Ceará é campeão

A caatinga (do tupi, mata branca) é a região semiárida mais rica em biodiversidade do mundo e também uma das mais populosas. De acordo com o Relatório de Monitoramento do Desmatamento na Caatinga de 2010, 45,4% da área total do bioma está alterada, fato que o coloca entre os biomas brasileiros mais modificados pelo homem. Este também é o bioma mais desprotegido, pois somente 1% dele é protegido legalmente por unidades de conservação de proteção integral.

Segundo a Associação Caatinga, entre 2002 e 2008, o Ceará atingiu uma triste marca: ficou entre os estados que mais desmataram a caatinga e que já teve quase 40% da sua reserva destruída. Sete dos 20 municípios campeões de desmatamento na caatinga estão no Ceará. Em apenas sete anos, o Estado ampliou em quase 3% a área total desmatada, o que corresponde a uma área de mais de 400 mil hectares.

Desmatamento

20 Municípios no País são campeões em desmatamentos em zonas de caatinga. Deste total, sete cidades estão no Estado do Ceará, com manejos incorretos que degradam o ambiente

MAIS INFORMAÇÕES 
Associação Caatinga
Rua Instituto Santa Inês, 658
Telefone: (88) 3691.8671, Crateús-CE Site: www.acaatinga.org.br

INHAMUNS
Pacto Ambiental celebra avanços

Quatro dos municípios signatários do Pacto conquistaram o Selo Verde, mostrando o resultado de suas ações

Independência. O Pacto Ambiental dos Sertões de Crateús e Região dos Inhamuns (Parisc) comemora a premiação de Crateús, Novo Oriente, Piquet Carneiro e Tauá no Selo Verde. O prefeito em exercício de Independência e presidente do Pacto, Bezaliel Pedrosa, comemora o desempenho dos signatários do Pacto, premiados com a mais importante certificação pública ambiental do Ceará, que reconhece o trabalho e os avanços em políticas ambientais.

"É para nós motivo de orgulho saber que estes municípios lograram êxito com seus projetos e programas. Esse consórcio ambiental regional agrega valores. A nossa meta será comemorar a obtenção do Selo Verde por todos os que compõem o Pacto Ambiental", declara.

Defensor do meio ambiente e especialmente do bioma caatinga, componente predominante da vegetação dos sertões de Crateús e Inhamuns, o Pacto Ambiental nasceu no âmbito do Programa Selo Município Verde. Foi criado por ocasião do I Seminário Regional do Programa Selo Verde, em maio de 2006, em Tauá. O objetivo é combater a degradação da caatinga através da adoção de políticas públicas e ações que detenham a degradação dos recursos naturais, priorizando a recuperação de áreas alteradas.

Por meio do Pacto, as cidades se comprometem em orientar a sociedade sobre a importância da preservação do patrimônio natural e sobre a Lei de Crimes Ambientais; sensibilizar os agricultores sobre queimadas e outras práticas agrícolas que agridam o meio ambiente; promover parcerias entre os municípios participantes; fortalecer seus Conselhos Municipais de Defesa do Meio Ambiente (Comdemas) e garantir a continuidade dos encontros de trabalho do Pacto Ambiental da Região dos Inhamuns, realizados a cada dois meses.

De acordo com o coordenador executivo, Jorge de Moura, em cinco anos de atuação o Pacto fortalece a ação voltada para a sustentabilidade ambiental. "Com a participação no Pacto, os municípios se fortalecem e gradativamente norteiam suas gestões com forte inspiração ambiental, passam a governar levando em conta a sustentabilidade", explica. O potencial ecoturístico também é desenvolvida. Segundo Jorge Moura, "muitos municípios estão vislumbrando estes potenciais, como os sítios arqueológicos de Independência".

MAIS INFORMAÇÕES:
Pacto Ambiental dos Sertões de Crateús e Inhamuns (Parisc)
Telefone: (88) 9427.6837
Região dos Inhamuns


Silvania ClaudinoRepórter

Fonte: Diário do Nordeste 

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