domingo, 6 de novembro de 2011

ABI e sindicato divulgam notas sobre morte de cinegrafista no Rio



Cinegrafista foi baleado durante a cobertura de uma operação policial.
Para ABI, 'Gelson era um exemplo de jornalista que deu o melhor de si'.

Do G1 RJ


Gelson durante a cobertura da operação policial  (Foto: Reprocução/TV Globo)
Gelson, à esquerda, durante a cobertura da operação
Policial (Foto: Reprodução/TV Globo)
Em nota divulgada na tarde deste domingo (6), a A associação Brasileira de Imprensa (ABI) expressou seu "pesar e seu desconforto pela morte em serviço do jornalista Gelson Domingos, da Rede Bandeirantes de Televisão".  Gelson morreu na manhã deste domingo, atingido por um tiro, durante a cobertura de uma operação policial numa favela da Zona Oeste do Rio.
A ABI apresentou sua solidariedade à família e aos companheiros de trabalho de Gelson. Esta é a integra da nota, assinada pelo presidente da ABI, Maurício Azedo:
"A Associação Brasileira de Imprensa expressou neste domingo (6) seu pesar e seu desconforto pela morte em serviço do jornalista Gelson Domingos, da Rede Bandeirantes de Televisão, abatido com um tiro de fuzil, mesmo com colete de segurança, quando participava da cobertura de uma operação policial no subúrbio de Antares, na Zona Oeste do Rio. A ABI apresenta sua solidariedade à família e aos companheiros de trabalho de Gelson, exemplo de jornalista que deu o melhor de si no cumprimento da obrigação profissional.
Embora reconhecendo que a atividade jornalística expõe os profissionais a graves riscos no Brasil e no mundo, a ABI considera necessário reiterar aos jornalistas e às empresas a necessidade de adoção de providências materiais e de procedimentos que diminuam os riscos de perda de vidas e de ferimentos de jornalistas no desempenho profissional.
“À família de Gelson Domingos, neste momento tão doloroso, o abraço e a palavra de conforto da Associação Brasileira de Imprensa”.

Sindicato dos jornalistas

Também o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro divulgou nota em que afirma que "a cobertura da violência só fica mais perigosa com a política de enfrentamento do Estado e a utilização de armas cada vez mais poderosas."
"Se não houver uma profunda discussão sobre medidas de segurança vamos continuar vivendo situações inaceitáveis como esta", disse na nota Suzana Blass, presidente do sindicato.

Leia a íntegra da nota:

"A falta de segurança e estrutura dada aos profissionais em áreas de risco resultou em mais uma morte na cobertura policial em favelas cariocas. No início da manhã deste domingo (6/11), o repórter cinematográfico da TV Bandeirantes Gelson Domingos, de 46 anos, foi atingido com um tiro no peito enquanto fazia imagens de uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na favela de Antares, na Zona Oeste do Rio.
O repórter cinematográfico, que era obrigado a exercer também a função de motorista do veículo da emissora - contrariando todas as normas de segurança em áreas de risco -, avistou um homem correndo com fuzil próximo a um beco. Gelson procurou proteção junto a uma árvore, começou a gravar mas recebeu um tiro no peito - que perfurou o colete à prova de balas. Seu corpo ainda foi levado para a UPA do Cesarão, em Santa Cruz. Na incursão, ele estava acompanhando de um repórter da TV Bandeirantes. Segundo relatos de profissionais que também cobriam a operação, o tiroteio era intenso e as equipes ficaram protegidas atrás de um muro.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ) vê com indignação a morte de Gelson Domingos. É mais uma morte que resultou da falta de segurança em coberturas de risco no Rio de Janeiro. Para o Sindicato, este fato expõe a 'imediata necessidade de dar continuidade às ações de proteção que foram prioridade após a morte de Tim Lopes e que hoje estão sendo proteladas pelo Sindicato Patronal'.
'Nós fizemos uma reunião com as empresas para que a segurança dos jornalistas fosse avaliada e sentimos muita resistência na adoção de medidas concretas em conjunto com o Sindicato. As empresas acham que possuem o controle sobre as situações de risco até que algo acontece e prova o contrário', alerta a presidente do SJPMRJ, Suzana Blass.
Esta reunião, realizada neste ano com o Sindicatos dos Proprietários das Empresas de Radiodifusão e das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas sobre normas de segurança em cobertura em áreas de risco, buscava o cumprimento do estabelecido na cláusula 45 do Acordo Coletivo de Trabalho. Mas não foram tomadas medidas concretas pelas empresas.
Para Suzana, a cobertura da violência só fica mais perigosa com a política de enfrentamento do Estado e a utilização de armas cada vez mais poderosas. 'Se não houver uma profunda discussão sobre medidas de segurança vamos continuar vivendo situações inaceitáveis como esta', diz a presidente do SJPMRJ.
Também neste ano, em maio, a direção do Sindicato dos Jornalistas pediu em Brasília o apoio da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal para a aprovação de leis que possam garantir segurança mais efetiva aos jornalistas que trabalham em áreas de risco. O pedido foi feito durante audiência pública realizada em homenagem ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
Ao Sindicato das Empresas, foi proposta ainda em 2009 a ideia de criar em cada redação uma Comissão Paritária de Segurança, composta por profissionais do jornalismo, justamente para avaliar as operações em áreas de risco. Porém, este pedido foi constantemente negado sob a alegação de interferência nas redações. 'A lógica dos patrões é fazer com que o emprego dos profissionais, como repórteres cinematográficos por exemplo, esteja garantido apenas à medida em que o trabalhador se arrisque cada vez mais em situações como essas', expõe Suzana Blass.
A estrutura dada aos profissionais é pífia já no item mais básico: o colete à prova de balas. O Sindicato dos Jornalistas já havia alertado os veículos e exigiu que o material fosse analisado por especialistas do setor. Um repórter de televisão que estava próximo a Gelson Domingos durante a operação na manhã deste domingo e foi até a UPA acompanhar o corpo, confirma: 'Estes coletes são lixo, são de papel.'
'Trata-se de uma tragédia que não podemos deixar que volte a acontecer', afirma Suzana Blass. O Sindicato dos Jornalistas exige que a TV Bandeirantes auxilie a família da vítima financeiramente.
Gelson Domingos era um profissonal com vasta experiência na cobertura policial. Além da Bandeirantes, ele trabalhava também na TV Brasil há cerca de quatro anos. Antes, tinha passado pela Record e pelo SBT. Em 2010, Gelson fez parte da equipe de reportagem da TV Brasil vencedora do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, com o trabalho Pistolagem, sobre assassinatos no Nordeste do Brasil.
'Ele era um cara cascudo, já tinha feito muita matéria de Polícia', lembra a amiga Neise Marçal, repórter da TV Brasil. Ela destaca a experiência e a vontade de Gelson em trazer as melhores imagens, as melhores informações para a redação.
Em nota lançada por volta das 10h30 deste domingo, o Grupo Bandeirantes afirma que "toma todas as precauções para garantir a segurança de seus jornalistas".
A nota ainda aponta Gelson como 'repórter cinematográfico"' É comum, no entanto, a contratação irregular de profissional na função de operador de câmera, com salário menor, para exercer tarefas de repórter cinematográfico. O Sindicato vai apurar em que situação o profissional foi contratado pela empresa".

'Sentimento de gratidão'

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) divulgou nota na tarde deste domingo (6) em que “expressa o seu pesar aos familiares, amigos e companheiros de Gelson Domingos”. Também a  Associação Profissional dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro (Arfoc-Rio) lamentou a morte do profissional em nota.
Mais cedo, neste domingo, o Grupo Bandeirantes e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) lamentaram em nota a morte do profissional.

Fonte:G1

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