Durante
entrevista coletiva em Moscou, presidenta defende destinação de recursos do
petróleo para a educação e afirma que faz parte da democracia respeitar a
autonomia do Legislativo
Dilma
acrescentou que não há crise na coalizão governista, que esta semana ajudou a
aprovar requerimento de urgência para derrubar o veto presidencial, e que não
vai pedir a nenhum parlamentar que vote contra a consciência. Ela recordou o
passado da ditadura (1964-85), quando foi presa porque não havia possibilidade
de discordar das ideias do governo. “Nós somos um país democrático, então temos
de conviver com a diferença, com os posicionamentos diferenciados entre os
poderes, e nada disso, para um país como o nosso, pode resultar em crise. Isso
é o funcionamento normal da democracia em um país avançado”, disse.
“No
que se refere aos royalties, eu acredito que nós vivemos em uma democracia, em
que existe o Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. O Poder
Legislativo, ele é autônomo, independente e tem todas as condições de decidir
contrariamente à minha decisão.”
O
Palácio do Planalto decidiu barrar o texto aprovado pelo Congresso porque
desrespeitava o acordo estabelecido com os estados produtores e alterava
contratos já em vigor, o que, na visão do governo, é inconstitucional. “Eu
acredito que a minha decisão foi uma decisão justa diante da legislação. Por
que justa diante da legislação? Porque a legislação diz, claramente, que não se
pode descumprir contratos. Nesse sentido, eu a tomei baseada nisso. E a segunda
parte, na distribuição plena dos ganhos do petróleo para todos os brasileiros e
brasileiras de todos os estados”, afirmou Dilma.
Ela
defendeu ainda a decisão de destinar todos os recursos arrecadados em novas
licitações para a educação. “Nós vamos ser um país desenvolvido plenamente
quando nós tivermos uma educação de qualidade para todos. Para isso, a gente
precisa de recursos. O recurso do petróleo é um recurso finito, é um recurso
que não é renovável. Portanto, tudo o que nós ganharmos de petróleo, nós temos
de deixar para a riqueza mais permanente. E qual é a riqueza mais permanente? É
a educação que cada um carrega. Então, eu acho que é esse o aspecto mais
importante da minha medida provisória.”
Atualmente,
a maior parte da arrecadação com royalties é dividida entre os produtores. A
derrubada do veto conta com a adesão de boa parte dos deputados e senadores que
representam estados não produtores, deixando de lado a divisão entre governo e
oposição. Se garantido o texto do Congresso, aumenta o percentual destinado a
estados e municípios que não têm exploração petrolífera. Esta decisão
prejudicaria em especial o Rio de Janeiro, que argumenta que perderá recursos
vitais para o financiamento do Orçamento Público, incluindo a organização da Copa
de 2014 e da Olimpíada de 2016.
A
última vez que houve a derrubada de um veto presidencial foi em 2005, ainda no
primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre um projeto
que dava reajuste salarial a servidores da Câmara e do Senado.
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