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de dezembro de 1947, Belo Horizonte (MG)
Dilma
Rousseff: de guerrilheira na década de 1970 a presidente
Filha
do engenheiro e poeta búlgaro Pétar Russév (naturalizado brasileiro como Pedro
Rousseff) e da professora brasileira Dilma Jane Silva, Dilma Vana Rousseff faz
a pré-escola no Colégio Isabela Hendrix e, a seguir, ingressa em um dos
colégios mais tradicionais do Brasil, o Sion, de influência católica, ambos em
Belo Horizonte.
Aos
16 anos, transfere-se para uma escola pública, o Colégio Estadual Central (hoje
Escola Estadual Governador Milton Campos). Começa, então, a militar como
simpatizante na Organização Revolucionária Marxista - Política Operária,
conhecida como Polop, organização de esquerda contrária à linha do PCB (Partido
Comunista Brasileiro), formada por estudantes simpáticos ao pensamento de Rosa
Luxemburgo e Leon Trotski.
Mais
tarde, em 1967, já cursando a Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade
Federal de Minas Gerais, Dilma passou a militar no Colina (Comando de
Libertação Nacional), organização que defendia a luta armada. Esse
comportamento, de passar de um grupo político a outro, era comum nos movimentos
de esquerda que atuavam durante o período da ditadura iniciada com o Golpe de
1964.
Em
1969, já vivendo na clandestinidade, Dilma usa vários codinomes para não ser
encontrada pelas forças de repressão aos opositores do regime. No mesmo ano, o
Colina e a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) se unem, formando a Vanguarda
Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Em julho, a VAR-Palmares rouba o
"cofre do Adhemar", que teria pertencido ao ex-governador de São
Paulo Adhemar de Barros. A ação ocorreu no Rio de Janeiro e teria rendido à
guerrilha US$ 2,4 milhões. Dilma nega ter participado dessa operação, mas há
quem afirme que ela teria, pelo menos, ajudado a planejar o assalto.
Em
setembro de 1969, a VAR-Palmares sofre um racha. Volta a existir a VPR. Dilma
escolhe permanecer na VAR-Palmares - e ainda teria organizado três ações de
roubo de armas no Rio de Janeiro, sempre em unidades do Exército.
Presa
em 16 de janeiro de 1970, em São Paulo, o promotor militar responsável pela
acusação a qualificou de "papisa da subversão". Fica detida na Oban
(Operação Bandeirantes), onde é torturada. Depois, é enviada ao Dops. Condenada
em 3 Estados, em 1973 já está livre, depois de ter conseguido redução de pena
no STM (Superior Tribunal Militar). Muda-se, então, para Porto Alegre, onde
cursa a Faculdade de Ciências Econômicas, na Universidade Federal do RS.
Do
PDT ao PT
Filia-se,
então, ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), fundado por Leonel Brizola em
1979, depois que o governo militar concedeu anistia política a todos os
envolvidos nos anos duros da ditadura.
Dilma
Rousseff ocupou os cargos de secretária da Fazenda da Prefeitura de Porto
Alegre (1986-89), presidente da Fundação de Economia e Estatística do Estado do
Rio Grande do Sul (1991-93) e secretária de estado de Energia, Minas e
Comunicações em dois governos: Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).
Filiada
ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2001, coordenou a equipe de
Infra-Estrutura do Governo de Transição entre o último mandato de Fernando
Henrique Cardoso e o primeiro de Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-se membro
do grupo responsável pelo programa de Energia do governo petista.
Ministérios
Dilma
Rousseff foi ministra da pasta das Minas e Energia entre 2003 e junho de 2005,
passando a ocupar o cargo de Ministra-Chefe da Casa Civil desde a demissão de
José Dirceu de Oliveira e Silva, em 16 de junho de 2005, acusado de corrupção.
Em
2008, a Casa Civil foi envolvida em duas denúncias. Primeiro, a da montagem de
um provável dossiê contendo gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso. O dossiê seria uma suposta tentativa de silenciar a oposição, que,
diante do escândalo dos gastos com cartões de créditos corporativos realizados
por membros do governo federal, exigia a divulgação dos gastos pessoais do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua esposa. Depois, em junho, a
ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, acusou a
Casa Civil de ter pressionado a agência durante o processo de venda da empresa
Varig ao fundo de investimentos norte-americano Matlin Patterson e seus três
sócios brasileiros. Dilma Rousseff negou enfaticamente todas as acusações.
Em
9 de agosto de 2009, a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, disse ao
jornal Folha de S. Paulo que, num encontro com Dilma, a ministra teria pedido
que uma investigação realizada em empresas da família Sarney fosse concluída
rapidamente. Dilma negou a declaração de Lina, que, por sua vez, reafirmou a
acusação em depoimento no Senado Federal, mas não apresentou provas.
Apesar
de, em diferentes períodos, ter cursado créditos no mestrado e no doutorado de
Economia, na Unicamp, Dilma Rousseff jamais defendeu a dissertação ou a tese.
De
guerrilheira na década de 1970 a participante da administração pública em
diferentes governos, Dilma Vana Rousseff tornou-se uma figura pragmática, de
importância central no governo Lula. No dia 20 de fevereiro de 2010, durante o
4º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, Dilma foi aclamada
pré-candidata do PT à presidência da República. Em 31 de março, obedecendo à
lei eleitoral, afastou-se do cargo de ministra-chefe da Casa Civil. Durante a
cerimônia de transferência do cargo, assumido por Erenice Guerra, Dilma
afirmou, referindo-se ao governo Lula: "Com o senhor nós vencemos.
Vencemos a miséria, a pobreza ou parte dela, vencemos a submissão, a
estagnação, o pessimismo, o conformismo e a indignidade".
Dilma
Rousseff venceu as eleições presidenciais de 2010, no segundo turno, com 56,05%
dos votos válidos (derrotou o candidato José Serra, que obteve 43,95% dos votos
válidos), tornando-se a primeira mulher na presidência da República Federativa
do Brasil. Ao tomar posse, no dia 1º de janeiro de 2011, discursando no
Congresso Nacional, Dilma afirmou: “Meu compromisso supremo [...] é honrar as
mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos! [...] A luta mais
obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação
de oportunidades para todos”.
Veja
Errata.
com
Folha de S. Paulo e El País
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