POR OSWALDO VIVIANI e JULLY CAMILO
A Força-Tarefa Previdenciária do Maranhão (Polícia Federal, Ministério Público Federal e Ministério da Previdência Social) desencadeou, na madrugada de hoje (29), a Operação Duas Caras, de combate a fraudadores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As fraudes, segundo a PF, causaram um prejuízo aos cofres públicos de pelo menos R$ 16,5 milhões.
Dos 14 mandados de prisão temporária (5 dias, podendo ser prorrogados), expedidos pela 1ª Vara Criminal da Seção Judiciária Federal do Maranhão, 11 foram cumpridos, assim como 18 de busca e apreensão. O operação aconteceu em três municípios da Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar e Paço do Lumiar) e em Icatu (a 103 km de São Luís).
A PF informou que constatou a utilização, em agências do INSS das cidades mencionadas, de documentos falsos, com modificação de dados pessoais de beneficiários, para obtenção de benefícios fraudulentos.
A PF não divulgou oficialmente a relação dos presos, mas o JP apurou que dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Icatu e da Colônia de Pescadores de Paço do Lumiar estão entre os presos.
Foto: G. Ferreira
Mais de R$ 330 mil em espécie também foram apreendidos
Um dos detidos teve uma evolução patrimonial mais do que suspeita: com salário de R$ 2 mil conseguiu comprar um apartamento de R$ 1 milhão, numa área nobre de São Luís. Na casa dele, a PF encontrou R$ 200 mil em espécie. O total de dinheiro apreendido pela polícia na operação foi de mais de R$ 330 mil.
Além de dinheiro, a PF apreendeu seis veículos: uma caminhonete Hilux, um Polo, um Corsa Classic, um Agile, uma picape Strada e uma moto Yamaha.
Foto: G. Ferreira
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A Operação Duas Caras contou com 75 policiais federais e 17 técnicos do Ministério da Previdência Social.
O nome da operação ("Duas Caras") é uma alusão à grande quantidade de documentos falsos utilizados pelos quadrilheiros.
Cooptação fraudulenta – De acordo com o delegado federal Cláudio Carvalho, da Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários do Maranhão, responsável pela Operação, as investigações tiveram início em dezembro de 2009, depois que a Ouvidoria-Geral da Previdência Social apontou a existência de fraudes na concessão dos benefícios previdenciários. Ele explicou que a quadrilha seria composta por representantes de um sindicato rural, uma colônia de pescadores, agenciadores, intermediários e servidores do INSS.
“Os agenciadores cooptavam pessoas comuns e fraudulentamente as transformava em pescadores ou lavradores, utilizando documentos adulterados, como comprovantes de endereço e certidões. Por sua vez, o servidor, ciente da irregularidade, concedia o benefício sem agendamento e, em alguns casos, até sem o comparecimento do segurado”, afirmou o delegado.
Foto: G. Ferreira
Na agência do INSS de São José de Ribamar, a documentação era fraudada
Carvalho afirmou que em torno de 600 benefícios fraudulentos foram detectados. Todos serão cancelados.
“Os benefícios concedidos por meio dessa modalidade criminosa serão auditados e posteriormente cancelados. Já os beneficiários serão responsabilizados criminalmente e individualmente pela ação. A maioria dos envolvidos nem residia na zona rural ou nas colônias e nunca exerceu a profissão de pescador ou lavrador”, disse o delegado.
Dos 11 mandados de prisão cumpridos, quatro foram em São Luís, três em Paço do Lumiar e quatro (todos servidores do INSS) em São José de Ribamar.
A PF informou que os presos serão conduzidos para o Centro de Triagem em Pedrinhas logo após a tomada de depoimentos.
Eles serão responsabilizados pelos crimes de inserção de dados falsos em sistema de informação da Administração Pública, estelionato previdenciário e formação de quadrilha.
O atendimento nas agências do INSS visitadas pela PF hoje pela manhã foi prejudicado. Muita gente teve de voltar para casa sem ser atendida.
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