quarta-feira, 19 de outubro de 2011

´Brasil não corre risco de superinflação´





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Gianetti: O Brasil, atualmente, tem condição de crescer de forma sustentada, em torno de 3,5% ao ano 
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Ph.D em economia acredita em uma pressão inflacionária no próximo ano por conta do novo salário mínimo

A volta de um cenário nacional onde a inflação seja acentuada como no passado, mesmo diante da crise, foi descartada ontem, na análise do Ph.D em economia e professor integral do Institute of Education and Research (Insper), Eduardo Giannetti. Presente à programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, no Sebrae-CE, ele embasou a afirmação ressaltando o dinamismo adquirido pelo mercado interno nos últimos dez anos, "vem dando sustentação à economia brasileira".

"Eu acho que o Brasil tem hoje condição de crescer de forma sustentada, algo em torno de 3,5% ao ano, o que não é um número espetacular, mas também não é um desastre", declarou, ressaltando o papel da classe média, "que tem hoje acesso a crédito. Isso tem permitido ao Brasil suportar o efeito de uma crise financeira bem menos onerosa como era no passado".

Alerta para novo mínimo
No entanto, Giannetti alertou para a entrada do novo salário mínimo no ano que vem. Segundo ele, o impacto de 14,5% sobre a economia nacional irá proporcionar uma pressão nos preços, "levando a expectativa de inflação para cima do teto da média em 2012". Na avaliação do especialista, isto forçará o BC a promover mudanças na política de juros, aumentando a taxa.

´Território novo´
"Estamos em território novo. O Banco Central está testando um juro primário menor que o sistema de metas de inflação recomendaria e eu não descarto a possibilidade de a inflação voltar a acelerar no Brasil no primeiro semestre do ano que vem", endossou.

Mundo em marcha lenta
Já em relação aos maus momentos financeiros pelos quais passam os países europeus, os Estados Unidos e alguns outros mais, Giannetti disse acreditar que ainda "vamos ter dois anos de economia mundial em marcha lenta, principalmente, os países desenvolvidos". Esse cenário se desenha, segundo o professor, a partir da quebra do banco de investimento americano Lehman Brothers, o que representou - e tornou-se - ícone do estouro de uma bolha econômica criada ao longo dos últimos dez anos por conta da "expansão e do volume de papeis que representavam riqueza sem que esta riqueza realmente existisse". "Em 2008, essa bolha explodiu, e o mundo, de lá pra cá, está tentando lidar com as consequências dessa perda de valor financeiro que o setor privado não assumiu e o governo, no primeiro momento, fez um pacote de socorro e estatizou estes valores", afirma. Para Giannetti, "a crise continua porque há uma dúvida quanto à capacidade dos governos de honrar os compromissos que assumiram quando incorporam, nas suas dívidas públicas, as perdas que deveriam ter ocorrido no setor privado".

Perspectivas
Na avaliação do PhD, o desenlace dessas dúvidas pode desencadear dois novos cenários: um drástico, onde uma repetição de 2008 poderia levar os países para uma situação bem mais delicada; e um outro ameno, no qual ele diz acreditar. "Eu acho que o cenário mais provável é o de socorro financeiro renovado aos europeus, um eventual calote da Grécia - blindado por que não vai contaminar Itália e Espanha -, e o mundo permanecendo em marcha lenta", opinou.

China sob suspeita
Quanto aos impactos sobre a economia brasileira, Giannetti disse que isso se dará com mais ênfase caso a China seja afetada com a crise mundial. "Há hoje uma grande incerteza sobre os rumos da economia chinesa também. Se a China vier a sofrer um abalo maior, aí o mundo inteiro virá sentir as consequências e o Brasil especialmente", declarou.

FOCO SOCIAL
Sustentabilidade é saída para MPEs
Consequências da atuação no mercado devem ser foco do empresário e cliente, segundo palestrantes
Ministrando palestra sobre o conceito de sustentabilidade como exigência para o crescimento das empresas nacionais, Eduardo Giannetti foi enfático ao afirmar que, caso os empresários não se adequem às exigências que partem de diversos locais, desde os consumidores até os contratantes de serviços e bens, eles ficarão fora das cadeias produtivas.

"Nós precisamos pensar se as nossas práticas são sustentáveis no sentido que elas não minam a própria continuidade. Isso se coloca do ponto de vista financeiro, na gestão de recursos humanos e, especialmente, do ponto de vista ambiental", diz.

Há demanda
Como motivador dessa tomada de atitude dos micros e pequenos empresários, ele aposta numa "demanda muito grande" para as MPEs que se dedicarem à inovação e fornecimento para soluções ambientais, seja qual for o setor, desde que onerem menos o meio ambiente.

Para adequar-se ao cenário e desenvolver papel coerente com o conceito sustentabilidade, Giannetti estabelece como estratégia três passos a serem seguidos: estabelecer metas - "possuir uma antevisão"; uma estratégia - "caminho a ser seguido"; e implementação - "pautar nossas escolhas do dia a dia da nossa gestão pela estratégia definida pela antevisão".

Outro ponto mencionado pelo professor foi a atuação do poder público em parceria com a MPE para promover a capacitação desta a respeito do novo modus operandi a ser seguido. "Não há alternativa. A MPE que não estiver resolvida em relação à sua sustentabilidade não sobrevive, porque ela não vai atender essa exigência do seu grande cliente que é a grande empresa", voltou a ressaltar o especialista.

O novo consumidor
Na mesma perspectiva, o ex-deputado federal, Ciro Gomes, afirmou que o cenário atual favorece o fechamento precoce das MPEs e ainda propôs uma mudança na postura do consumidor brasileiro, onde este passe a se interessar pelo processo e o destino daquilo que ele compra no mercado.

"O novo consumidor, do futuro, fará três perguntas: quanto custa, por que a renda sempre será difícil; se isso é feito de uma forma amistosa com a natureza na sua origem e o destino do seu rejeito; e a terceira é a quem beneficia o meu ato de comprar e se estar socialmente correto", explicou.

Qualificação
Também presente ao último dia da Semana de Ciência e Tecnologia, o ex-diretor nacional do Sebrae e atual vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, palestrou sobre o tema "O desenvolvimento da MPE sobre o foco social", onde ressaltou o caráter do programa Empreendedor Individual como impulsionador do desenvolvimento e como chave na formalização da população brasileira em todas as regiões, com ênfase no Nordeste.

Em sua fala, além de contar como desenvolveu o projeto do Simples durante os anos de 1990, ressaltou a qualificação e o planejamento como principal estratégia para as pessoas que pretendem montar os seus negócios. (AOL)

ARMANDO DE OLIVEIRA LIMAREPÓRTER

Diário do Nordeste

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