A Polícia Civil realiza, na manhã desta sexta-feira, uma megaoperação em diversos pontos do estado para desarticular uma quadrilha suspeita de fraudes nos postos do Detran. Os agentes estão cumprindo 42 mandados de prisão e 64 de busca e apreensão em onze municípios e 37 bairros do estado. Ao todo, 21 auto-escolas estão envolvidas na fraude. As buscas também acontecem em algumas dependências do Detran, onde trabalhavam funcionários e prestadores de serviços envolvidos no esquema. A operação, batizada de Contramão, foi realizada por cerca 350 policiais civis, agentes da Corregedoria do Detran, da Corregedoria Geral Unificada (CGU) e membros do Ministério Público.
Durante a ação foram encontrados: Pedro Gama, que é o coordenador de exames do Detran e estava no Lins de Vasconcellos; Oséias Macedo da Luz, preso na diretoria de habilitação na sede do Detran; Ângela Maria de Azevedo do Vale, que atua no Detran de São Gonçalo; Paola de Cássia de Azevedo Rangel, que seria filha de Ângela; além de Suellen de Azevedo Rangel e Cássia de Azevedo Rangel, presas no bairro de Santa Catarina, em São Gonçalo. Os presos foram levados para a Academia da Polícia Civil (Acadepol), que funcionou como base de monitoramento da operação. Segundo a polícia, Ângela atuaria como "zangão", que é uma espécie de despachante não autorizado.
Já foram apreendidos materiais como CPUs, telefones celulares, anotações e cheques, além de R$ 145 mil em espécie. O delegado titular da DDEF, Gabriel Ferrando, afirmou que o material apreendido será usado para o aprofundamento das investigações.
"Esse material será usado para identificar pessoas que adquiriram a Carteira Nacional de Habilitação de maneira ilegal", disse em nota.
As investigações começaram em 2009, a partir de irregularidades constatadas pela Corregedoria do Detran, que passou as informações à Delegacia de Defraudações (DDEF). Segundo o subchefe operacional da Polícia Civil, Fernando Veloso, os criminosos cobravam de R$ 800 a R$ 4 mil para aprovarem os candidatos no exame de habilitação. Os valores cobrados dependiam do nível de exigência para a obtenção da CNH.
Várias horas de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça contribuíram para confirmar todas as suspeitas sobre o esquema fraudulento. Em média, 200 pessoas por mês se beneficiavam dos serviços dos fraudadores, o que significava um lucro anual estimado em R$ 10 milhões.
Os fraudadores ofereciam aos candidatos uma espécie de cardápio contendo várias formas de burlar o processo para a aquisição da CNH. Se o candidato não quisesse, por exemplo, participar das aulas teóricas, cuja presença é confirmada biometricamente, o candidato tinha a sua impressão digital formatada em silicone, o que o dispensava da presença nas aulas. Se o candidato não quisesse passar pelo exame psicotécnico, também poderia pagar um determinado valor. Até mesmo nas aulas práticas de direção, o candidato não precisa participar. Na hora do exame prático, os candidatos eram encaminhados para postos do Detran que participavam do esquema.
Da Agência O Globo
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