Ao assumir a Presidência da República, Lula trocou o cigarro pelas cigarrilhas |
Ex-presidente é surpreendido com diagnóstico de câncer na
laringe, mas reage com otimismo e esperança Fernando Granato e Jussara
Soares/Diário SP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa amanhã
um tratamento de quimio e radioterapia
para combater um câncer de laringe. O diagnóstico foi divulgado neste sábado
após uma série de exames realizados no Hospital Sírio-Libanês, na região
central da capital. O tumor maligno tem entre 2 e 3 centímetros de diâmetro e
está localizado próximo das cordas vocais, na parte superior da laringe
(supraglote). Segundo informações do hospital, estaria restrito à laringe, sem metástase, quando o tumor se espalha por
outras regiões. Este tipo de câncer tem
como principal causa o fumo e o uso de álcool e atinge principalmente homens.
Acompanhando pela mulher Marisa Letícia, Lula deixou o
hospital neste sábado, por volta das 20h, e foi para sua casa em São Bernardo
do Campo, na região do ABC. Ele se internou às 8h da manhã para a realização de
uma biópsia que vai apontar o tipo de tumor e a agressividade do câncer. O
resultado ainda não foi divulgado.
O tratamento, que começa nesta segunda-feira, deve durar no
máximo três meses. Serão três ciclos, com intervalos de 20 dias. Lula não
precisará ficar internado neste período e irá ao hospital só para receber a
medicação.
Sintomas / Há mais de duas semanas, Lula vinha apresentando
rouquidão e dores de garganta. Na quinta-feira, durante a comemoração de seu
aniversário de 66 anos, ele foi aconselhado pelo amigo e médico Roberto Kalil
Filho a ir ao hospital para fazer exames de imagem. Na sexta-feira, Lula fez
uma tomografia no pescoço que apontou o tumor.
O boletim médico foi divulgado às 11h pelo
Sírio-Libanês. A decisão de divulgar
imediatamente o diagnóstico foi do próprio Lula. Por isso, amigos foram pegos
de surpresa.
Segundo o médico gastroenterologista Raul Cutait, que faz
parte da equipe do Sírio-Libanês e é amigo pessoal do ex-presidente, Lula
reagiu ao resultado dos exames com serenidade. O médico disse ainda que Lula se
alimentou e seu estado de saúde no geral é bom.
O ex-presidente passou a maior parte do tempo com a mulher,
Marisa Letícia. Mas à tarde recebeu a visita do ministro da Fazenda, Guido
Mantega, que permaneceu por meia hora no hospital. Segundo o ministro, Lula
usava máscara de oxigênio e falava com dificuldade. “Estive no aniversário dele
na quinta-feira e todos pensavam que a rouquidão era porque ele fala muito e
vem participando de muitas palestras”, observou Mantega. Agora, a recomendação
dos médicos é para que o ex-presidente poupe a voz.
O médico que vai administrar as sessões de quimioterapia é o
oncologista Artur Katz. Após os três ciclos de medicamentos, Lula passará por
avaliação para saber se houve redução do tumor. Embora o câncer seja na
garganta, Lula não terá a fala atingida durante o tratamento. As doses deverão
causar a queda temporária de cabelos. Lula tinha viagens agendadas para o Rio
Grande do Sul, Estados Unidos, República Dominicana e Venezuela em
novembro. Os compromissos devem ser
adiados, segundo o amigo Paulo Okamoto.
Ex-presidente parou de fumar em 2010 depois de 50 anos
Após 50 anos de vício, Lula deixou de fumar no início de
2010, depois de ter uma crise hipertensiva.
Ao assumir a presidência, ele trocou o cigarro pelas cigarrilhas, mas
ainda assim continuou fumando bastante. Por dia, eram cerca de duas cartelas.
O ex-presidente, que nunca escondeu que gostava de beber
cachaça, tem o perfil da população mais atingida pelo câncer de laringe, cujas
vítimas são predominantemente homens.
De acordo o médico José Guilherme Vartanian, cirurgião
oncologista da região da cabeça e pescoço do Hospital do Câncer A.C. Camargo,
as chances de recuperação são próximas de 90% quando o câncer é diagnosticado
precocemente.
A cirurgia só é indicada como último recurso, pois pode
deixar sequelas graves para a fala e a deglutição de alimentos. “A radioterapia
e a quimioterapia são tratamentos que preservam o órgão.” Porém, o médico
acrescenta que dependendo da gravidade do tumor e as sessões da radioterapia
também podem deixar sequelas, ainda que mais brandas. “A radioterapia pode
causar enrijecimento do tecido da laringe. Além de atrapalhar a fala e a
deglutição, pode causar tosse, falta de ar e
pneumonia.”
O Brasil é o segundo país com mais casos de câncer de
laringe. E São Paulo tem uma das taxas mais altas do mundo. A média mundial é de 5 casos para
cada 100 mil homens. Enquanto que em São Paulo, a taxa chega a 15 ocorrências
por 100 mil. “A poluição ambiental
contribui para o câncer de laringe. Com
o perfil do ex-presidente não é raro ter
este tipo de câncer”, diz o médico.
Diagnóstico é dado 7 meses após morte de José Alencar
Lula recebeu o diagnóstico de câncer sete meses após a morte
de seu vice, José Alencar, pela mesma doença e dois anos depois de a presidente
Dilma Rousseff – então chefe da Casa Civil – ter sido considerada livre de um
linfoma. Lula acompanhou de perto o tratamento de ambos.
O caso de Dilma – câncer no sistema linfático – foi tornado
público em abril de 2009 quando, aos 61 anos, ela retirou um tumor de 2,5
centímetros da axila esquerda. Por causa das sessões de quimio e radioterapia,
ela perdeu o cabelo e chegou a usar peruca. Dilma também fez o tratamento no Hospital Sírio-Libanês. Em setembro de
2009, ela foi considerada curada.
Já José Alencar acabou vencido pela doença aos 79 anos, em
março deste ano, após uma batalha de 13 anos. A morte - por complicações de um
câncer de abdômen e falência múltipla dos órgãos – pegou de surpresa a tanto a
presidente Dilma quanto Lula, que estavam em Portugal.
http://www.redebomdia.com.br/noticia/detalhe/2556/Cancer+de+Lula+e+provocado+por+cigarro+e+bebida
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